domingo, 24 de agosto de 2014

TEORIA - MEDIUNIDADE & ANIMISMO

André Luiz, em seu livro Mecanismos da Mediunidade, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, define animismo como sendo "o conjunto dos fenômenos psíquicos produzidos com a cooperação consciente ou inconsciente dos médiuns em ação."

"Se o animismo faz parte do processo mediúnico sempre haverá um porcentual a ser considerado, não fixo, mas variável, envolvendo o grau de desenvolvimento do médium."

Nossa opinião: - Entendemos que o animismo, a bem de esclarecimento, pode perfazer totalmente a manifestação quando a alma está emancipada. Isto se verifica quando médiuns de desdobramentos, sonambulismo, etc. encontram-se em atividades socorristas, principalmente.

    Alinhando apontamentos sobre a mediunidade, não será lícito esquecer algumas considerações em torno do animismo ou conjunto dos fenômenos psíquicos produzidos com a cooperação consciente ou inconsciente dos médiuns em ação.

       Temos aqui muitas ocorrências que podem repontar nos fenômenos mediúnicos de efeito físicos ou de efeitos intelectuais, com a própria Inteligência encarnada comandando manifestações ou delas participando com diligência, numa demonstração que o corpo espiritual pode efetivamente desdobrar-se e atuar com os seus recursos e implementos característicos, como consciência pensante e organizadora, fora do carro físico.

         A verificação de semelhantes acontecimentos criou entre os opositores da Doutrina Espírita as teorias de negação, porquanto, admitida a possibilidade de o próprio Espírito encarnado poder atuar fora do traje fisiológico, apressaram-se os descrentes inveterados a afirmar que todos os sucessos medianímicos se reduzem à influência de uma força nervosa que efetua, fora do corpo carnal, determinadas ações mecânicas e plásticas, configurando, ainda, alucinações de variada espécie.

         Todavia, os estardalhaços e pavores levantados por esses argumentos indébitos, arredando para longe o otimismo e a esperança de tantas criaturas que começam confiantemente a iniciação nos serviços da mediunidade, não apresentam qualquer significado substancial, porque é forçoso ponderar que os Espíritos desencarnados e encarnados não se filiam a raças contrárias que se devam reencontrar em condições miraculosas.

Animismo ou Espiritismo? Qual dos dois explica o conjunto dos fatos?

     Nem um, nem outro, pois que ambos são indispensáveis à explicação do conjunto dos fenômenos supranormais, cumprindo se observe, a propósito, que eles são efeitos de uma causa única: o espírito humano que, quando se manifesta em momentos fugazes, durante a existência “encarnada”, determina os fenômenos anímicos e, quando se manifesta na condição de “desencarnado” no mundo dos vivos, determina os fenômenos espíritas.

         É racional, com efeito, supor-se que o que um Espírito “desencarnado” pode realizar, também, deve podê-lo – embora menos bem – um Espírito “encarnado”, sob a condição, porém, de que se ache em emancipação da alma, fase que corresponde a um processo de desprendimento do Espírito (sono fisiológico, sono sonambúlico, sono mediúnico, êxtase, delíquio, narcose, coma, eqm, etc.
Para uma melhor avaliação, vamos particularizar as manifestações mediúnicas e anímicas em três situações: a) as espirituais ou aquelas que envolvem o espírito desencarnado; b) as de animismo emergente; c) as que conscientemente o médium se manifesta num autentico estado de emancipação da alma

a)            As espirituais ou aquelas que envolvem o espírito desencarnado  

Na verdade a questão do animismo foi de tal maneira inflada, além de suas proporções, que acabou transformando-se em verdadeiro fantasma, uma assombração para espíritas desprevenidos ou desatentos. Muitos são os dirigentes que condenam sumariamente o médium, pregando-lhe o rótulo de fraude, ante a mais leve suspeita de estar produzindo fenômeno anímico e não espírita. Não há fenômeno espiritual puro, de vez que a manifestação de seres desencontrados, em nosso contexto terreno, precisa do médium encamado, ou seja, precisam do veículo das faculdades da alma (espírito encarnado) e, portanto, anímicas.

