segunda-feira, 27 de outubro de 2014

DEUS E O INFINITO

    I - DEUS E O INFINITO
1 – Que é Deus?

Deus  é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas.

·         O primeiro desafio que temos a enfrentar quando ousamos entender Deus, é o da limitação. É do senso lógico que o limitado não abrange o ilimitado. A parte não absorve o todo. O relativo não se sobrepõe ao absoluto, nem o finito descreve com plenitude o infinito.
Alguém pode pensar simploriamente que uma gota do oceano seja capaz de lhe desvendar os mistérios. Concordamos em parte que sim. A essência, os elementos químicos formadores de suas moléculas, algumas formas de vida nela existentes, as transformações relativas aos fenômenos físico-químicos poderiam fornecer pálida idéia do conjunto formado pelo oceano.
Mas daí a aventurar-se a mar alto confiado nessas informações, é candidatar-se a decepções e desenganos frustrantes. Descobriria de imediato o navegante, os inumeráveis pluricelulares marinhos, as formas de vida exuberantes que lhe ultrapassariam em centenas de vezes o peso e o tamanho; os abismos obscuros; as correntes indomáveis; as tormentas bruscas; os segredos que esperam os heróis incansáveis para a pesquisa e o trabalho fecundos. Deus, em nosso estágio de entendimento, tem a grandeza que a nossa inferioridade permite ver. Nos O olhamos com os olhos de catarata. À proporção em que nossa ciência e sabedoria atuarem como bisturi da ignorância que nos torna cegos, nossos cristalinos terá menos opacidade, permitindo que os raios de luz da verdade, em sucessivas raspagens reencarnatórias nos permitam ver-Lo, como sentenciou o espírito de Verdade.  
Claro está que jamais o veremos circunscrito a um local específico, nem conseguiremos descrevê-lo em dimensões e formas. Nós o entenderemos relativamente e com Ele nos identificaremos em essência e destinação.
Dizem alguns tolos cujo orgulho lhes põe cera aos ouvidos e venda aos olhos: se Deus existe, prove-o!
É o segundo desafio. O da demonstrabilidade. Poderíamos dizer-lhes o mesmo, utilizando de sua ótica retorcida. Se Ele não existe, prove-o!
No entanto, seria gastar tempo e energia, fazendo-nos de mestres que não somos, quando para tais alunos o mestre tem muitos nomes: frustração, vazio, desengano, dor, e no final do curso, aceitação.
Podemos, no entanto, lembrar a quem de interesse sadio se arme, que o sentimento e a certeza da existência de Deus são universais. Da crença mais bizarra nos Espíritos primitivos até a intelectualidade mesmo fria, Deus é a razão, lei, Criador do Universo. (1)
Quando em vez alguém tenta negar a existência do ser supremo ou deixa-lo ausente das construções universais. Tal foi a infeliz conclusão de Nietzsche, filósofo alemão,  ao afirmar a morte de Deus, e a singular resposta de Pierre de Laplace a Napoleão Bonaparte, quando este lhe interrogou sobre a obra do importante matemático, intitulada “Mecânica Celeste”: Escrevestes este enorme livro sobre o sistema do mundo sem mencionar uma só vez o autor do universo? Perguntou Napoleão. E Laplace respondeu com mais respeito ao imperador que a Deus: Senhor, não senti necessidade dessa hipótese.
Trinta anos após a morte de Laplace, sai na Europa “O Livro dos Espíritos” cuja pergunta número um é: Que é Deus? Essa pergunta abriu de vez as portas do além para a Humanidade. E a sua resposta (“Inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas”) deixou claro que as portas do céu estão abertas para quem as queira conquistar através da caridade.
Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo” falam os Espíritos superiores, que nos mundos mais atrasados onde a força bruta é a lei, no fundo tenebroso das inteligências de seus habitantes encontra-se latente a vaga intuição de um ser supremo, mais ou menos desenvolvida.
Pela observação e questionamento de si e do universo, o Espírito terá milhões de provas materiais e filosóficas de uma ordem mantenedora, de uma harmônica diretriz que a tudo impulsiona rumo à perfeição. Todas as equações e fórmulas científicas do nosso mundículo atestam a existência de Deus. Igualmente, vasculhando o mundo íntimo, repositório de dores e conquistas, encontramos a ação de Deus em cada segundo vivido. Imersos estamos em Deus, mas nem todos partilham de igual visão. 
Os racionalistas, tomando a razão como via natural do conhecimento, só aceitam Deus racionalmente. Muito bem! Eles estão satisfeitos com a sua meia verdade. Os que defendem a supremacia da fé, entendem que jamais o Espírito encontraria Deus pela razão, pois só na fé existem condições indispensáveis para o desabrochar da luz espiritual. Esses estão crentes na sua meia verdade.
Convivendo com ambos, os vinculados ao plano das emoções rejeitam a razão e optam pelo sentimento, afirmando: Deus não pode ser racionalizado, apenas sentido. Esses estão acomodados em sua meia verdade. Se Deus está em tudo, todos os caminhos deságuam em sua plenitude. Juntando as meias verdades teremos uma meia verdade aproximada de Deus, ainda de acordo com o nosso estágio de semi-analfabetos da ciência espírita.
Objetivistas e subjetivistas em suas buscas filosóficas enquanto sadias, ampliarão a cada dia o pensamento sobre Deus, até que descubram que ambos estão corretos e incompletos. O problema existe a atuação da mente e a melodia do coração.
Apreende-se desse fato que todos possuem argumentos na busca do conhecimento teológico. Só aquele que procura negar a existência de um ser superior é que não os possui. E se julga detê-los, eis a lógica inflexível que os devora, deixando-o aturdido frente à sua imaturidade espiritual.
Deus nesta obra será tratado como causa primeira de todas as coisas, o que pode criar a substância e a essência, cabendo ao Espírito, manejar, planejar, direcionar, auxiliar, supervisionar, mas nunca a decidir em grau maior, de vez que as leis divinas já incluem a decisão em seu âmago. O Espírito decide através do seu livre-arbítrio em questões menores, pois em última instância prevalecem as leis divinas, dotadas de determinismo inexorável a culminar na sabedoria, beleza, justiça ...
Os Espíritos agem portanto sob o comando de uma diretriz já delineada, cujo fatalismo é sentido obrigatório. À  proporção em que escapam da faixa grosseira da ignorância e adentram na sutileza das emoções sublimadas mais corroboram com esse determinismo.
Se quisermos entender um pouco da grandiosidade de Deus, procuremos entender e conhecer a nós mesmos, criados à Sua semelhança, e estimemos o que é, e do que será capaz o poder amoroso de Deus.
Sem contaminar a palavra de hoje tão vulgarizada e tomada como representação de sentimentos e atitudes até mesquinhas, diria que Deus é fonte inesgotável de amor. A fonte que move e sustenta e bipartição  de um simples protozoário e a estabilidade das imensas galáxias bordadas de bilhões de sóis. Por esse motivo não pune, não castiga, não é guerreiro, não obriga, não distribui chagas ou medalhas para nenhuma de suas criaturas. 
Como energia criadora criou a lei, e como ninguém é forte fora da lei, ausentando-se dela, a ela retorna por absoluta falta de opção. A vida não deixa outra alternativa. É seguir a Deus ou sofrer. E como ninguém se adapta à dor, embora muitos com ela convivam por largos anos, acaba cedendo ao chamamento do amor, após a lapidação imposta por esse mestre tão enérgico, mas tão solicitado no mundo atual, qual seja, o sofrimento.
É um conforto saber da existência de Deus e ter a segurança de que não somos órfãos em tão extenso universo.

