terça-feira, 6 de novembro de 2012

ACONTECEU <> LIBERDADE, ENFIM!


FALO DO QUE SEI, DO QUE VI E DO QUE FIZ

Dia 31 de outubro de 2012. Toca nosso celular e ao atendermos a chamada identificamos nossa confreira Débora do outro lado da linha. A ligação tinha um objetivo: nos informar que o Sr. Antonio,  pai da nossa irmã Cacilda, havia falecido.
Assim como o falecido pai, Cacilda  é moradora na cidade de Novo Horizonte, distante de Catanduva a m/m 60 kms. Nossos laços de amizade, de mais ou menos duas décadas, foi contruído pela identificação, afinidade e simpatia à doutrina kardecista. Juntamente com nossas irmãs Márcia e Maristela, é presença constante e participativa das nossas atividades no Centro.
O velório foi realizado em lugar próprio e contíguo ao cemitério. Pouco antes do sepultamento, a pedido da família e após rápida preleição, ao lado daqueles que honravam a memória do defunto, fizemos uma prece.
Ao tempo em que o cortejo seguia para o sepultamento, caminhavamos com  a Marcia,  ao lado de Cacilda.  Ao chegarmos na entrada do cemitério, lembrei-me de ali ter estado há mais de um lustro, em outro funeral. Andavamos sob uma pequena estrutura metálica que cobre aquele  passeio contra sol e chuva, quando, aproveitando da lembrança suscitada, fiz alusão à Márcia das constantes visitas que ela fazia aquele cemitério.
-Tenho estado muito ausente, responde ela. Já não o tenho feito com a mesma frequencia de antigamente..
- Qual a razão desta indiferença? Perguntei.
- Questão de bom senso, cautela, intranquilidade ... prudência, talvez!
A esta resposta, acrescentou uma menção: “Minhas orações eram bem ali naquela arvore, que um dia teria sido o centro deste cemitério. Por parecer mistico e as inspirações terem se acentuado”.
Enquanto a esquife do Sr. Antonio descia ao sepulcro, fiz uma visita espiritual ao local apontado por Marcia. Uma negra idosa e simpática me chamara a atenção dentre os espíritos presentes. Forte impulso me sugeriu lá estar de corpo e alma, juizo que me levou a percorrer mais ou menos 30 mts.,  por entre as sepulturas.
Uma vibração agradável nos convidava aprofundar na questão. O jazigo, modesto mausoleu, apresenta quatro pequenas escadas que convergem para uma detalhada campa. No lado espiritual, sobre a campa, vislumbramos um magnifico santuário que pareceu-nos envolver toda estrutura física. Comentando nossas impressões com os amigos que nos seguiram, procuramos maiores informações com seus guardiões espirituais.
O espírito da negra que nos chamara a atenção, apresentou-se como Irmã Luiza. Disse-nos ter em vida sido escrava e que naquele mausoleu constituiram um santuário como gratidão e homenagem aos seus Senhores. Ela e os demais eram eternamente agradecidos a família pela bondade que foram tratados na senzala quando encarnados. E que os cultos africanos, que eles perpetuaram além da vida, sem quaisquer vinculos com os cultos Afro-Brasileiros, visam apenas a disposição de assistência fraterna naquele cemitério.
Agradecidos, fizemos o caminho de volta e rumamos para a saída. Ao encentivarmos Márcia para a retomada dos exercícios vibratórios com aquela equipe, sentimos a companhia e a forte vibração de Irmã Luiza, presença esta que nos motivou a convidá-la em visitar-nos no Centro,  durante nossos trabalhos.  
No sábado, quando pautavamos pelo inicio e providências para as atividades, sentimos a presença da Irmã Luiza, tendo por companhia um negro de porte atletico e elegante, que dissera-nos chamar-se Nestor. Demos ciência a todos dos visitantes e pautamos a conversação com a entidade ao final dos trabalhos de desobsessão, caso fosse possível.
Curiosidade, expectativa ou indiscrição fez com que, no momento aprazado, tivessemos mais de trinta pessoas para uma possivel manifestação da Irmã Luiza.  Como muitos dos presentes sabiam poucos detalhes da ocorrencia, a bem de entendimento, fizemos rápido comentário da ocorrencia do velório.
Ao ensejo que nós  pediamos à Cacilda, médium sonambulica,  já comodamente instalada, que se dispusesse em condições para o intercâmbio e manifestação mediunica, Irmã Luiza mentalmente me pergunta: o que eu vou dizer?
- O que a Irmã quiser e julgar oportuno. Talvez surjam perguntas,  respondi.