No capítulo XIX de O Livro dos Médiuns ("Do papel dos médiuns nas comunicações espíritas") Kardec reproduz o teor das consultas que formulou a dois dos mais competentes especialistas sobre o fenômeno mediúnico, ou seja, Erasto e Timóteo, que parece terem sido incumbido de orientar os estudos em tomo da mediunidade.

Quando Kardec pergunta como é que um espírito manifestante fala uma língua que não conheceu quando encamado, Erasto e Timóteo declaram que o próprio Kardec respondeu à sua dúvida, ao afirmar, no início de sua pergunta, que "os espíritos só têm a linguagem do pensamento; não dispõem da linguagem articulada". Exatamente por isso, ou seja, por não se comunicarem por meio de palavras, eles transmitem aos médiuns seus pensamentos e deixam a cargo do instrumento vesti-los, obviamente, na língua própria do sensitivo.

         Reiteramos, portanto, que não há fenômeno mediúnico sem participação anímica. O cuidado que se toma necessário ter na dinâmica do fenômeno não é colocar o médium sob suspeita de animismo, como se o animismo fosse um estigma, e sim ajudá-lo a ser um instrumento fiel, traduzindo em palavras adequadas o pensamento que lhe está sendo transmitido sem palavras pelos espíritos comunicantes.

b)           As de animismo emergente

         Certamente ocorrem manifestações de animismo puro, ou seja, comunicações e fenômenos produzidos pelo espírito do médium (Alma) sem nenhum componente espiritual estranho, sem a participação de outro espírito, encamado ou desencontrado. Nem isso, porém, constitui motivo para condenação sumária ao médium e, sim, objeto de exame e análise competente e serena, com a finalidade de apurar o sentido do fenômeno, seu por que, suas causas e conseqüências.       
O animismo é a comunicação da própria alma do médium. Em todas as comunicações mediúnicas é necessário levar em consideração o fator anímico. Todos os médiuns possuem problemas anímicos, ou seja, dificuldades provenientes do seu próprio Espírito e personalidade. É comum que essas anormalidades emocionais ou psicológicas aflorem durante o transe mediúnico.
Vejamos uma manifestação de autentico animismo, extraída do livro Nos Domínios da Mediunidade – cap. 22. Um episódio cristalizado na inconsciência da médium; vejamos o exemplo de uma emersão no passado:
“E a pobre criatura prorrompeu em soluços, enquanto um homem desencarnado, não longe, fitava-a com inexprimível desalento.
Perplexos, Hilário e eu lançamos um olhar indagador ao Assistente, que nos percebeu a estranheza, porquanto a enferma, sem a presença da mulher invisível que parecia personificar, prosseguia em aflitiva posição de sofrimento.
- Não vejo a entidade de quem a nossa irmã se faz intérprete - alegou Hilário.
- Estamos diante do passado de nossa companheira. A mágoa e o azedume, tanto quanto a personalidade supostamente exótica de que dá testemunho, tudo procede dela mesma...
Ante a aproximação de antigo desafeto, que ainda a persegue de nosso plano, revive a experiência dolorosa que lhe ocorreu, em cidade do Velho Mundo, no século passado, e entra em seguida a padecer de melancolia.
(...) Mediunicamente falando, vemos aqui um processo de autêntico animismo. “Nossa amiga supõe encarnar uma personalidade diferente, quando apenas exterioriza o mundo de si mesma...”

c)            As que conscientemente o médium se manifesta num autentico estado de emancipação da alma: Ideoplastia, bi-corporeidade, pré-cognição e retro-cognição, dentre outras.

Para que ocorram fenômenos anímicos desta natureza, faz-se necessário que o perispírito do encarnado desprenda-se, parcial e momentaneamente, do seu corpo físico. Nestas circunstâncias, a alma toma conhecimento da realidade extra física, percebendo-a de acordo com o seu entendimento. Nestas circunstâncias, pode entrar em comunicação com outros Espíritos desencarnados e encarnados. Durante esse desprendimento (ou emancipação da alma), que pode ser mais ou menos duradouro, diz-se que o Espírito do encarnado encontra-se desdobrado, em estado semelhante ao do transe, situado entre a vigília e o sono.