(1)  Uma curiosidade sobre a palavra Universo: teria se originado do latim “unum versum”, direção única, que é o que observamos todos os dias e noites, os astros nascendo no leste e se pondo no oeste.

·         Foi a ignorância do princípio do infinito das perfeições de Deus que gerou o politeísmo, (2)  culto de todos os povos primitivos. Atribuíam a divindade a qualquer poder que lhes parecesse estar acima da humanidade..

(2)   POLITEÍSMO = (do gr. polus, vários e théos, Deus). Religião que admite vários deuses

·         A mitologia considerava os Espíritos como divindades; representava-os como deuses, cada qual com sua atribuição especial. Uns eram encarregados dos ventos, outros do raio, outros de presidir os fenômenos da vegetação. Mais tarde, a razão levou-os a confundir aqueles diversos poderes em um único. Depois, à medida que os homens compreenderam a essência dos atributos divinos, retiraram de seus símbolos as crenças que negavam suas faculdades. Hoje sabemos que essas concepções têm sua razão de ser; em certo sentido, até os fenômenos geológicos são presididos por Espíritos Superiores.

·         Entre os povos antigos a palavra deus encerrava a idéia de poder; para eles todo poder superior ou vulgar era um deus; os próprios homens que tinham feito grandes coisas para eles se tornavam deuses. Manifestando-se por efeitos que aos olhos deles parecia serem sobrenatural, os Espíritos eram tantas divindades, que impossível se torna não reconhecermos os Espíritos familiares, os nossos gênios tutelares.
O conhecimento das manifestações espíritas é pois a fonte do politeísmo; porém desde a mais alta antiguidade os homens esclarecidos tinham julgado seus pretensos deuses por seu justo valor e neles reconhecidas criaturas de um Deus Supremo, soberano senhor do mundo. O Cristianismo, conformando a doutrina da unidade de Deus e esclarecendo os homens pela sublime moral evangélica, marcou uma nova era no caminhar progressivo da humanidade, os homens lhes tem chamado gênios e fadas em lugar de deuses. 

·   Assim, correspondendo à assimilação progressiva humana, Deus primeiramente foi objeto de especial veneração  pelos homens primitivos através dos fenômenos principais da Natureza, como o trovão, a chuva, o vento, o mar e o Sol!. Em seguida evoluíram para a figura dos múltiplos deusinhos do culto pagão. Mais tarde, as pequenas divindades fundiram-se, convergindo para a idéia unitária de Deus.  Na Índia, honrava-se Brahma, e Osíris, no Egito; e Júpiter na Olímpia; enquanto os Druidas, no seu culto à Natureza, cultuavam também uma só unidade! Moises expressa em Jeová a unidade de Deus, embora ainda o fizesse bastante humanizado e temperamental, pois todos os sentimentos e emoções dos hebreus, no culto religioso, fundiam-se com as próprias atividades do mundo profano! Com o aparecimento de Jesus, a mesma idéia unitária de Deus evoluiu então para um Pai transbordante de Amor e Sabedoria, que pontificava acima das versões irracionais humanas, embora os homens ainda o considerassem um doador de “graças” para os seus simpatizantes e um juiz rigoroso, severo,  para os seus contrários.

·         O Livro dos Espíritos ressalta, desde as suas primeiras páginas, a sua natureza religiosa. Como já vimos, Kardec o inicia pela definição de Deus. Mas o Deus espírita não é descrito ou concebido sob uma forma humana ou com atributos humanos,  não é um ser constituído à imagem e semelhança do homem, como o das religiões. A definição espírita é incisiva: “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”.  É eterno, imutável, imaterial, único, todo-poderoso, soberanamente justo e bom, infinito nas perfeições.
Para Espinosa – filósofo holandês; o seu sistema é também a forma mais rigorosa do panteísmo – Deus é a substância infinita. Para Kardec é a inteligência infinita. Mas assim como erraram os que confundiram a substância espinosiana com o Universo, assim também se enganam os que confundem a inteligência infinita com o homem finito, e a religião espírita com os formalismos religiosos.

·     Definições Filosóficas:
<> de Platão: Deus é o começo, o meio e o fim de todas as coisas. Ele é a mente ou razão suprema; a causa eficiente de todas as coisas; eterno, imutável, onisciente, onipotente; tudo permeia e tudo controla; é justo, santo, sábio e bom; o absolutamente perfeito, o começo de toda a verdade, a fonte de toda a lei e justiça, a origem de toda a ordem e beleza e, especialmente, a causa de todo o bem.
<> Cristã do Breve Catecismo: Deus é um Espírito, infinito, eterno e imutável em Seu Ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade.
v  Definição Combinada: Deus é um espírito infinito e perfeito em quem todas as coisas tem sua origem, conservação e conclusão. (Ne.9:6; Ap.l:8; Is.48:12; Ap.1:17). 

