segunda-feira, 27 de outubro de 2014

DEUS E O INFINITO

    I - DEUS E O INFINITO
1 – Que é Deus?

Deus  é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas.

·         O primeiro desafio que temos a enfrentar quando ousamos entender Deus, é o da limitação. É do senso lógico que o limitado não abrange o ilimitado. A parte não absorve o todo. O relativo não se sobrepõe ao absoluto, nem o finito descreve com plenitude o infinito.
Alguém pode pensar simploriamente que uma gota do oceano seja capaz de lhe desvendar os mistérios. Concordamos em parte que sim. A essência, os elementos químicos formadores de suas moléculas, algumas formas de vida nela existentes, as transformações relativas aos fenômenos físico-químicos poderiam fornecer pálida idéia do conjunto formado pelo oceano.
Mas daí a aventurar-se a mar alto confiado nessas informações, é candidatar-se a decepções e desenganos frustrantes. Descobriria de imediato o navegante, os inumeráveis pluricelulares marinhos, as formas de vida exuberantes que lhe ultrapassariam em centenas de vezes o peso e o tamanho; os abismos obscuros; as correntes indomáveis; as tormentas bruscas; os segredos que esperam os heróis incansáveis para a pesquisa e o trabalho fecundos. Deus, em nosso estágio de entendimento, tem a grandeza que a nossa inferioridade permite ver. Nos O olhamos com os olhos de catarata. À proporção em que nossa ciência e sabedoria atuarem como bisturi da ignorância que nos torna cegos, nossos cristalinos terá menos opacidade, permitindo que os raios de luz da verdade, em sucessivas raspagens reencarnatórias nos permitam ver-Lo, como sentenciou o espírito de Verdade.  
Claro está que jamais o veremos circunscrito a um local específico, nem conseguiremos descrevê-lo em dimensões e formas. Nós o entenderemos relativamente e com Ele nos identificaremos em essência e destinação.
Dizem alguns tolos cujo orgulho lhes põe cera aos ouvidos e venda aos olhos: se Deus existe, prove-o!
É o segundo desafio. O da demonstrabilidade. Poderíamos dizer-lhes o mesmo, utilizando de sua ótica retorcida. Se Ele não existe, prove-o!
No entanto, seria gastar tempo e energia, fazendo-nos de mestres que não somos, quando para tais alunos o mestre tem muitos nomes: frustração, vazio, desengano, dor, e no final do curso, aceitação.
Podemos, no entanto, lembrar a quem de interesse sadio se arme, que o sentimento e a certeza da existência de Deus são universais. Da crença mais bizarra nos Espíritos primitivos até a intelectualidade mesmo fria, Deus é a razão, lei, Criador do Universo. (1)
Quando em vez alguém tenta negar a existência do ser supremo ou deixa-lo ausente das construções universais. Tal foi a infeliz conclusão de Nietzsche, filósofo alemão,  ao afirmar a morte de Deus, e a singular resposta de Pierre de Laplace a Napoleão Bonaparte, quando este lhe interrogou sobre a obra do importante matemático, intitulada “Mecânica Celeste”: Escrevestes este enorme livro sobre o sistema do mundo sem mencionar uma só vez o autor do universo? Perguntou Napoleão. E Laplace respondeu com mais respeito ao imperador que a Deus: Senhor, não senti necessidade dessa hipótese.
Trinta anos após a morte de Laplace, sai na Europa “O Livro dos Espíritos” cuja pergunta número um é: Que é Deus? Essa pergunta abriu de vez as portas do além para a Humanidade. E a sua resposta (“Inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas”) deixou claro que as portas do céu estão abertas para quem as queira conquistar através da caridade.
Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo” falam os Espíritos superiores, que nos mundos mais atrasados onde a força bruta é a lei, no fundo tenebroso das inteligências de seus habitantes encontra-se latente a vaga intuição de um ser supremo, mais ou menos desenvolvida.