Desse modo, na manifestação anímica, o médium pode expressar muitos conhecimentos que ele, enquanto encarnado, não possui. Daí decorre, muitas vezes, que não há como se saber se uma manifestação é anímica ou realmente mediúnica, ocorrendo esta última tão somente quando o espírito que se comunica não é o que está encarnado, ou seja, não é o médium, e sim uma individualidade desencarnada, um espírito. Os fenômenos espíritas (produzidos por um espírito) podem ser divididos em dois grupos: os fenômenos anímicos (quando é produzido pelo encarnado, com suas próprias faculdades espirituais, sem o uso dos sentidos físicos, graças à expansão de seu perispírito; os fenômenos mediúnicos, produzidos por um espírito por intermédio do médium. Ainda segundo Therezinha de Oliveira, quanto maior o grau de expansão do perispírito, mais expressivo poderá ser o fenômeno anímico, pois o encarnado poderá desfrutar mais de maior liberdade em relação ao corpo, passando a atuar mais como um espírito liberto.

Entretanto, mostra-se difícil separar o fenômeno anímico do mediúnico, pois: 1) - São as próprias capacidades anímicas dos médiuns que os fazem instrumentos para a atuação dos espíritos; 2) - Nem sempre podemos definir, com precisão, se o fenômeno está ou não sendo provocado ou coadjuvado por espíritos. Na grande maioria das vezes, o que ocorre é um estado intermediário com maior ou menor participação do espírito encarnado no médium em relação ao espírito desencarnado que por ele se expressa.
Há, contudo, casos destas manifestações anímicas associadas à obsessão, às vezes despercebidos no grupo mediúnico. Atentemos a este esclarecimento do Espírito André Luiz: Neste aspecto surpreendemos multiformes processos de obsessão, nos quais Inteligências desencarnadas de grande poder senhoreiam vítimas inabilitadas às defensivas, detendo-as, por tempo indeterminado, em certos tipos de influenciação obsessiva.

O fenômeno anímico, portanto, na esfera de atividades espíritas, significa a intervenção da própria personalidade do médium nas comunicações, quer dos espíritos desencarnados, quando ele impõe nelas algo de si mesmo à conta de mensagens transmitidas de Além-Túmulo ou quando conscientemente desfruta das suas possibilidades diante da emancipação da alma, tendo neste caso manifestado apenas os seus próprios conhecimentos que se encontravam latentes no inconsciente. Outro fator a ser considerado é que a alma do médium pode comunicar-se como a de qualquer outro.
          Assim quando se afirma que determinada comunicação mediúnica foi “puro animismo” quer-se explicar que a alma do médium ali interveio com exclusividade tendo ele manifestado consciente ou inconscientemente apenas os seus próprios conhecimentos e conceitos pessoais, embora depois os rotulasse com o nome de algum espírito desencarnado.

A teoria do animismo, ou o termo "animismo" aparenta ter sido desenvolvido inicialmente pelo cientista alemão Georg Ernst Stahl, por volta de 1720, para se referir ao "conceito de que a vida animal é produzida por uma alma imaterial". Uma das redefinições mais famosas do termo foi feita pelo antropólogo inglês Sir Edward B. Tylor, em 1871, na obra Primitive Culture (A Cultura Primitiva) .

Para o Espiritismo, o animismo é o estado em que opera o Espírito do médium, e não o do desencarnado. O médium, sob a influência da própria faculdade ou da assistência, fala e obra por si mesmo sem interferência de Espírito desencarnado.

Diz-se que animismo é a influência do médium na comunicação mediúnica porque a mediunidade não existe sem animismo. Sempre que houver uma comunicação mediúnica, haverá a influência do médium, que empresta o seu veículo físico para a manifestação do Espírito desencarnado.

Todas as manifestações mediúnicas (psicofonia, psicografia, vidência, audiência, intuição, cura, etc.), classificadas por Allan Kardec em fenômenos de efeitos físicos e fenômenos de efeitos inteligentes, trazem o teor anímico do médium, uma vez que este não age como uma máquina, na recepção e transmissão da mensagem do Espírito comunicante. Funciona como um intérprete do pensamento do Espírito, imprimindo naturalmente às comunicações mediúnicas que intermedia características peculiares de sua personalidade: “(…) É por isso que, seja qual for à diversidade dos Espíritos que se comunicam por um médium, os ditados que este obtém ainda que procedendo de Espíritos diferentes, trazem, quanto à forma e ao colorido, o cunho que lhe é pessoal. (…)”, afirmam Erasto e Timóteo em mensagem que consta de O Livro dos Médiuns. Allan Kardec, por sua vez, acrescenta: O Espírito do médium é o intérprete, porque está ligado ao corpo que serve para falar e por ser necessária uma cadeia entre vós e os Espíritos que se comunicam como é preciso um fio elétrico para transmitir uma notícia a grande distância, desde que haja, na extremidade do fio, uma pessoa inteligente que a receba e transmita.