·   Definições Religiosas:
<> Bíblicas:  As expressões "Deus é Espírito" (Jo.4:24) e "Deus é Luz” (I Jo.1:5), são expressões da natureza     essencial de Deus, enquanto que  "Deus é amor" (I Jo.4:7) é expressão de Sua personalidade. (I Tm.6:16)
<> A divindade principal dos hebreus, que o era também para os gregos: Eloim (Elohim). Significa: Ele, o Deus dos deuses.
<> O apóstolo João parece resumir tudo num só versículo (Ap.8.1:): “Eu sou o Alfa e o Omega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que vem, o Dominador.” – Alfa e Omega – a primeira e a última letra do alfabeto grego – indicam que Deus é o princípio e o fim de todas as coisas.

·         Sendo Deus o pivô de todas as crenças religiosas, o fim de todos os cultos, o caráter de todas as religiões é conforme a idéia que fazem de Deus. As religiões que dele fazem um Deus vingativo e cruel crêem honrá-lo  por atos de crueldade, pelas fogueiras e pelas torturas; as que dele fazem um Deus parcial e ciumento, são intolerantes; são mais ou menos meticulosas na forma, conforme o crêem mais ou menos manchado pelas fraquezas e mesquinharias humanas.

·         Tais idéias expressam-se de acordo com a psicologia, o sentimento e a cultura de cada povo. Osíris, no Egito, inspirou o culto da morte, enquanto Brahma, na Índia, recebia homenagens fabulosas como a primeira da Trindade divina do credo hindu. Mas, também havia Moloc, a exigir o sacrifício de tenras crianças, e, finalmente, Jeová, entre o hebreu, louvado com o holocausto de animais e aves, além de valiosos presentes dos seus devotos. Mais tarde, o Catolicismo definiu-se pela idéia do Criador na figura de um velhinho de barbas brancas, responsável pela criação do mundo em seis dias, pontificando dos céus, atrás das nuvens, mas ainda sensível à oferenda de velas, flores, incenso, relíquias e auxílios necessários à manutenção do serviço divino no mundo terreno. Atualmente a doutrina espírita ensina que “Deus é a Inteligência Suprema, a causa primária de todas as cousas”, descentralizando a Divindade e não  sugerindo traços por associações de idéias, cuja figura lembra o homem,  para ser entendida animando todos os acontecimentos da Vida. Quando a Bíblia fala do olho, do ouvido, da mão de Deus, etc., fala metaforicamente. A isto se dá o nome de antropomorfismo. (3) 
Não há dúvida; já é bem grande a diferença entre a concepção espírita e os deuses mitológicos, que presidiam os fenômenos da Natureza ou se imiscuíam na vida dos seus devotos; no entanto, ainda existe diversidade da própria fórmula espiritista, em confronto com outras explicações iniciáticas do ocultismo oriental. Em verdade, essa idéia da pluralidade divina foi-se atenuando com a própria evolução do homem na esfera da Filosofia e no campo da Ciência; porém, se isto lhe facultou maior assimilação da Realidade do Criador, aumentou-lhe, no entanto, a sua responsabilidade espiritual.
Todavia, o mais importante não reside, propriamente nas convicções da crença de cada um, na caminhada da sua evolução mental e espiritual, mas no seu comportamento humano, quando o homem atinge um discernimento mais exato e real quanto às suas responsabilidade e à forma de se conduzir perante o Deus único, cuja Lei Divina abençoa os que praticam o Bem e condena os que praticam o Mal. Os homens mais se aproximam da Realidade à medida que também se libertam das crenças, pois estas, quer sejam políticas, nacionais ou religiosas, separam os homens e os deixam intolerantes, tanto quanto discutem calorosamente os torcedores pelo demasiado apego a uma determinada associação desportiva.

(3)   Trata-se de antropomorfismo, ou seja: forma de pensamento que atribui a Deus comportamentos e pensamentos característicos do ser humano

·          A harmonia do universo é o testemunho de uma sabedoria, de um cuidado e de uma previdência, que ultrapassam todas as faculdades humanas. O nome de um Ser soberanamente grande e sábio, está gravado em todas as obras da criação, desde a radiculada ervinha, desde o mais pequeno inseto, até aos astros que circulam no espaço. Em toda a parte vemos a prova de uma solicitude paternal. Cego será quem não O reconhecer em suas obras, orgulhoso o que  não O glorificar e ingrato o que à Ele não render graças.

2 – Que se deve entender por Infinito?

O que não tem começo e nem fim; o desconhecido; tudo o que é desconhecido é infinito.

      Na busca de amplificação, de parâmetros ou diferentes definições, e mesmo de algo que possa melhor  valer  para um bom juízo sobre o que se deve entender por infinito,  intentamos nossa pesquisa.
      Os espíritos se referem ao Universo. Por isso,   conquanto tudo quanto nele conhecemos tem começo e tem fim; tudo quanto não conhecemos se perde no infinito, é oportuno, sugestivamente,  que sua observância seja focalizada pelo prisma de algumas ciências; conseqüentemente, teremos múltiplos aspectos para o tema.
      Não temos pretensão em divergir da resposta dos espíritos, mas de ressaltar seu caráter religioso. A rigor somos partidários desse posicionamento. Assim, escusamo-nos em  sugerir ao leitor que a consideração dos espíritos esteja acima de quaisquer outros conceitos que possam lhes insurgir ao final das nossas considerações.

·         Na Idade Média, inúmeras abordagens foram feitas em relação à natureza do infinito. Mas todas elas  incapazes de produzir o efeito pretendido. Os pensamentos, proposições ou argumentos que contrariava os princípios básicos e gerais relacionados com o infinito, tornaram-se famosos na Grécia.  Aristóteles, por exemplo, fez várias considerações a respeito que foram utilizadas para grandes especulações metafísicas (1) sobre a natureza do infinito.

(1) Estudo filosófico dos princípios e das causas das coisas.