Pela observação e questionamento de si e do universo, o Espírito terá milhões de provas materiais e filosóficas de uma ordem mantenedora, de uma harmônica diretriz que a tudo impulsiona rumo à perfeição. Todas as equações e fórmulas científicas do nosso mundículo atestam a existência de Deus. Igualmente, vasculhando o mundo íntimo, repositório de dores e conquistas, encontramos a ação de Deus em cada segundo vivido. Imersos estamos em Deus, mas nem todos partilham de igual visão. 
Os racionalistas, tomando a razão como via natural do conhecimento, só aceitam Deus racionalmente. Muito bem! Eles estão satisfeitos com a sua meia verdade. Os que defendem a supremacia da fé, entendem que jamais o Espírito encontraria Deus pela razão, pois só na fé existem condições indispensáveis para o desabrochar da luz espiritual. Esses estão crentes na sua meia verdade.
Convivendo com ambos, os vinculados ao plano das emoções rejeitam a razão e optam pelo sentimento, afirmando: Deus não pode ser racionalizado, apenas sentido. Esses estão acomodados em sua meia verdade. Se Deus está em tudo, todos os caminhos deságuam em sua plenitude. Juntando as meias verdades teremos uma meia verdade aproximada de Deus, ainda de acordo com o nosso estágio de semi-analfabetos da ciência espírita.
Objetivistas e subjetivistas em suas buscas filosóficas enquanto sadias, ampliarão a cada dia o pensamento sobre Deus, até que descubram que ambos estão corretos e incompletos. O problema existe a atuação da mente e a melodia do coração.
Apreende-se desse fato que todos possuem argumentos na busca do conhecimento teológico. Só aquele que procura negar a existência de um ser superior é que não os possui. E se julga detê-los, eis a lógica inflexível que os devora, deixando-o aturdido frente à sua imaturidade espiritual.
Deus nesta obra será tratado como causa primeira de todas as coisas, o que pode criar a substância e a essência, cabendo ao Espírito, manejar, planejar, direcionar, auxiliar, supervisionar, mas nunca a decidir em grau maior, de vez que as leis divinas já incluem a decisão em seu âmago. O Espírito decide através do seu livre-arbítrio em questões menores, pois em última instância prevalecem as leis divinas, dotadas de determinismo inexorável a culminar na sabedoria, beleza, justiça ...
Os Espíritos agem portanto sob o comando de uma diretriz já delineada, cujo fatalismo é sentido obrigatório. À  proporção em que escapam da faixa grosseira da ignorância e adentram na sutileza das emoções sublimadas mais corroboram com esse determinismo.
Se quisermos entender um pouco da grandiosidade de Deus, procuremos entender e conhecer a nós mesmos, criados à Sua semelhança, e estimemos o que é, e do que será capaz o poder amoroso de Deus.
Sem contaminar a palavra de hoje tão vulgarizada e tomada como representação de sentimentos e atitudes até mesquinhas, diria que Deus é fonte inesgotável de amor. A fonte que move e sustenta e bipartição  de um simples protozoário e a estabilidade das imensas galáxias bordadas de bilhões de sóis. Por esse motivo não pune, não castiga, não é guerreiro, não obriga, não distribui chagas ou medalhas para nenhuma de suas criaturas. 
Como energia criadora criou a lei, e como ninguém é forte fora da lei, ausentando-se dela, a ela retorna por absoluta falta de opção. A vida não deixa outra alternativa. É seguir a Deus ou sofrer. E como ninguém se adapta à dor, embora muitos com ela convivam por largos anos, acaba cedendo ao chamamento do amor, após a lapidação imposta por esse mestre tão enérgico, mas tão solicitado no mundo atual, qual seja, o sofrimento.
É um conforto saber da existência de Deus e ter a segurança de que não somos órfãos em tão extenso universo.

