quinta-feira, 18 de setembro de 2014

TEORIA - CENTRO ESPIRITA > ESCOLA ESPIRITUAL


Pois, anunciar o Evangelho não é para mim motivo de glória. É antes uma necessidade que se me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho! Se eu o fizesse por iniciativa minha, teria direito a uma recompensa. Mas, se o faço por imposição, trata-se de uma incumbência a mim confiada. Então, qual é a minha recompensa? Ela está no fato de eu anunciar o Evangelho gratuitamente, sem fazer uso do direito que o Evangelho me confere.”                                                                                                                                                                                    I Cor. 9:15 / 9:27                                                                                                                                                                                                            

Hoje, nossa apreciação se prende ao Centro Espírita. Embora, fisicamente, sua estrutura possa se resumir a algumas paredes, nossa imaginação não deve ficar circunscrito a elas, pois do lado espiritual existe a "construção" de uma energia mental que os desencarnados não podem atravessar, sem a devida autorização. Por isso muitos desencarnados julgam-se presos ou impedidos da livre circulação.
No dia a dia, as sessões espíritas bem orientadas nos proporcionam quatro espécies de assistência: a social, a intelectual, a moral e a religiosa. Assistência Social: tratando dos obsedados; esclarecendo os espíritos atrasados que gravitam na atmosfera de nosso planeta; e indicando aos enfermos a cura espiritual de seus males. Assistência Intelectual: pelos inúmeros problemas que apresentam, as sessões espíritas aguçam nossa curiosidade e nos obrigam ao estudo das grandes leis de relação entre o nosso plano e o dos espíritos, promovendo assim o desenvolvimento de nossa inteligência e aumentando nosso saber. Assistência Moral: As explicações da Moral Cristã e sua aplicação em nossa vida diária melhoram nosso comportamento e nos tornam cidadoas conscientes de nossos deveres e libertos de vícios. Assistência Religiosa: pelo lado religioso, as sessões espíritas nos ensinam o meio mais rápido e fácil de nos aproximarmos do Pai e a ele nos ligam pelos sentimentos que despertam em nosso íntimo.
As reuniões de estudo e de desenvolvimento de médiuns são utilíssimas: mostram-nos os diversos aspectos do mundo espiritual e a posição em que lá se encontra grande número de espíritos. Revelam-nos várias leis que regem os dois mundos: o espiritual e o material e a relação que há entre os dois planos da natureza universal. Permitem-nos também que empreguemos uma parcela de nossos esforços na melhoria espiritual de nosso planeta, dando-nos a sublime oportunidade de trabalharmos para o levantamento moral de nossos irmãos ignorantes.
Já uma reunião mediúnica perfeita seria aquela cujos membros, todos animados de um igual amor ao bem, trouxessem consigo apenas bons Espíritos; na falta de perfeição, a melhor seria aquela onde o bem superasse o mal. O recolhimento e a comunhão de pensamentos sendo as condições essenciais de toda reunião séria, compreende-se que um muito grande número de assistentes deve ser uma das mais contrárias causas da homogeneidade. Certamente não há limite absoluto a este número e concebe-se que  cem pessoas, suficientemente recolhidas e atentas, estarão em melhores condições do que dez que estiverem distraídas e barulhentas; mas é evidente também que quanto maior é o número , mais estas condições são difíceis de preencher. É, alias um fato provado pela experiência que os pequenos círculos íntimos são sempre mais favoráveis às boas condições e isto pelos motivos que desenvolvemos.
Em resumo, as condições do meio serão tanto melhores quando houver de mais homogeneidade para o bem, ou sejam: mais sentimentos puros e elevados,  mais desejo sincero de se instruir e sem segunda intenção.
Oportuno dizer que muitos grupos ao se reunirem constantemente em uma residência, constituem, conseqüentemente, um Centro Espírita domiciliar; isso pode parecer bom num primeiro momento. Todavia, por mais que os bons amigos invisíveis possam envolver a todos em uma atmosfera de elevação, nem sempre as próprias pessoas desejam se manter elevadas.