·         Na Gênese, Kardec deixa o campo exclusivamente doutrinário para a faixa de relações da Ciência com as demais Ciências,  revelando de maneira prática as contribuições do Espiritismo para o desenvolvimento da nossa cultura. Neste livro, no tema Diversidade dos Mundos, do capítulo VI, os Espíritos falam das regiões imensas do Espaço. Na pergunta 58, na excursão com os Espíritos,   o médium, no estado de alma emancipada, provavelmente,  sob o efeito do desdobramento ou sonambulismo, visita regiões imensas do Espaço. Debaixo de suas vistas, os sóis sucederam aos sóis, os sistemas aos sistemas, as nebulosas às nebulosas, tendo o panorama esplêndido da harmonia dos Cosmos desenrolado-se ante  seus “passos”, ao que, conseqüentemente, experimentou um sentimento aprazível da idéia do Infinito. 

·   A consciência espiritual do homem, à medida que cresce esfericamente, funde os limites do tempo e do espaço, para atuar noutras dimensões indescritíveis; abrange, então, cada vez mais, a magnificência real do Universo em si mesma, e se transforma em Mago a criar outras consciências, menores em sua própria Consciência Sideral.
A criatura humana, que vive adstrita ao simbolismo de tempo e espaço, precisa de ponto de apoio para firmar sua mente e compreender algo da criação cósmica e da existência de Deus.

·         Do ponto de vista matemático, Infinito é aquilo que não possui fim.
Assim, os números naturais são um exemplo de um conjunto infinito, ou seja, que não tem fim, não acaba nunca. O símbolo do infinito (um "oito deitado") representa esta idéia de algo a que nunca se chega.
Em 1851 foi publicado, em língua alemã, um pequeno livro intitulado “Paradoxos do infinito” de autoria de Bernard Bolzano. A publicação foi feita três anos depois de sua morte e trata-se de uma nova e original maneira de abordar o conceito de infinito. Conceito esse que trás consigo inúmeros paradoxos como veremos.
O primitivo infinito que nos deparamos tem sua origem no nosso princípio da contagem; todos nós contamos e ordenamos; um, dois, três..., o primeiro, o segundo..., e a noção de cardinalidade (quantidade) se confunde com a noção de ordinal. Apesar de não experimentarmos o infinito, podemos discerni-lo, pois ao contar, percebemos através do discernimento, que podemos sempre acrescentar mais um. Essa é a primeira noção de infinito, o infinitamente grande. Quando no século XVII Pascal exclama: “o silêncio desses espaços infinitos me apavora”, nos mostra a crise provocada pelo renascimento ao contrapor um espaço infinito à cosmologia finita de Aristóteles.

·            Segundo a astronomia,  Infinito é o que não possui fronteiras ou limites.
      Essa definição indica que o Universo pode ser uma "ilha" de galáxias em um ponto desse universo e além dessas galáxias não existiria mais nada. Nessa concepção a eternidade se aplicaria apenas ao espaço-tempo.
     Alberto Einstein, físico alemão naturalizado americano, o maior sábio contemporâneo,  mostrou que o espaço e o tempo são intercambiáveis e pertencem à mesma estrutura. Todavia, a estrutura espaço-tempo, como um todo, não varia, não é relativa, por isso o próprio Einstein quis mudar o nome da teoria da relatividade para teoria da invariância, mas não conseguiu. 
     Pelo prisma da física,  Infinito é aquilo cujas fronteiras ou limites são inatingíveis.
   Essa talvez seja a melhor forma de explicar o infinito do ponto de vista físico. Nessa concepção o Universo poderia ter um princípio e existirem limites. Porém não existem meios físicos de se atingir esses limites, porque quanto mais tentamos nos aproximar da fronteira, mais a fronteira se afasta de nós. Não que essa fronteira fuja de nós, mas se considerarmos que essa fronteira esteja se expandindo na velocidade da luz (ou próxima dela), teríamos de acelerar para atingir essa fronteira mas, ao acelerarmos, o espaço entre nós e a fronteira se dilataria pois, na verdade, estaremos reduzindo a velocidade em relação a essa fronteira. Para essa definição, o universo pode ser infinito.
·  
·          Sustenta a ótica religiosa que Infinito é aquilo que se desconhece o fim.
Esta é a definição de infinito que obedece aos preceitos religiosos (a dizer que o poder de Deus é infinito, é porque não se conhece nenhum limite). Nessa definição, o universo é infinito porque não conhecemos o fim.
Se o universo não é infinito ou se ele possui uma fronteira, a sua questão é o que existe depois dele. Com certeza deve existir algo, mas está muito além da nossa compreensão, pois nós vivemos em um universo tetradimensional e só temos condições de descrever algo em termos de espaço e tempo. Aquilo que está além do universo possui outras dimensões que nós nem fazemos idéia do que sejam. 

3 – Poder-se-ia dizer que Deus é infinito?

Definição incompleta. Pobreza da linguagem dos homens, que é insuficiente para definir as coisas que estão acima de sua inteligência.

Kardec considera:  “Deus é infinito em suas perfeições, mas o infinito é uma abstração. Dizer que Deus é Infinito é tomar o atributo pela própria coisa, e definir uma coisa que não é conhecida, por uma coisa que também não o é.”

·         No seu atual estado de inferioridade, os homens dificilmente podem compreender que Deus seja infinito; por serem restritos e limitados imaginam-nO restrito e limitado como eles próprios. Representam-nO como um ser circunscrito e fazem dEle uma imagem semelhante à sua. As representações que dEle fazemos com traços humanos não pouco contribuem para manter esse erro no espírito das massas, que nEle adoram mais a forma que a idéia. É para a maioria um soberano poderoso, em um trono inacessível, perdido na imensidade dos céus e, por possuírem faculdades e percepções limitadas, não compreendem que Deus possa ou ouse intervir diretamente nas pequenas coisas.

·      Deus, sendo Espírito, é incorpóreo, invisível, sem substância material, sem partes ou paixões físicas e, portanto, é livre de todas as limitações temporais (II Co.3:17).