Freqüentemente, pessoas encarnadas, nessa modalidade de provação regeneradora, são encontráveis nas reuniões mediúnicas, mergulhadas nos mais complexos estados emotivos, quais se personificassem entidades outras, quando, na realidade, exprimem a si mesmas, a emergirem da subconsciência nos trajes mentais em que se externavam noutras épocas, sob o fascínio constante dos desencarnados que as subjugam.

Vemos assim, a necessidade, sempre presente, da aquisição do conhecimento espírita e o desenvolvimento do espírito de fraternidade, aconselhado por Jesus, a fim de analisar o assunto com maturidade e discernimento espirituais.

Kardec não utiliza o termo animismo. Contudo, um estudo apurado do capítulo 19 de O Livro dos Médiuns esclarece-nos que nas comunicações... “O Espírito do médium é interprete e exerce influência sobre as comunicações que deve transmitir. Nunca é completamente passivo. É passivo quando não mistura suas próprias idéias à do Espírito estranho, porém, jamais é absolutamente nulo, seu concurso é sempre necessário como intermediário, mesmo nos que chamamos de médiuns mecânicos”

Assim, animismo é a influência do médium na comunicação do Espírito. Poderá haver contradições, e até erro na comunicação. Difere da mistificação que, pelo contrário, engana e abusa da credulidade de outrem, fazendo-o crer como verdadeiro o que é falso. É agir de má fé.

Em O Livro dos Espíritos (capítulo VII, "Da Emancipação da alma") foi também abordado o tema da atividade espiritual do ser encamado. Se nos lembrarmos de que a codificação conceitua a alma (anima) como espírito encamado, temos aí a clara abordagem à questão do animismo, embora o termo somente seria proposto, anos mais tarde, por Aksakof, como vimos.

Cuida esse capítulo da atividade da alma, enquanto desdobrada do corpo físico pelo sono comum, e nisto estão incluídos os sonhos, contatos pessoais com outros indivíduos, encamados ou desencarnados, telepatia, letargia, catalepsia, morte aparente, sonambulismo, êxtase, dupla visão. Todo esse capítulo cuida, portanto, da fenomenologia anímica, ainda que de maneira um tanto sumária, pelas razões já expostas.

Por ocasião dos preparativos ao Congresso Espírita Internacional, programado para Glasgow em setembro de 1937, o comitê organizador escreveu ao cientista italiano Enesto Bozzano convidando-o a participar dos trabalhos na honrosa (e merecida) condição de seu vice-presidente.

Pedia ainda o comitê que Bozzano preparasse um resumo de sua obra, já bastante volumosa àquela época, destacando como tema básico a questão do animismo, de forma a encaminhar uma solução conclusiva para o problema que se colocava na seguinte pergunta-título sugerida para seu ensaio: Animism or spiritualism - Which explains the facts? (Animismo ou espiritismo - Qual deles explica os fatos?). O eminente pesquisador italiano alcançara, em 1937, a respeitável idade de 75 anos - viveria mais seis anos, pois morreu em 1943 -, e o tema proposto pelos organizadores do congresso significava como ele próprio o caracterizou "formidável encargo", dado que se datava de "resumir a maior parte da minha obra de 40 anos". A despeito disso, o idoso cientista entusiasmou-se pelo assunto, que se apresentava como “teoricamente muito importante".

Foi assim que os estudiosos dos fenômenos psíquicos se viram presenteados com mais um de seus notáveis e competentes estudos, que a Federação Espírita Brasileira vem publicando, em sucessivas edições, sob o título Animismo ou Espiritismo?
Não foi difícil para ele responder o que lhe fora perguntado, mesmo porque a resposta estava implícita em sua obra:

 Nem um, nem outro logra, separadamente, explicar o conjunto dos fenômenos supranormais. Ambos são indispensáveis a tal fim e não podem separar-se, pois que são efeitos de uma causa única, e esta causa é o espírito humano que, quando se manifesta, em momentos fugazes durante a encarnação, determina os fenômenos anímicos e, quando se manifesta mediunicamente, durante a existência 'desencarnada', determina os fenômenos espiríticos. (Bozzano, Ernesto, 1987.)