(1)  Uma curiosidade sobre a palavra Universo: teria se originado do latim “unum versum”, direção única, que é o que observamos todos os dias e noites, os astros nascendo no leste e se pondo no oeste.

·         Foi a ignorância do princípio do infinito das perfeições de Deus que gerou o politeísmo, (2)  culto de todos os povos primitivos. Atribuíam a divindade a qualquer poder que lhes parecesse estar acima da humanidade..

(2)   POLITEÍSMO = (do gr. polus, vários e théos, Deus). Religião que admite vários deuses

·         A mitologia considerava os Espíritos como divindades; representava-os como deuses, cada qual com sua atribuição especial. Uns eram encarregados dos ventos, outros do raio, outros de presidir os fenômenos da vegetação. Mais tarde, a razão levou-os a confundir aqueles diversos poderes em um único. Depois, à medida que os homens compreenderam a essência dos atributos divinos, retiraram de seus símbolos as crenças que negavam suas faculdades. Hoje sabemos que essas concepções têm sua razão de ser; em certo sentido, até os fenômenos geológicos são presididos por Espíritos Superiores.

·         Entre os povos antigos a palavra deus encerrava a idéia de poder; para eles todo poder superior ou vulgar era um deus; os próprios homens que tinham feito grandes coisas para eles se tornavam deuses. Manifestando-se por efeitos que aos olhos deles parecia serem sobrenatural, os Espíritos eram tantas divindades, que impossível se torna não reconhecermos os Espíritos familiares, os nossos gênios tutelares.
O conhecimento das manifestações espíritas é pois a fonte do politeísmo; porém desde a mais alta antiguidade os homens esclarecidos tinham julgado seus pretensos deuses por seu justo valor e neles reconhecidas criaturas de um Deus Supremo, soberano senhor do mundo. O Cristianismo, conformando a doutrina da unidade de Deus e esclarecendo os homens pela sublime moral evangélica, marcou uma nova era no caminhar progressivo da humanidade, os homens lhes tem chamado gênios e fadas em lugar de deuses. 

·   Assim, correspondendo à assimilação progressiva humana, Deus primeiramente foi objeto de especial veneração  pelos homens primitivos através dos fenômenos principais da Natureza, como o trovão, a chuva, o vento, o mar e o Sol!. Em seguida evoluíram para a figura dos múltiplos deusinhos do culto pagão. Mais tarde, as pequenas divindades fundiram-se, convergindo para a idéia unitária de Deus.  Na Índia, honrava-se Brahma, e Osíris, no Egito; e Júpiter na Olímpia; enquanto os Druidas, no seu culto à Natureza, cultuavam também uma só unidade! Moises expressa em Jeová a unidade de Deus, embora ainda o fizesse bastante humanizado e temperamental, pois todos os sentimentos e emoções dos hebreus, no culto religioso, fundiam-se com as próprias atividades do mundo profano! Com o aparecimento de Jesus, a mesma idéia unitária de Deus evoluiu então para um Pai transbordante de Amor e Sabedoria, que pontificava acima das versões irracionais humanas, embora os homens ainda o considerassem um doador de “graças” para os seus simpatizantes e um juiz rigoroso, severo,  para os seus contrários.

·         O Livro dos Espíritos ressalta, desde as suas primeiras páginas, a sua natureza religiosa. Como já vimos, Kardec o inicia pela definição de Deus. Mas o Deus espírita não é descrito ou concebido sob uma forma humana ou com atributos humanos,  não é um ser constituído à imagem e semelhança do homem, como o das religiões. A definição espírita é incisiva: “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”.  É eterno, imutável, imaterial, único, todo-poderoso, soberanamente justo e bom, infinito nas perfeições.
Para Espinosa – filósofo holandês; o seu sistema é também a forma mais rigorosa do panteísmo – Deus é a substância infinita. Para Kardec é a inteligência infinita. Mas assim como erraram os que confundiram a substância espinosiana com o Universo, assim também se enganam os que confundem a inteligência infinita com o homem finito, e a religião espírita com os formalismos religiosos.

·     Definições Filosóficas:
<> de Platão: Deus é o começo, o meio e o fim de todas as coisas. Ele é a mente ou razão suprema; a causa eficiente de todas as coisas; eterno, imutável, onisciente, onipotente; tudo permeia e tudo controla; é justo, santo, sábio e bom; o absolutamente perfeito, o começo de toda a verdade, a fonte de toda a lei e justiça, a origem de toda a ordem e beleza e, especialmente, a causa de todo o bem.
<> Cristã do Breve Catecismo: Deus é um Espírito, infinito, eterno e imutável em Seu Ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade.
v  Definição Combinada: Deus é um espírito infinito e perfeito em quem todas as coisas tem sua origem, conservação e conclusão. (Ne.9:6; Ap.l:8; Is.48:12; Ap.1:17). 

·   Definições Religiosas:
<> Bíblicas:  As expressões "Deus é Espírito" (Jo.4:24) e "Deus é Luz” (I Jo.1:5), são expressões da natureza     essencial de Deus, enquanto que  "Deus é amor" (I Jo.4:7) é expressão de Sua personalidade. (I Tm.6:16)
<> A divindade principal dos hebreus, que o era também para os gregos: Eloim (Elohim). Significa: Ele, o Deus dos deuses.
<> O apóstolo João parece resumir tudo num só versículo (Ap.8.1:): “Eu sou o Alfa e o Omega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que vem, o Dominador.” – Alfa e Omega – a primeira e a última letra do alfabeto grego – indicam que Deus é o princípio e o fim de todas as coisas.