·         Deus é infinitamente perfeito. É impossível conceber Deus sem o infinito das perfeições, sem o que Ele não seria Deus, pois poderíamos sempre conceber um ser que possuísse o atributo que lhe faltasse. Para que nenhum ente o possa ultrapassar, importa que Ele seja infinito em tudo.
Os atributos de Deus, por serem infinitos, não são suscetíveis nem de aumento nem de diminuição, pois deixariam de ser infinitos e Deus não seria perfeito. Se tirássemos a menor parcela que fosse de um só de seus atributos, já não teríamos mais Deus, visto que seria possível existir um ser mais perfeito que Ele.

·          A perfeição é o atributo pelo qual Deus é isento de toda e qualquer limitação em seu Ser e em seus atributos (Mt.5:48). A infinidade de Deus se contrasta com o mundo finito em sua relação tempo-espaço.

·          Se houvermos compreendido bem a relação, ou antes, a oposição entre a eternidade e o tempo, se nos tivermos familiarizado com esta idéia – que o tempo não é senão uma medida relativa da sucessão das coisas transitórias, ao passo que a eternidade é essencialmente uma, imóvel e permanente, e que não é suscetível de medida alguma no ponto de vista da duração compreenderemos que, para esta, não há nem começo nem fim.
Por outro lado, se fizermos uma justa idéia embora necessariamente bem fraca – da grandeza infinita do poder divino, compreenderemos como é possível que o Universo tenha sempre existido e exista para sempre. Desde o momento em que Deus passou a existir, suas perfeições eternas se manifestaram. Antes que nascessem os tempos, a Eternidade incomensurável recebeu a palavra divina e criou o Espaço, igualmente eterno.  ‘’



FONTES DAS PESQUISAS: - A GENESE – A VIDA NO OUTRO MUNDO – ALMAS CRUCIFICADAS – BÍBLIA SAGRADA –  CARACTERES DA REVELAÇÃO ESPIRITA –    CORREIO ELETRÔNICO –  INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA DOUTRINA ESPIRITA – O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – O LIVRO DOS ESPÍRITOS –   O SUBLIME PEREGRINO – PRECES DO EVANGELHO


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domingo, 26 de outubro de 2014

FILME - O ANJO

FILME - AS MÃES DE CHICO XAVIER

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quarta-feira, 1 de outubro de 2014