Além disso, quando as pessoas vão a um Centro Espírita, depois da reunião elas se afastam, mas os Espíritos necessitados que lá foram internados por algum motivo sério permanecem para a continuidade do tratamento. No entanto, quando o Centro Espírita se confunde com o lar físico das pessoas, tais Espíritos além de não encontrar um ambiente de neutralidade indispensável para a sua recuperação, mantem-se imantados aos médiuns, sensitivos e participantes da reunião; razão pela qual não é aconselhável fazer reuniões mediúnicas nos lares.
Esta situação poderá ocorrer por: 1) o favorecimento do intercâmbio atrairá para o ambiente da casa mais espíritos do que usualmente e nem todos serão equilibrados ou benévolos; 2) alguns deles poderão permanecer no ambiente mesmo depois de encerrada a reunião, por assim o desejarem ou por haverem ficado imantados fluidicamente; 3) nem todas as pessoas que ali residem estarão preparadas e vigilantes para receberem a influência mental e fluídica desses espíritos sem se perturbarem; 4) poderá haver graves problemas de desequilíbrio espiritual na família.
Diferente é o caso da reunião familiar destinada à oração singela e sincera: O Evangelho no Lar.
Um Centro Espírita é uma escola onde podemos aprender e ensinar, plantar o bem e recolher-lhe as graças, aprimorar-nos e aperfeiçoar os outros, na caminhada eterna. Têm como objetivo promover o estudo, a difusão e a prática da Doutrina Espírita, atendendo as pessoas que: a) buscam esclarecimento, orientação e amparo para seus problemas espirituais, morais e materiais; b) querem conhecer e estudar a Doutrina Espírita; c) querem trabalhar, colaborar e servir em qualquer área de ação que a prática espírita oferece.
Fundamentalmente, a Doutrina Espírita trafega por um tríplice aspecto: filosófico, científico e religioso. Assim, cada Centro Espírita estará mais envolvido com um desses aspectos, o que fundamentalmente favorece a quem procura inconscientemente uma acomodação de acordo com a sua afinidade e vivência no astral. Qualquer menção, forçosamente, envolverá suas atividades, seus colaboradores e suas mediunidades, sua assistência material e espiritual, os espíritos e suas generalidades. Nenhum de nós que serve, embora com a simples presença, a uma instituição dessa natureza, deve esquecer a dignidade do encargo recebido e a elevação do sacerdócio que nos cabe.
O ensejo de conhecer, iluminar, contribuir, criar e auxiliar, que um Centro Espírita nos faculta, procede invariavelmente de algum ato de amor ou de alguma sementeira de simpatia que nosso espírito, ainda não burilado, deixou à distância, no pretérito escuro que até agora não resgatamos de todo.
Kardec diz com muita propriedade na questão 685 de O Livro dos Espíritos: “(...) Esse elemento que é a educação, não a educação intelectual, mas a educação moral (...) que pode servir para enfrentar a crueldade e a imprevidência. Antigamente, por um bom período, foi considerado que educar era instruir. A educação, hoje tem abrangência maior – não é apenas instrução. Hoje, educar é instruir e criar hábitos, hábitos saudáveis, convenientemente moralizadores. A nós nos cabe essa tarefa da educação como primordial. As nossas reuniões são de educação moral, de educação espiritual, de criação de novos hábitos, qual o hábito da fraternidade, o hábito do perdão, que hoje é terapia. O perdão, durante muito tempo, foi uma proposta evangélica da teologia. Fazia parte das doutrinas e das virtudes teologais. Hoje, o perdão é terapêutico. Quem perdoa é saudável, quem não perdoa gera moléculas que agridem o sistema imunológico..
O Centro Espírita será o que dele fizerem os homens, seguidores da Doutrina, que precisam estar sempre atentos aos seus princípios. Ora, se no seio de vasta família humana encontramos homem dignos, íntegros, corretos, e também homens levianos, falsos, até mesmo perversos, é claro que a população espiritual não seria constituída de uma só modalidade de Espíritos. Tanto como entre os homens há aqueles que se esforçam por melhoria, e outros que se comprazem em suas maldades, o mesmo se dá no plano espiritual.
 A morte não significa passaporte para o céu, numa santificação obtida por favoritismo. Nem nos abre as portas para o conhecimento de todas as coisas. Importa a cada um trabalhar – e trabalhar muito – aqui e no além túmulo, em prol deste seu crescimento espiritual e moral
Poderíamos figurar o Centro Espírita como uma célula da grande Universidade do Espírito, cujo programa vai se ampliando sempre com novos conhecimentos.  