·         Sendo Deus o pivô de todas as crenças religiosas, o fim de todos os cultos, o caráter de todas as religiões é conforme a idéia que fazem de Deus. As religiões que dele fazem um Deus vingativo e cruel crêem honrá-lo  por atos de crueldade, pelas fogueiras e pelas torturas; as que dele fazem um Deus parcial e ciumento, são intolerantes; são mais ou menos meticulosas na forma, conforme o crêem mais ou menos manchado pelas fraquezas e mesquinharias humanas.

·         Tais idéias expressam-se de acordo com a psicologia, o sentimento e a cultura de cada povo. Osíris, no Egito, inspirou o culto da morte, enquanto Brahma, na Índia, recebia homenagens fabulosas como a primeira da Trindade divina do credo hindu. Mas, também havia Moloc, a exigir o sacrifício de tenras crianças, e, finalmente, Jeová, entre o hebreu, louvado com o holocausto de animais e aves, além de valiosos presentes dos seus devotos. Mais tarde, o Catolicismo definiu-se pela idéia do Criador na figura de um velhinho de barbas brancas, responsável pela criação do mundo em seis dias, pontificando dos céus, atrás das nuvens, mas ainda sensível à oferenda de velas, flores, incenso, relíquias e auxílios necessários à manutenção do serviço divino no mundo terreno. Atualmente a doutrina espírita ensina que “Deus é a Inteligência Suprema, a causa primária de todas as cousas”, descentralizando a Divindade e não  sugerindo traços por associações de idéias, cuja figura lembra o homem,  para ser entendida animando todos os acontecimentos da Vida. Quando a Bíblia fala do olho, do ouvido, da mão de Deus, etc., fala metaforicamente. A isto se dá o nome de antropomorfismo. (3) 
Não há dúvida; já é bem grande a diferença entre a concepção espírita e os deuses mitológicos, que presidiam os fenômenos da Natureza ou se imiscuíam na vida dos seus devotos; no entanto, ainda existe diversidade da própria fórmula espiritista, em confronto com outras explicações iniciáticas do ocultismo oriental. Em verdade, essa idéia da pluralidade divina foi-se atenuando com a própria evolução do homem na esfera da Filosofia e no campo da Ciência; porém, se isto lhe facultou maior assimilação da Realidade do Criador, aumentou-lhe, no entanto, a sua responsabilidade espiritual.
Todavia, o mais importante não reside, propriamente nas convicções da crença de cada um, na caminhada da sua evolução mental e espiritual, mas no seu comportamento humano, quando o homem atinge um discernimento mais exato e real quanto às suas responsabilidade e à forma de se conduzir perante o Deus único, cuja Lei Divina abençoa os que praticam o Bem e condena os que praticam o Mal. Os homens mais se aproximam da Realidade à medida que também se libertam das crenças, pois estas, quer sejam políticas, nacionais ou religiosas, separam os homens e os deixam intolerantes, tanto quanto discutem calorosamente os torcedores pelo demasiado apego a uma determinada associação desportiva.

(3)   Trata-se de antropomorfismo, ou seja: forma de pensamento que atribui a Deus comportamentos e pensamentos característicos do ser humano

·          A harmonia do universo é o testemunho de uma sabedoria, de um cuidado e de uma previdência, que ultrapassam todas as faculdades humanas. O nome de um Ser soberanamente grande e sábio, está gravado em todas as obras da criação, desde a radiculada ervinha, desde o mais pequeno inseto, até aos astros que circulam no espaço. Em toda a parte vemos a prova de uma solicitude paternal. Cego será quem não O reconhecer em suas obras, orgulhoso o que  não O glorificar e ingrato o que à Ele não render graças.

2 – Que se deve entender por Infinito?

O que não tem começo e nem fim; o desconhecido; tudo o que é desconhecido é infinito.

      Na busca de amplificação, de parâmetros ou diferentes definições, e mesmo de algo que possa melhor  valer  para um bom juízo sobre o que se deve entender por infinito,  intentamos nossa pesquisa.
      Os espíritos se referem ao Universo. Por isso,   conquanto tudo quanto nele conhecemos tem começo e tem fim; tudo quanto não conhecemos se perde no infinito, é oportuno, sugestivamente,  que sua observância seja focalizada pelo prisma de algumas ciências; conseqüentemente, teremos múltiplos aspectos para o tema.
      Não temos pretensão em divergir da resposta dos espíritos, mas de ressaltar seu caráter religioso. A rigor somos partidários desse posicionamento. Assim, escusamo-nos em  sugerir ao leitor que a consideração dos espíritos esteja acima de quaisquer outros conceitos que possam lhes insurgir ao final das nossas considerações.