PROGRESSÃO DOS ESPÍRITOS - LE 115 - TEORIA


O HOMEM NADA SABE, MAS É CHAMADO A TUDO CONHECER
PROGRESSÃO DOS ESPÍRITOS

A proposição de estudos, em nosso Centro Espírita, foi para que discorrêssemos sobre a Evolução dos Espíritos. Segundo Aurélio, evolução é sucessão de acontecimentos em que cada um está condicionado pelo(s) anterior(es).
A Doutrina Espírita, no livro segundo, do LE, capitulo I nos ensina sobre a Progressão dos Espíritos. Segundo Aurélio, progressão é sucessão ininterrupta e gradual e que corresponde ao desenvolvimento de algo.
Sendo questão de vocabulário para uma mesma situação, ao curso desta redação, poderemos usar de ambos ou de outra palavra da mesma qualidade, categoria, natureza, etc. que melhor expresse o sentido na oração.
Observamos, no Livro dos Espíritos, item 113, que os Espíritos Puros – Primeira Ordem – percorreram todos os graus da escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria. No item 115, que Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, ou seja, sem conhecimento. Mais, que deu a cada um deles uma missão, com o fim de esclarecê-los e progressivamente os conduzir à perfeição, pelo conhecimento da verdade e para aproximá-los Dele.
Ora, se eles tivessem sido criados perfeitos, não teriam merecimento para gozar os benefícios dessa perfeição. Onde estaria o mérito, sem a luta? De outro lado, a desigualdade existente entre eles é necessária à sua personalidade, e a missão que lhes cabe, nos diferentes graus, está nos desígnios da Providência com vistas à harmonia do Universo.
Como na vida social todos os homens podem chegar aos primeiros postos, também poderíamos perguntar por que motivo o soberano de um país não faz de cada um dos seus soldados um general; porque todos os empregados subalternos não são superiores; porque todos os alunos não são professores. Ora, entre a vida social e a espiritual existe ainda a diferença de que a primeira é limitada e nem sempre permite a escalada de todos os seus degraus, enquanto a segunda é indefinida e deixa a cada um a possibilidade de se elevar ao posto supremo.
Devemos nos dar conta de que a Terra não existe de toda a eternidade, e que muito antes dela existir já havia Espíritos no grau supremo; os homens, por isso, acreditam que os Espíritos sempre haviam sido perfeitos, como Jesus, por exemplo.
Sendo Deus a causa primária de todas as coisas, o ponto de partida de tudo, a base em que se apóia a obra da criação, é o assunto que importa considerar antes de tudo.
. O progresso é a condição normal dos seres espirituais, e a perfeição relativa é a finalidade que devem alcançar; ora, tendo Deus criado desde toda a eternidade, e criando sem cessar, por todo o tempo, evidentemente, também terá havido aqueles que alcançaram o ponto culminante da escala.
Antes que a Terra existisse mundos tinham sucedido a mundos e, quando a Terra saiu do caos dos elementos, o espaço era povoado por seres espirituais em todos os graus de progresso; desde aqueles que nasciam para a vida, até aqueles que, de toda a eternidade, haviam tomado lugar entre os puros Espíritos, vulgarmente chamados anjos. 
É princípio elementar julgar-se uma causa por seus efeitos, ainda que não se veja a causa. Se um pássaro, que fende os ares, é atingido por um projétil mortal, deduz-se que algum hábil atirador nele acertou, embora não se veja o atirador. Portanto, nem sempre é necessário ter visto uma coisa para saber que ela existe.  Em tudo, é pela observação dos efeitos que se chega ao conhecimento das causas.
Quando os Espíritos adquiriram em um mundo a soma de progresso que comporte o estado daquele mundo, eles o deixam para se encarnar noutro mais adiantado, onde adquirem novos conhecimentos, e assim por diante, até que a encarnação em um corpo material já não lhes é mais útil; passam a viver exclusivamente na vida espiritual, na qual progridem ainda num outro sentido e mediante outros meios. Chegados ao ponto culminante do progresso, gozam da suprema felicidade; admitidos aos conselhos do Todo-Poderoso recebem o seu pensamento, e tornam-se seus mensageiros, seus ministros diretos para o governo dos mundos, tendo sob suas ordens os Espíritos que se encontram em diferentes graus de progresso.
Assim, todos os Espíritos, encarnados ou desencarnados, em qualquer grau da hierarquia em que se encontrem, desde o menor até o maior, têm suas atribuições no grande mecanismo do Universo: todos são úteis ao conjunto ao mesmo tempo em que são úteis a si mesmos; aos menos adiantados, como se tratasse de simples serviçais, incumbe uma tarefa material, a princípio inconsciente, depois gradualmente intelectiva. Por toda parte se exerce a atividade do mundo espiritual, e nela não se encontra a inútil ociosidade, em nenhum lugar.
 Algumas pessoas pensam que as diferentes existências da alma se realizam de mundo em mundo, e não sobre um mesmo globo, no qual cada Espírito não aparece senão uma vez.
Esta teoria seria admissível, se todos os habitantes da Terra estivessem exatamente no mesmo nível intelectual e moral; não poderiam então progredir senão indo a um outro mundo, e sua reencarnação sobre a Terra seria sem utilidade; ora, Deus nada faz de inútil. Desde o instante em que aqui se encontram todos os graus de inteligência e de moralidade, desde a selvageria própria do animal até a civilização mais adiantada, ela oferece um vasto campo ao progresso; seria lícito perguntar porque o selvagem seria obrigado a ir procurar alhures o grau acima dele, quando o encontra a seu lado, e assim gradualmente; por que o homem adiantado não teria podido fazer suas primeiras etapas senão em mundos inferiores, enquanto que os análogos de todos esses mundos estão ao redor dele? Que aqui há diferentes graus de progresso, não só de povo para povo, como também na mesma família? Se assim fosse, Deus teria feito algo de inútil, colocando lado a lado a ignorância e o saber, a barbárie e a civilização, o bem e o mal, enquanto que é exatamente esse contato que faz progredir os retardatários.
Então, não há mais necessidade que os homens mudem de mundo a cada etapa, assim como não há necessidade de que um escolar troque de colégio em cada série; longe de contribuir para o progresso, isso lhe seria um entrave, pois o Espírito seria privado do exemplo que lhe é oferecido pela visão dos graus superiores, e da possibilidade de reparar, por seus esforços, seus erros, no mesmo ambiente e na presença daqueles a quem houvesse ofendido, possibilidade que é para ele o mais poderoso meio de progresso moral. Após uma curta coabitação, os Espíritos, dispersando-se e tornando-se estranhos uns aos outros, romper-se-iam os laços de família e de amizade, pois não teriam tempo para se consolidarem.
A raça adâmica tem todos os caracteres de uma raça proscrita; os Espíritos que dela fazem parte foram exilados sobre a Terra, já povoada porém por homens primitivos, mergulhados na ignorância, e que eles têm por missão fazer progredir, trazendo-lhes as luzes de uma inteligência desenvolvida. Não será esse, com efeito, o papel que esta raça tem executado, até hoje? Sua superioridade intelectual prova que o mundo de onde saíram era mais adiantado que a Terra; porém, devendo aquele mundo entrar numa nova fase de progresso, e esses Espíritos, por via de sua obstinação, não tendo sabido se colocar à altura desse progresso, ali estariam deslocados, e teriam sido um entrave à marcha providencial das coisas; é por isso que eles foram excluídos, enquanto que outros mereceram substituí-los.