A gênese do Centro Espírita bem orientado, voltado ao bem, está na Espiritualidade Superior. Seus obreiros dedicados tomam compromissos devem servir, seja antes da reencarnação, seja no decorrer da vida carnal. Todos estão sujeitos a transvios e enganos leves ou sérios, sob as influências da materialidade da vida e de injunções espirituais de toda ordem.
 O Centro Espírita, por sua natureza, por suas finalidades e por seu desempenho, é sempre alvo das tentativas da espiritualidade inferior de desviá-lo de seu roteiro normal. Urge, portando, que não se descuide diante dos ataques constantes dos aborrecidos. A vigilância, tanto individual quanto coletiva, é dever de todos os trabalhadores do Centro.
Muitas são as literaturas sobre este apêndice, contudo acreditamos que a ilustração a seguir melhor particularizará o assunto: Abel, nobre Mentor Espiritual, no livro A Faxina, enfatiza ao aprendiz Marcelo,  estarem dezesseis Centros Espíritas catalogados na esfera espiritual para o programa assistencial na matéria. Afirmava à Marcelo ter novecentos necessitados inscritos par imediato socorro. Isto daria uma média de cinqüenta e sete assistidos por núcleo, com uma projeção estimada de aproximadamente sete assistências semanais; o que demandaria apenas oito semanas para realização do trabalho assistencial.
"Agora veja você, enfatiza Abel, quatro Centros estão nas mãos de falanges contrárias ao trabalho do bem. Através das obsessões diretas, os seus trabalhadores tornaram-se presas da vaidade e inviabilizam toda qualquer tarefa assistencial.
Dois Centros estão sob o comando do personalismo, são brigas freqüentes entres seus participantes, muito embora todos sustentem tais dissensões em nome da fraternidade e da sobrevivência do grupo e, neste momento, estão também inviáveis às nossas necessidades.
Três Centros Espíritas descuidaram-se totalmente do Evangelho de Jesus e vivem áridas disputas filosóficas e científicas que, apesar de terem muito valos nos processos do amadurecimento do pensamento de grupo não se enquadram no perfil de nossas necessidades, uma vez que para a finalidade a que nos propomos, precisamos de muito amor, e nenhuma fonte é mais pródiga em amor do que as reuniões de trato evangélico.
Quatro Centros estão plenamente aptos a assumirem os nossos programas e daí temos que contar com os recursos que possuímos, a tarefa que seria concluída numa média de oito semanas passa a ter a duração aproximada de trinta e três semanas.”
Parece até que foi ontem, mas depois de quase quatro décadas as palavras do nobre Mentor Roberto desperta em minha mente a necessidade da oração e da vigilância. Suas palavras soam forte em minha consciência: Se algo te atinge, suba mais alto!
Pode não ter feito tanto sentido naquela época, mas a literatura presente nos leva a uma profunda reflexão: “ O homem, consciente de seus deveres morais e verdadiramente honrado, não deve incubar em seu íntimo a víbora do ciúme e dos desejos impuros, pois, quem não a repele a tempo está pactuando com os adversários da própria alma.”                                                                                                    
Urge, portando, que não se descuide diante dos ataques constantes dos aborrecidos. A vigilância, tanto individual quanto coletiva, é dever de todos os trabalhadores do Centro.
“Foi por razões semelhantes que Jesus em Getsemani orou e vigiou por três vezes e recomendou: Vigiai e orai, para não cairdes em tentação, pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca.”       Mt. 26:41 

Fontes: – A Faxina – A Mediunidade Sem Lágrimas – A Verdade de Cada Um – Almas Crucificadas – Bíblia Sagrada - Despedindo-se da Terra – O Livro dos Médiuns – Reuniões Mediúnicas – Violetas na Janela – Web









terça-feira, 2 de setembro de 2014

TEORIA - OS ESPÍRITOS <> LE 23 - LE 88

OS ESPÍRITOS

23 – O que é o Espírito.
     – O princípio inteligente do universo.