O silêncio do auditório foi quebrado pelas saudações e cumprimentos que Irmã Luiza mediunicamente manifestava.
Marcia, sob nosso incentivo, faz a primeira pergunta.
As dúvidas que ainda tinha foram completamente dissipadas pela entidade, que amável e generosa disse-lhe o quanto sua participação vibratória era importante nos socorros feitos pelo grupo.
Palavra livre, nosso irmão Rubens, presidente do Centro Espirita Amor e Caridade,  da cidade de Olimpia, pergunta sobre as atividades  desenvolvidas por grupos socorristas nos cemitérios.
Novamente o carinho e a explicação da Irmã Luiza: a bondade de Deus nos socorre a todos. Somos todos necessitados. Os socorristas, necessitados do trabalho. Os assistidos, necessitados da bondade de Deus.
Como todos silenciaram, perguntei a Irmã Luiza o que achara da sua última encarnação, uma vez que os escravos  sofreram todos os tipos de suplicio e humilhação.
- No começo, me revoltei. Com o passar do tempo me resignei.
- A Irmã vê ou viu nesta situação uma provação? Perguntei.
- Sim
- Tem consciência do que possa ter motivado essa provação?
- Não
- A Irmã julga ter cumprido  essa provação?
- Espero que sim.
O diálogo prendia a atenção de todos. Reinava completo silêncio no auditório. Pensava em nova pergunta quando bondosamente os Mentores que nos assistem sugeriram que, caso fosse plausivel, ela poderia conhecer os motivos que a levaram ao cativeiro.
Eu não tinha dúvidas de que para ela seria uma surpresa, algo não esperado,  caso fosse o véu do seu passado levantado. Por isso, demos a ela a alternativa de conhecer ou não sua vida pregressa.
- Melhor eu não saber, responde taxativamente. Não sei se estou preparada.
Um dia, cedo ou tarde, você será novamente convidada a descobrir-se para a sua verdade, afirmamos. Mentores espirituais nos confirmam sua capacidade para essa ventura, mas, conquanto respeite sua vontade, com sua permissão, volto a perguntar: Você quer saber o que a levou à Senzala?
A expectativa era geral. Somente alguma respiração ouviamos!
Silêncio.
Se o Irmão está seguro das minhas possibilidades, eu concordo.
Eu estava convicto de que, para ela,  chegara a hora da verdade. Pela orientação dos Mentores não havia razão para postergá-la.
Pela faculdade de clarividência, notei que a espiritualidade dotara o ambiente de um grande painel plasmático. Ao tempo em que desdobrado o vislumbrava, pedi a Irmã Luiza o mesmo procedimento.
Uma jovem aparentando menos de 30 anos, vestida ricamente, cabelos castanho cacheados, dando-nos a impressão aristocrática e de ter vivido em fins no século XVI ou começo do século XVII retratava-se na tela. Segundo os Mentores: Princesa Vitória.
A ponta do veu fora descortinada e Irmã Luiza se reconhece na tela. Entristecida, supera a emoção e nos caracteriza a personagem: Princesa Vitoria, sim, fora uma princesa de hábitos pouco saudáveis. Dada aos prazeres sensuais e materiais, egoista, arrogante e vaidosa.
Silêncio
Diligentemente, mudamos o teor do diálogo.
- Como a Irmã vê agora sua provação como escrava?
- Justa, muito justa.
- Baseando-se na Lei de Ação e Reação, como a Irmã vê a justiça Divina.?
- Justa. Muito justa, como disse. Digo até que pelo que fiz como Princesa ela foi amena. Acho até que não consegui ressarcir ao tribunal Divino todos os meus pecados.
- E agora, o que a Irmã espera da bondade de Deus?
- Espero que Deus possa permitir que eu faça aos outros o que não fiz quando tive condições e poder.
- O que mais  Você pediria a Deus?
- Pedir nada, agradecer muito.
- Deixo à Irmã a oportunidade de nos dizer o que ainda queira e que, ao finalizar suas considerações, fizesse a prece de encerramento desta reunião. Antes, porém, agradecemos e patenteamos nosso carinhoso e fraternal abraço à Irmã e ao seu nobre acompanhante, pela visita.
- Agradecendo-vos pela oportunidade, vos  asseguro que a simplicidade me proporcionou o meio de reparar os erros da nobreza. Manterei a imagem desta minha última encanarção em razão de ter ela me proporcionado um crescimento espiritual e um enorme aprendizado. Peço a Deus por todos vós e sei que doravante não nos faltara o empenho generoso de Jesus para continuarmos, mais consciente, os nossos afazeres. Fiquem com Deus.