Ao relegar essa raça sobre esta terra de labores e de sofrimentos, Deus teve razão de lhes dizer: "Tirarás teu alimento com o suor de teu rosto." Em sua mansuetude, prometeu-lhe que enviaria o Salvador, isto é, aquele que deveria clarear seu caminho pelo qual sairia deste lugar de misérias, deste inferno, e chegaria à felicidade dos eleitos. Este Salvador, ele o enviou na pessoa de Jesus, que ensinou a lei de amor e de caridade, desconhecida deles, e que devia ser a verdadeira âncora de salvação.
 Sem prejulgar em nada a natureza de Jesus, cujo exame não entra no quadro desta obra, e não o considerando, por hipótese, senão como um Espírito superior, não se pode impedir que se reconheça nele um daqueles da ordem mais elevada, e que é colocado por suas virtudes bem acima da humanidade terrestre. Pelos imensos resultados que produziu, sua encarnação neste mundo não podia deixar de ser uma das missões que somente são confiadas aos mensageiros diretos da Divindade, para a realização de seus desígnios. Seria mais que um profeta, pois seria um Messias divino.
Como homem, tinha a organização dos seres carnais; mas como Espírito puro, destacado da matéria, devia viver na vida espiritual mais que na vida corporal, da qual não tinha as fraquezas. A superioridade de Jesus sobre os homens não era relativa às qualidades particulares de seu corpo, mas às de seu Espírito, que dominava a matéria de maneira absoluta, e ao seu perispírito alimentado pela parte a mais quintessenciada dos fluidos terrestres. Sua alma não devia estar ligada ao corpo senão por laços estritamente indispensáveis; constantemente separada, ela devia lhe dar uma vista dupla não só permanente como também de uma penetração excepcional e por outro modo muito superior àquela que se encontra nos homens comuns. O mesmo devia acontecer com todos os fenômenos que dependem dos fluidos perispirituais ou psíquicos. A qualidade de tais fluidos lhe dava um imenso poder magnético, secundado pelo desejo incessante de fazer o bem.
Jesus também evoluiu de modo idêntico aos demais homens. Também foi imaturo de espírito e fez o mesmo curso espiritual evolutivo através de mundos planetários, já desintegrados no Cosmo. Isso foi há muito tempo, mas decorreu sob o mesmo processo semelhante ao aperfeiçoamento dos demais homens.
Em caso contrário, o Criador também não passaria de um Ente injusto e faccioso, capaz de conceder privilégios a alguns de seus filhos preferidos e deserdar outros menos simpáticos, assemelhando-se aos políticos, que premiam os seus eleitores e hostilizam os votantes de outros partidos. Em verdade, todas as almas equacionam sob igual processo evolutivo na aquisição de sua consciência espiritual e gozam dos mesmos bens e direitos siderais!
Jesus alcançou a angelitude sob a mesma Lei que também orienta o selvagem embrutecido para a sua futura emancipação espiritual, tornando-o um centro criador de novas consciências no seio do Cosmo. Ele forjou, a sua consciência espiritual sob as mesmas condições educativas do bem e do mal, do puro e do impuro, da sombra e da luz, tal qual acontece hoje com a nossa humanidade! Os mundos que lhe serviram de aprendizado planetário já se extinguiram e se tornaram em pó sideral, mas as suas humanidades ainda vivem despertas pelo Universo, sendo ele um dos seus venturosos cidadãos.
Alguns espíritas afirmam que a evolução de Jesus processou-se em linha reta. Essa afirmação não tem fundamento coerente, pois a simples presunção de Jesus ter sido criado espiritualmente e com um impulso de inteligência, virtude ou sabedoria inata, constituiria um privilégio de Deus a uma alma de sua preferência! Isso desmentiria o atributo divino de bondade e Justiça infinitas do próprio Criador.
Aliás,não há desdouro algum para o Mestre ter evoluído sob o regime da mesma lei a que estão sujeitos os demais espíritos, pois isso ainda confirma a grandeza do seu espírito aperfeiçoado pelo próprio esforço. Nenhum espírito nasce perfeito, nem possui qualquer sentido especial para a sua ascese espiritual à parte; todos são criados simples e ignorantes, cuja consciência ou "livre arbítrio" se manifesta através do "tempo-eternidade", mas sem anular o esforço pessoal na escalonada da angelitude. E Jesus não fugiu á essa regra comum, pois forjou a sua consciência de Amor e Sabedoria Cósmica ao nível dos homens, lutando, sofrendo e aprendendo os valores espirituais no intercâmbio dos mundos materiais. Ele tornou-se um ente sublime porque se libertou completamente das paixões e dos vícios humanos; mas não se eximiu do contato com as impurezas do mundo carnal!
Assim como é impossível a um professor analfabeto ensinar os alunos ignorantes do ABC, Jesus também não poderia prescrever aos homens a cura dos seus pecados, caso ele já não os tivesse vivido em si mesmo! Justamente por ele ter sofrido do mesmo mal, então conhecia o medicamento capaz de curar a enfermidade moral da humanidade terrena! ... Jesus, alhures, já foi um pecador como qualquer homem do mundo; porém, ele venceu as ilusões da vida carnal, superou a coação implacável do instinto animal e seu coração transbordante de Amor envolve todos os cidadãos da Terra!
Embora tenha sido a mais elevada Entidade descida na Terra, não podemos considerar Jesus um Arcanjo, mas sim um Anjo, o que difere muito entre si, pois o Anjo ainda pode atuar no mundo humano –  simbolizado nos sete degraus da escada de Jacob que fica logo abaixo do mundo divino, no qual cessa para os Arcanjos toda possibilidade de ligação direta com as formas físicas das moradas planetárias. Jesus, na realidade, é a mais Alta Consciência Diretora da humanidade terrena, mas não do planeta Terra, porque ainda permanece, diretamente, em contacto psicofísico com as consciências terrícolas. Ele é o Elo Divino e o mais lídimo representante de aspecto humano que se liga diretamente à Sublime Consciência do Arcanjo Planetário da Terra. O Comando Sideral do sistema solar atua no Arcanjo do planeta Terra e este na imediata consciência espiritual abaixo de si e em condições receptivas para senti-lo e cumprir-lhe a vontade no mundo físico. É justamente o insigne Jesus a Magnífica Consciência capacitada para sentir o Espírito do Planeta Terráqueo, porquanto o Mestre, além de ser o Governador Espiritual de vossa humanidade, participou também da Assembléia Sideral de quando o Arcanjo mentalizou os planos preliminares para a formação do vosso orbe, em conexão perfeita com os projetos maiores do Arcanjo ou Logos Solar do sistema.
A jurisdição de Jesus assemelha-se a sublime janela viva, que se abre na forma material, para que o Arcanjo Planetário "veja" e "sinta" o que deve providenciar no seu interior espiritual, para atender à progressiva eclosão das consciências humanas, que se delineiam na matéria terráquea. Ante a incessante ascensão espiritual de Jesus e o seu conhecimento, cada vez mais extenso, sobre a consciência coletiva da vossa humanidade, é provável que, no próximo Grande Plano, ele também se torne um Arcanjo cooperador na criação dos mundos, sob a jurisdição direta de outro Logos Solar.