·         Na Idade Média, inúmeras abordagens foram feitas em relação à natureza do infinito. Mas todas elas  incapazes de produzir o efeito pretendido. Os pensamentos, proposições ou argumentos que contrariava os princípios básicos e gerais relacionados com o infinito, tornaram-se famosos na Grécia.  Aristóteles, por exemplo, fez várias considerações a respeito que foram utilizadas para grandes especulações metafísicas (1) sobre a natureza do infinito.

(1) Estudo filosófico dos princípios e das causas das coisas.

·         Na Gênese, Kardec deixa o campo exclusivamente doutrinário para a faixa de relações da Ciência com as demais Ciências,  revelando de maneira prática as contribuições do Espiritismo para o desenvolvimento da nossa cultura. Neste livro, no tema Diversidade dos Mundos, do capítulo VI, os Espíritos falam das regiões imensas do Espaço. Na pergunta 58, na excursão com os Espíritos,   o médium, no estado de alma emancipada, provavelmente,  sob o efeito do desdobramento ou sonambulismo, visita regiões imensas do Espaço. Debaixo de suas vistas, os sóis sucederam aos sóis, os sistemas aos sistemas, as nebulosas às nebulosas, tendo o panorama esplêndido da harmonia dos Cosmos desenrolado-se ante  seus “passos”, ao que, conseqüentemente, experimentou um sentimento aprazível da idéia do Infinito. 

·   A consciência espiritual do homem, à medida que cresce esfericamente, funde os limites do tempo e do espaço, para atuar noutras dimensões indescritíveis; abrange, então, cada vez mais, a magnificência real do Universo em si mesma, e se transforma em Mago a criar outras consciências, menores em sua própria Consciência Sideral.
A criatura humana, que vive adstrita ao simbolismo de tempo e espaço, precisa de ponto de apoio para firmar sua mente e compreender algo da criação cósmica e da existência de Deus.

·         Do ponto de vista matemático, Infinito é aquilo que não possui fim.
Assim, os números naturais são um exemplo de um conjunto infinito, ou seja, que não tem fim, não acaba nunca. O símbolo do infinito (um "oito deitado") representa esta idéia de algo a que nunca se chega.
Em 1851 foi publicado, em língua alemã, um pequeno livro intitulado “Paradoxos do infinito” de autoria de Bernard Bolzano. A publicação foi feita três anos depois de sua morte e trata-se de uma nova e original maneira de abordar o conceito de infinito. Conceito esse que trás consigo inúmeros paradoxos como veremos.
O primitivo infinito que nos deparamos tem sua origem no nosso princípio da contagem; todos nós contamos e ordenamos; um, dois, três..., o primeiro, o segundo..., e a noção de cardinalidade (quantidade) se confunde com a noção de ordinal. Apesar de não experimentarmos o infinito, podemos discerni-lo, pois ao contar, percebemos através do discernimento, que podemos sempre acrescentar mais um. Essa é a primeira noção de infinito, o infinitamente grande. Quando no século XVII Pascal exclama: “o silêncio desses espaços infinitos me apavora”, nos mostra a crise provocada pelo renascimento ao contrapor um espaço infinito à cosmologia finita de Aristóteles.

·            Segundo a astronomia,  Infinito é o que não possui fronteiras ou limites.
      Essa definição indica que o Universo pode ser uma "ilha" de galáxias em um ponto desse universo e além dessas galáxias não existiria mais nada. Nessa concepção a eternidade se aplicaria apenas ao espaço-tempo.
     Alberto Einstein, físico alemão naturalizado americano, o maior sábio contemporâneo,  mostrou que o espaço e o tempo são intercambiáveis e pertencem à mesma estrutura. Todavia, a estrutura espaço-tempo, como um todo, não varia, não é relativa, por isso o próprio Einstein quis mudar o nome da teoria da relatividade para teoria da invariância, mas não conseguiu. 
     Pelo prisma da física,  Infinito é aquilo cujas fronteiras ou limites são inatingíveis.
   Essa talvez seja a melhor forma de explicar o infinito do ponto de vista físico. Nessa concepção o Universo poderia ter um princípio e existirem limites. Porém não existem meios físicos de se atingir esses limites, porque quanto mais tentamos nos aproximar da fronteira, mais a fronteira se afasta de nós. Não que essa fronteira fuja de nós, mas se considerarmos que essa fronteira esteja se expandindo na velocidade da luz (ou próxima dela), teríamos de acelerar para atingir essa fronteira mas, ao acelerarmos, o espaço entre nós e a fronteira se dilataria pois, na verdade, estaremos reduzindo a velocidade em relação a essa fronteira. Para essa definição, o universo pode ser infinito.
·  
·          Sustenta a ótica religiosa que Infinito é aquilo que se desconhece o fim.
Esta é a definição de infinito que obedece aos preceitos religiosos (a dizer que o poder de Deus é infinito, é porque não se conhece nenhum limite). Nessa definição, o universo é infinito porque não conhecemos o fim.
Se o universo não é infinito ou se ele possui uma fronteira, a sua questão é o que existe depois dele. Com certeza deve existir algo, mas está muito além da nossa compreensão, pois nós vivemos em um universo tetradimensional e só temos condições de descrever algo em termos de espaço e tempo. Aquilo que está além do universo possui outras dimensões que nós nem fazemos idéia do que sejam. 