88 – Os Espíritos têm uma forma determinada, limitada e constante?
     – Aos vossos olhos, não; aos nossos, sim. Eles são, se o quiserdes, uma flama, um clarão, ou uma centelha etérea.


A pauta de hoje nos sugere discorrer sobre um tema bastante simples. Muito estudado na doutrina, complexo pela sua amplidão, de traços obscuros e muito comentados. Falaremos do Espírito e de suas generalidades.
O tema Espírito refere-se especificamente aos seres incorpóreos que vivendo na espiritualidade são desprovidos do corpo material. Por oposição, a alma é o sopro divino dos que estão corporificados e vivem na matéria; é o que nos liga a Deus enquanto temos a benção do corpo físico.
O mundo espírita preexiste e sobrevive a tudo, sendo o principal na ordem das coisas. Poderíamos dizer que o mundo extra físico, o espaço, é infinito pela simples razão de ser impossível supor-lhe algum limite. Para podermos imaginar, dentro de nossas limitadas faculdades, o infinito do espaço, suponhamos que, partindo da Terra, perdida no meio do infinito, rumo a um ponto qualquer do Universo – e isto com a velocidade prodigiosa da faísca elétrica que percorre milhares de léguas por segundo (1) – apenas deixássemos este Planeta, depois de percorrer milhões de léguas, nos encontraremos num lugar de onde a Terra nos aparece apenas como pálida estrela. Um instante depois, seguindo sempre a mesma direção, chegamos às estrelas longínquas que mal são distinguidas da nossa posição terrestre; de lá, não somente a Terra está inteiramente perdida a nossos olhares nas profundezas do céu, como ainda o nosso próprio Sol, em seu esplendor, é eclipsado pela distância que dele nos separa. Sempre animados por aquela velocidade de relâmpago, transpomos esses sistemas de mundos, a cada passo que avançamos naquela extensão, ilhas de luz etérea, vias estelíferas ou estreladas, paragens suntuosas onde Deus semeou os mundos com a mesma profusão com que semeou as plantas nas campinas terrestres. Ora, há apenas alguns minutos que caminhamos e já centenas de milhões de milhões de léguas nos separam da Terra, milhares de mundos passaram por nossos olhos, e, no entanto, atentemos bem! Na realidade não avançamos um só passo no Universo. (2)
Foi nessa imensidão Universal que Jesus considerou haver as muitas moradas divina. Na teologia, o termo pode ser usado para significar o universo criado, não incluindo o Criador. Quando Jesus se referiu a Casa de meu Pai, foi,  a nosso ver,  a melhor das expressões referenciais ao Cosmo; quando no mesmo versículo (3) falou das muitas moradas, não se circunscreveu somente ao nosso sistema planetário. Assim, tanto a Terra como Mercúrio, Venus, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, localizados em nosso sistema Solar, são apenas dados aritméticos de um montante desconhecido do Universo Planetário.  Vale, aqui, a lembrança dos exilados de Capela, registrados por Emmanuel, pela psicografia de Francisco Candido Xavier, no livro A Caminho da Luz. Como ainda, em caráter especulativo, as imigrações de Júpiter e Outros Mundos, mencionados na Revista Espírita.
Durante o período em que o Espírito permanece desencarnado, estará agindo, reagindo ou interagindo no meio espiritual em que estiver localizado; estará na erraticidade (4) sofrendo ou gozando as conseqüências diretas e naturais das ações que tenha praticado em vida. Pelo estudo da situação dos Espíritos sabemos que a felicidade ou a desgraça na vida espiritual são inerentes ao grau de perfeição e de imperfeição; que cada um sofre as conseqüências diretas e naturais de suas obras.
A Lei alcança a todos, ninguém quebra a harmonia universal sem que lhe seja exigida a reparação, ninguém fica fora da devida retratação; mais dia menos dia nós mesmos nos enviamos ao tribunal da própria consciência, colocando-nos frente a frente às soberanas Leis de Deus. É isso mesmo, o livro que muitos dizem existir no dia do juízo é a nossa própria consciência, inscrito página por pagina, ou letra por letra, se o quiserem. Nesse tribunal, nos tornamos réu, advogado e juiz em causa própria. Partimos, então, decisivamente em nossa defesa, mas também somos a promotoria avançada a fazer a citação dos fatos vividos, sempre fundamentada nos processos movidos pela culpa, e destaca-se, também, em nós o juiz a reclamar o cumprimento da Lei inscrita pelos soberanos recursos divinos nos refolhos mais íntimos da consciência individualizada.