O tema já fora tratado, aliás, em outra importante obra a de Alexandre Aksakof, igualmente publicada pela FEB, sob o título Animismo e Espiritismo (2 volumes).

Tanto a obra de Bozzano quanto a de Aksakof são enriquecidas como relato de inúmeros fatos colhidos e examinados com atento critério seletivo. A de Bozzano, como vimos, foi motivada pela solicitação dos organizadores do Congresso de 1937; a de Aksakof resultou de sua corajosa decisão de responder à altura as veementes criticas do filósofo Eduard Von Hartmann, intitulada O Espiritismo, que alcançara certa repercussão pelo prestígio de que gozava seu brilhante autor.

Somos levados a crer, hoje, que o fator importante no êxito do livro de Hartmann foi o fato de que era o primeiro ataque maciço e inegavelmente inteligente às teses doutrinárias do espiritismo, ao oferecer explicações alternativas aceitáveis, em princípio, ou seja, a de que os fenômenos, nos quais o espiritismo via manifestações de seres desencarnados sobreviventes, deveriam ser considerados como produzidos pelas faculdades normais da mente humana. O vigoroso estudo de Hartmann como que atendia a uma ansiada expectativa de parte de inúmeros cépticos e negativistas irredutíveis, desesperados por uma teoria inteligente que demolisse, de uma vez para sempre, as estruturas do espiritismo nascente. Para estes a obra de Hartmann foi um alívio. Afinal surgia alguém que conseguia 'demonstrar' ser uma grande tolice essa história da sobrevivência do ser que os espíritas estavam a disseminar por toda a parte, conseguindo até 'envolver' figuras da maior projeção na sociedade, nas artes e, principalmente, na ciência. Era uma loucura, a que alguém precisava mesmo por um ponto final. Acharam que Hartmann havia conseguido essa proeza histórica - a de deter com argumentos tidos como irrespondíveis a maré crescente do espiritismo.

O eminente cientista russo propõe para os fenômenos anímicos uma classificação em quatro categorias distintas, todos eles, contudo, resultantes do que ele chama de "ação extracorpórea do homem vivo", isto é, fenômenos produzidos pelo ser encarnado para os quais não há necessidade de recorrer-se à interferência de desencarnados. Nesse quadro ele colocou: 1) efeitos psíquicos (telepatia, impressões transmitidas à distância); 2) efeitos físicos (fenômenos telecinéticos, isto é, movimento à distância); 3) projeção da imagem (fenômenos telefânicos, ou seja, desdobramento ou emancipação da alma); 4) projeção de imagens "com certos atributos de corporeidade", isto é, formação de corpos materializados.
Quanto a Kardec, ainda em O Livro dos Médiuns, este pergunta aos espíritos se "o espírito do médium influi nas comunicações de outros espíritos que ele deve transmitir", recebe a seguinte resposta: "Sim, pois se não há afinidade entre eles, o espírito do médium pode alterar as respostas, adaptando-as às suas próprias idéias e às suas tendências." Em seguida, Kardec lhes pergunta se "é essa a causa da preferência dos espíritos por certos médiuns", ao que os espíritos respondem: "Não existe outro motivo. Procuram intérprete que melhor simpatize com eles e transmita com maior exatidão o seu pensamento."

Outro fator a ser, também, considerado é que sendo o animismo a interferência, participação ou mesmo manifestação do espírito do próprio médium no fenômeno, vamos notar que determinadas capacidades psíquicas, classificadas como mediúnicas são, na verdade, anímicas, por serem capacidades inerentes ao próprio ser humano, pois não dependem da interferência ou ação de mentes externas, encarnadas ou desencarnadas, para se manifestarem.


Fontes: Diversidade dos Carismas - Estudando a Mediunidade - O Livro dos Espíritos - O Livro dos Médiuns - Mecanismos da Mediunidade - Nos Domínios da Mediunidade -  Web