3 – Poder-se-ia dizer que Deus é infinito?

Definição incompleta. Pobreza da linguagem dos homens, que é insuficiente para definir as coisas que estão acima de sua inteligência.

Kardec considera:  “Deus é infinito em suas perfeições, mas o infinito é uma abstração. Dizer que Deus é Infinito é tomar o atributo pela própria coisa, e definir uma coisa que não é conhecida, por uma coisa que também não o é.”

·         No seu atual estado de inferioridade, os homens dificilmente podem compreender que Deus seja infinito; por serem restritos e limitados imaginam-nO restrito e limitado como eles próprios. Representam-nO como um ser circunscrito e fazem dEle uma imagem semelhante à sua. As representações que dEle fazemos com traços humanos não pouco contribuem para manter esse erro no espírito das massas, que nEle adoram mais a forma que a idéia. É para a maioria um soberano poderoso, em um trono inacessível, perdido na imensidade dos céus e, por possuírem faculdades e percepções limitadas, não compreendem que Deus possa ou ouse intervir diretamente nas pequenas coisas.

·      Deus, sendo Espírito, é incorpóreo, invisível, sem substância material, sem partes ou paixões físicas e, portanto, é livre de todas as limitações temporais (II Co.3:17).

·         Deus é infinitamente perfeito. É impossível conceber Deus sem o infinito das perfeições, sem o que Ele não seria Deus, pois poderíamos sempre conceber um ser que possuísse o atributo que lhe faltasse. Para que nenhum ente o possa ultrapassar, importa que Ele seja infinito em tudo.
Os atributos de Deus, por serem infinitos, não são suscetíveis nem de aumento nem de diminuição, pois deixariam de ser infinitos e Deus não seria perfeito. Se tirássemos a menor parcela que fosse de um só de seus atributos, já não teríamos mais Deus, visto que seria possível existir um ser mais perfeito que Ele.

·          A perfeição é o atributo pelo qual Deus é isento de toda e qualquer limitação em seu Ser e em seus atributos (Mt.5:48). A infinidade de Deus se contrasta com o mundo finito em sua relação tempo-espaço.

·          Se houvermos compreendido bem a relação, ou antes, a oposição entre a eternidade e o tempo, se nos tivermos familiarizado com esta idéia – que o tempo não é senão uma medida relativa da sucessão das coisas transitórias, ao passo que a eternidade é essencialmente uma, imóvel e permanente, e que não é suscetível de medida alguma no ponto de vista da duração compreenderemos que, para esta, não há nem começo nem fim.
Por outro lado, se fizermos uma justa idéia embora necessariamente bem fraca – da grandeza infinita do poder divino, compreenderemos como é possível que o Universo tenha sempre existido e exista para sempre. Desde o momento em que Deus passou a existir, suas perfeições eternas se manifestaram. Antes que nascessem os tempos, a Eternidade incomensurável recebeu a palavra divina e criou o Espaço, igualmente eterno.  ‘’



FONTES DAS PESQUISAS: - A GENESE – A VIDA NO OUTRO MUNDO – ALMAS CRUCIFICADAS – BÍBLIA SAGRADA –  CARACTERES DA REVELAÇÃO ESPIRITA –    CORREIO ELETRÔNICO –  INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA DOUTRINA ESPIRITA – O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – O LIVRO DOS ESPÍRITOS –   O SUBLIME PEREGRINO – PRECES DO EVANGELHO


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