O ato de morrer não nos concede imunidade da consciência; pelo contrário, coloca-nos frente a frente com o ser despido de todo e qualquer privilégio. Por lá não existem máscaras ou o “jeitinho brasileiro”. Prisioneiros da nossa consciência somos atraídos para uma região com a qual se afine as nossas vibrações: Primeira: Trevas – Inferno <> Segunda: Purgatório – Umbral <> Terceira: Acima do Umbral – Postos Socorro <> Quarta: Colônias Socorrista <> Quinta: Céu <> Sexta: Morada Bons Espíritos <> Sétima: Morada Espíritos Elevados.
Uma ilustração bíblica que nos ocorre para melhor compreensão das faixas vibratórias é o sonho de Jacó. “Em sonho, viu uma escada apoiada no chão e com a outra ponta tocando o céu. Por ela subiam e desciam os anjos de Deus.” (5) 
Já do livro A Vida Além da Sepultura, de Ramatis, extraímos: “O nosso mundo – erraticidade ou mundo astral – é a reflexão do nosso próprio estado interior espiritual, não há dúvida; porém é ele que nos reflete e não nós que o refletimos exclusivamente. Não se trata, apenas, de uma criação mental introspectiva, mas de uma criação que se reproduz fenomênicamente no ambiente, como resultante positiva daquilo que criamos na intimidade do espírito. Podereis supô-la como um vivíssimo projetor cinematográfico a fixar na tela exterior do Astral a súmula dos nossos sonhos e desejos, os quais, por sua vez, se entrosam aos sonhos e desejos de outros companheiros”.
Jesus ao dizer a Pilatos “O meu reino não é deste mundo” (6) nos mostrou a necessidade de renunciarmos ao mundo das formas não com o mundo que habitamos, mas conosco mesmo!  De que forma poderemos alcançar a região dos Espíritos Elevados, onde “pensar é viver” se ainda, ao desencarnarmos,  permanecemos fortemente escravizados  às nossas próprias criações materiais? Normalmente, quando o cortejo fúnebre conduz o defunto para o sepultamento, seu espírito ainda se encontra terrivelmente embaraçado nos fios da teia que teceu e em que se prendeu, qual a mosca invigilante! Através do seu exagerado sentimentalismo, ainda esta preso vigorosamente à parentela consangüínea, saudoso dos amigos leais e desencantado com os seus desafetos; em sua mente angustiada desenha-se a figura do lar que havia composto e que tem de abandonar obrigatoriamente, onde se destacam as poltronas macias, os seus livros encadernados ao “gosto pessoal”, os seus trajes de padrões simpáticos, o jardim com as suas flores prediletas, o automóvel da marca e da linha preferidas, o futebol, o barco e o caniço tradicional da pesca moderna ou a churrasqueira de alvenaria em que fazia o churrasco!
Tudo lembra um panorama amigo, dócil e servil, que era um entretenimento tão agradável ao falecido: ele ainda estremece a lembrança da custosa mansão que edificara para “descansar na velhice”, do panorama da cidade natal com os rostos conhecidos e agradáveis, os ambientes de prosa e reuniões noturna, o riso farto e a sexy fascinação das conquistas!... Não havia se preparado para o mundo espiritual que lhe parecia inexistente, fantasmagórico e ingênuo; a forma ainda era o seu reino, a sua glória e o seu motivo de ser!
Paulo de Tarso, também chamado de apóstolo dos Gentios, mudou radicalmente o curso de sua vida. De sua reforma intima, disse aos Coríntios: “A mim tudo é permitido, mas nem tudo me convém”. (7) Os Romanos já costumavam dizer que “a toga de linho não faz o sacerdote de Isis” (8). Esse provérbio foi muito empregado na Idade Média. São Jerônimo precisa o sentido do provérbio dizendo: “Não é pelo hábito que se reconhece o monge, mas pela observação da regra e pela perfeição da sua vida”.