Jesus manifestou-se fisicamente na terra há dois milênios, porque ainda podia mentalizar e construir os seus veículos intermediários nas energias adjacentes à matéria. Ele é ainda um Espírito capaz de ter contacto com a carne, embora sob extrema dificuldade e sofrimento, como ocorreu na sua última descida sacrificial. No entanto, o Cristo Terráqueo, ou seja o Arcanjo Planetário da Terra, é potencial vibratório de tão alta "voltagem sideral", que não conseguirá aglutinar de nenhum modo as energias inferiores, e situar-se na figura diminuta do corpo físico, para comandar diretamente um cérebro humano. A sua vibração altíssima não conseguiria o descenso vibratório para alcançar a forma letárgica da matéria! E, mesmo se supondo que assim pudesse agir, o seu Espírito estaria comparado a uma carga fulminante de 50.000 volts, quando projetada diretamente da usina sobre um minúsculo aparelho de 110 volts.
Jesus foi o revelador do Cristo, o mais credenciado e Sublime Intermediário do Amor Absoluto, em nosso mundo. Pela sua Consciência Espiritual, fluiu e se fixou vigorosamente nas sombras terráqueas a Luz Crística, aflorando então à superfície da Terra e tornando-se o "Caminho, a Verdade e a Vida".
Quando o Mestre afirmou "Eu e meu Pai somos um" e "Ninguém vai ao Pai senão por mim", era o Cristo Planetário que atuava e transmitia o seu Pensamento diretivo por intermédio do seu divino médium Jesus, corporificado no plano físico. O Ungido, o Escolhido ou o Eleito para materializar o Verbo em vocábulos ou idéias acessíveis à mente humana, sob a égide do Arcanjo Planetário e criador da Terra, foi realmente aquele sublime Homem-Luz, retratado na figura angélica de Jesus de Nazaré, o doce filho de Maria.
 O Cristo Planetário tem-se manifestado gradativamente em direção à superfície tangível do nosso mundo, através de todos os missionários anteriormente reencarnados como instrutores e líderes espirituais, desde os tempos imemoriais. Alguns deles puderam acentuar a vibração Crística mais intensamente, na substância física; outros o fizeram de modo mais singelo. A figura mais notável, no passado, foi Antúlio de Maha-Ettel, o mais sublime revelador do Cristo Planetário na Atlântida, mas é incontestável que, apesar de Hermes, Crishna e Buda, que muito se destacaram nas suas divinas missões, foi Jesus o revelador inconfundível e a consciência diretora de todos os seus precursores.          Por outro lado, é bom também não deixar de ter em mente que para Kardec – O Livro dos Espíritos – não é um tratado completo do Espiritismo; não faz senão colocar-lhe as bases e os pontos fundamentais, que devem se desenvolver sucessivamente pelo estudo e pela observação, ou seja, não fecha questão colocando tudo como pronto e acabado; porém, abre uma porta para futuras considerações provenientes de novos estudos e experiências.
Isso pode ser importante, porquanto, temos que levar em consideração que a opinião final de Kardec, será a que ele expressa na ultima delas, pois as nossas idéias, sobre determinado assunto, vão evoluindo de acordo com os novos conhecimentos que vamos adquirindo ao longo do tempo, por essa razão, a última fala deve ser aquela na qual se resume todos esses conhecimentos.
Nesse sentido vamos encontrar algumas diferenças ou desigualdade entre estudiosos e pensadores sobre alguns pontos de vista, como por exemplo o corpo de Jesus ou ainda a frase: "A alma dorme na pedra, sonha no vegetal, agita-se no animal e acorda no homem", cuja autoria é atribuída a Léon Denis, que foi um filósofo espírita e um dos principais continuadores do espiritismo após a morte de Allan Kardec, ao lado de Gabriel Delanne e Camille Flammarion. Só que, curiosamente, até hoje ninguém nos demonstrou que, de fato, ele tenha dito exatamente isso.
Segundo o Presidente da Associação dos Magistrados Espíritas do Brasil, Zalmino Zimmermann, estudioso e trabalhador espírita de longa data, Hermes Trismegisto, que foi um lendário e fabuloso legislador egípcio, sacerdote e filósofo, que viveu durante o reinado de Ninus, por volta de 2.270anos a.C., já ensinava, no antigo Egito, que "a pedra se converte em planta; a planta em animal; o animal em homem, em Espírito; o Espírito, em Deus". 
Conforme o teólogo espírita e pesquisador Oduvaldo Mansani de Mello, já no século XIII esta frase foi dita pelo também teólogo, jurista e poeta muçulmano Jalãl ad-Din Muhammad Rumi: “Morri mineral, converti-me em planta. Morri em planta e nasci animal. Morri animal e me converti em homem”.  Ainda, o ensinamento hinduísta, que monta a milhares de anos, tem sua versão poética da evolução: "A alma dorme na pedra, sonha na planta, agita-se no animal e desperta no homem".
Mas, na busca em que nos empenhamos para encontrá-la, acabamos por nos deparar com a frase verdadeira, vejamo-la: Na planta, a inteligência dormita; no animal, sonha; só no homem acorda, conhece-se, possui-se e torna-se consciente; a partir daí, o progresso, de alguma sorte fatal nas formas inferiores da Natureza, só se pode realizar pelo acordo da vontade humana com as leis Eternas.
 Ainda, recorreremos ao que ele, Kardec, disse na Introdução da primeira edição de O Livro dos Espíritos: Qualquer que seja, é um fato que não se pode contestar, pois é um resultado de observação, é que os seres orgânicos têm em si uma força íntima que produz o fenômeno da vida, enquanto essa força existe; que a vida material é comum a todos os seres orgânicos e que ela é independente da inteligência e do pensamento: que a inteligência e o pensamento são faculdades próprias de certas espécies orgânicas; enfim, que entre as espécies orgânicas dotadas de inteligência e de pensamento, há uma dotada de um senso moral especial que lhe dá incontestável superioridade sobre as outras, é a espécie humana. Nós chamamos, enfim, inteligência animal ao princípio intelectual comum aos diversos graus nos homens e nos animais, independente do princípio vital, e cuja fonte nos é desconhecida. 
Embora tenha considerado alhures que o instinto é uma inteligência rudimentar, comum a todos os seres orgânicos – plantas, animais e homens – percebe-se que aqui Kardec não atribui a todos eles a inteligência, considerada por ele como sendo "uma faculdade especial, peculiar a algumas espécies orgânicas".
 Dessa distinção, que Kardec faz dos seres, entendemos que ao dizer:
“1º os seres inanimados, constituídos de matéria, sem vitalidade nem inteligência, que são os corpos brutos", estava se referindo aos minerais;
"2º os seres animados que não pensam, formados de matéria e dotados de vitalidade, porém, destituídos de inteligência," para enquadrar os vegetais;
"3º os seres animados pensantes, formados de matéria, dotados de vitalidade e tendo a mais um princípio inteligente que lhes dá a faculdade de pensar", classifica os animais.
Se a nossa conclusão, para cada item, estiver correta, podemos tomar a iniciativa de incluir o homem como um ser animado e pertencendo ao terceiro grupo.
Vejamos algo interessante que nos parece confirmar esse nosso modo de pensar, o qual baseamo-nos em Kardec: "Nascer, viver, morrer, renascer ainda, progredindo sempre; tal é a lei".
A frase encontra-se esculpida no dólmen de Kardec, no Cemitério Père-Lachaise, em Paris, traduzindo assim o princípio basilar da Doutrina Espírita. Ela expõe a própria essência do processo evolutivo, que se desdobra em nuanças no mais das vezes ininteligíveis à mente humana.

Fonte: A Gênese – Almas Crucificadas – Bíblia Sagrada – Mensagens do Astral – O Livro dos Espíritos –           O Sublime Peregrino –  Web