Da bíblia, em João, epistola I, capitulo IV: 1 vem o alerta: “Caríssimos, não acrediteis em todos os Espíritos, mas provai se os Espíritos são de Deus, porque são muitos os falsos profetas, que se levantaram no mundo.”
São João nos põe em guarda com esta advertência e o espiritismo nos oferece os meios de experimentação, ao indicar as características pelas quais se reconhecem os espíritos, características sempre morais e jamais materiais.
Do Livro dos Médiuns, no cap. XXIV e segts. podemos colher profundos ensinamentos sobre a distinção dos bons e dos maus espíritos, transitando pelas provas de identificação e do diálogo que podemos estabelecer com os seres incorpóreos. De inicio, neste parágrafo, uma rápida passagem pela identificação: a identidade absoluta é uma questão secundária e sem importância real; desde que o Espírito diz apenas boas coisas, pouco importa o nome sob o qual as deu. Segue-se, também que, qualquer que seja o nome sob o qual invocamos nosso anjo da guarda, ele virá ao chamado que lhe é feito, porque é atraído pelo pensamento e não pelo nome o qual lhe é indiferente.
Nas sessões de desobsessão, temos nos deparado com espíritos inteligentes e astutos que fundamenta e nos torna seguro estes dizeres do item 265: A inteligência está longe de ser um sinal certo de superioridade, porque a inteligência e a moral nem sempre caminham juntas. Um Espírito pode ser bom, benevolente e ter conhecimentos limitados, enquanto que um Espírito inteligente e instruído pode ser muito inferior em moralidade.
Para continuidade do tema versado, é do item 266 que extraímos o conselho dado pelo Espírito de São Luiz: “Qualquer que seja a confiança legítima que lhe inspiram os Espíritos que presidem a seus trabalhos, há uma recomendação que não nos cansaremos de repetir e que vocês deverão trazer sempre presente ao pensamento quando se entregam aos estudos, que é de pesar e meditar, que é de submeter ao controle do mais severo raciocínio todas as comunicações que receberem; de não se esquecer, desde que um ponto lhes pareça suspeito, duvidoso ou obscuro, de pedirem as explicações necessárias para se certificarem”.
O grau de superioridade ou de inferioridade dos Espíritos indica naturalmente o tom que convém manter com eles.  Podemos extrair os meios de reconhecer a qualidade dos Espíritos nos princípios seguintes, conforme  nos revela o item 267, a saber:
1)    Não há outro critério para reconhecer o valor dos Espíritos se não o bom senso
2)    Julgam-se os Espíritos pela sua linguagem e por suas ações.
3)    Admitindo-se que os bons Espíritos dizem e praticam somente o bem, tudo o que for mau não pode provir de um bom espírito;
4)    Os Espíritos superiores têm uma linguagem sempre digna, nobre, elevada, sem mescla de nenhuma trivialidade; falam tudo com simplicidade e modéstia.
5)    Não devemos julgar os Espíritos pela forma material e a correção do estilo, mas sondar-lhes os sentimentos íntimos, analisar suas palavras, pesá-las friamente, maduramente e sem prevenção;
6)    A linguagem dos Espíritos elevados é sempre idêntica, senão pela forma, ao menos pelo fundo. Não serão jamais contraditórias.
7)    Os bons Espíritos dizem apenas o que sabem; calam-se ou confessam sua ignorância sobre o que ao sabem.
8)    Reconhecemos ainda os Espíritos levianos pela facilidade com a qual predizem o futuro e precisam fatos materiais que não nos é dado conhecer. Os bons Espíritos podem fazer pressentir as coisas futuras, quando o conhecimento delas pode ser útil, porém jamais predizem as datas.
9)    Os Espíritos superiores se exprimem simplesmente, sem prolixidade; seu estilo é conciso, sem excluir a poesia das idéias e das expressões, cloro, inteligente para todos e não requer esforço para ser compreendido. Possuem a arte de dizer muito em poucas palavras;
10) Os bons espíritos jamais ordenam; não se impõem, aconselham e, se não são ouvidos, retiram-se. Os maus são imperiosos; dão ordens; querem ser obedecidos e fiam, apesar de tudo;
11) Os bons espíritos não elogiam; aprovam-nos quando fazemos o bem, mas sempre com reservas;
12) Oe Espíritos superiores estão acima das puerilidades da forma em tudo;
13) É preciso que desconfiemos dos nomes bizarros e ridículos que usam certos Espíritos que se querem impor a credulidade; seria totalmente absurdo tomar a sério estes nomes;
14) É preciso igualmente desconfiarmos dos Espíritos que se apresentam muito facilmente sob nomes venerados e não aceitarmos suas palavras senão com a maior reserva; é ai sobretudo que um controle severo é indispensável;
15) Os bons Espíritos são muito escrupulosos nos atos que aconselham; em todos os casos visam apenas um fim sério e eminentemente útil;
16) Reconhecemos também os bons Espíritos pela prudente reserva sobre todas as coisas que podem comprometer; repugna-lhes revelar o mal;
17) Os bons espíritos prescrevem apenas o bem. Toda máxima, todo conselho que não esteja estritamente conforme a pura caridade evangélica não pode ser obra de bons Espíritos;
18) Os bons espíritos jamais aconselham senão coisas perfeitamente racionais;
19) Os Espíritos maus ou simplesmente imperfeitos se traem ainda por sinais materiais com os quais não nos podemos  enganar; Sua ação sobre o médium é algumas vezes violenta e provoca nele movimentos bruscos e desordenados, uma agitação febril e convulsiva que se ações à calma e à doçura dos bons Espíritos;
20) Os Espíritos imperfeitos se aproveitam freqüentemente dos meios de comunicação dos quais dispõem para darem pérfidos conselhos; excitam a desconfiança e a animosidade contra quem lhes é antipático:
21) O Espírito dos homens que tiveram na terra uma preocupação única, material ou moral, se não se libertaram da influência da matéria, estão ainda sob o império das idéias terrenas e conservam uma parte de preconceitos, das predileções e mesmo as manias que tinham aqui;
22) Os conhecimentos com os quais alguns Espíritos se enfeitam freqüentemente com uma espécie de ostentação, não são um sinal de superioridade.
23) Não basta interrogar um Espírito para conhecermos a verdade, porque os Espíritos inferiores, eles próprios ignorantes, tratam com leviandade das questões mais sérias;
24) Da parte dos Espíritos superiores o gracejo é freqüentemente fino e espirituoso, jamais vulgar.
25) Estudando com cuidado o caráter dos Espíritos que se apresentam, sobretudo do ponto de vista moral, reconhecem-se sua natureza e o grau de confiança que se lhes pode atribuir. O bom senso não se enganará;
26) Para julgar os Espíritos, como para julgar os homens, é preciso primeiro sber julgar-se a si mesmo. Infelizmente há grande número de pessoas que tomam sua opinião pessoal por medida exclusiva do bom e do mau, do verdadeiro e do falso; tudo o que contradiz sua maneira de ver, suas idéias, o sistema que conceberam ou adotaram é errado a seus olhos.
Todas estas instruções decorrem da experiência e dos ensinamentos dados pelos Espíritos, mas de uma forma inconfundível vamos resumi-las aos dizeres de Jesus: (9) “Reconhece-se à árvore pelos seus frutos; uma boa árvore não pode dar maus frutos, e uma árvore má, não pode dar bons frutos”. Julgam-se os Espíritos pela qualidade de suas obras, como a árvore pela qualidade de seus frutos.

Fontes: ESE – LE – LM – A Bíblia – A Faxina – A Gênese –Revista Espírita – Web

(1)   – Légua: > equivalem a 4,828032 quilômetros.
(2)  Algumas revelações científicas espirituais foram atribuídas no livro espírita “A Gênese” a Galileu Galilei. Foi um físico, matemático, astrônomo e filósofo italiano que teve um papel preponderante na chamada revolução científica.0
(3)   – João 14:2
(4)  – Erraticidade: >é o estado de espíritos não encarnados, durante os intervalos das suas diversas vidas.
(5)  – Gen. 28:12
(6)  – João 18:36
(7)  – I Cor 6:12
(8)  – Isis: > foi uma deusa da mitologia egípcia, cuja adoração se estendeu por todas as partes do mundo greco-romano.
(9)  – Mateus 12:33