quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

TEORIA - LEI DA AÇÃO E REAÇÃO


LEI DA AÇÃO E REAÇÃO





 “Crise, tribulação, instante de agonia,
Desilusão, tristeza e dissabor
São medidas de amor
Com que o Céu nos protege, dia-a-dia.”
Maria Dolores

Todos nós vivemos neste universo infinito, criado por Deus, o nosso Pai. Conseqüentemente, tudo e todos estão sujeitos às suas Leis, ou como ainda falam alguns: às leis da natureza.

Uma dessas “leis naturais” é a conhecida Lei de Ação e Reação, a famosa terceira lei de Newton: “A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade: ou as ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas em sentidos opostos.”

Outra lei natural é a Lei de Causa e Efeito, a qual não foi descoberta, mas revelada para todos nós, de forma aceitável, através da Doutrina Espírita, no século XIX. Essa lei é bem discutida nos livros da Codificação Espírita, sobretudo nos seguintes livros: O Livro dos Espíritos, O Evangelho Segundo o Espiritismo e O Céu e o Inferno. O conhecimento da Lei de Causa e Efeito é bastante importante para que possamos compreender o amor de Deus. Em verdade, o entendimento claro e racional dessa lei tem o potencial de fazer com que nós ajamos em concordância com o Amor. Em outras palavras, a compreensão da Lei de Causa e Efeito pode nos ajudar a tomarmos decisões sábias, em nossas existências, e, conseqüentemente, a evoluirmos de forma mais eficiente.
O princípio desta Lei, ensinado pelos espíritos, diz que quando há abuso do livre-arbítrio a causa e o efeito estão na pessoa: quando se faz o bem ou o mal, a causa está em na pessoa, e o efeito também.
 Claramente, tais leis têm um princípio semelhante: entretanto são leis diferentes. A semelhança entre essas leis se baseia no fundamento de que, para cada ação, existirá uma reação; e, para cada causa, tem-se um efeito. Esse fundamento é algo lógico, para tudo na vida; entretanto, as maneiras como a Lei de Causa e Efeito e a Lei de Ação e Reação se processam são completamente diferentes.
 Aristóteles afirmava que "uma pedra de granito poderia se transformar numa estátua desde que um escultor se dispusesse a esculpi-la". Poderia usar infinitos exemplos, porém, contentar-me-ei apenas com um: se uma pessoa de tez branca ficar exposta à irradiação solar, sem proteção alguma, por horas e horas, ela estaria sujeita a dois tipos de efeitos possíveis: os efeitos determinísticos (1) que são os que aparecem imediatamente, como queimadura e insolação, e os efeitos estocásticos (2) que podem se manifestar ou não, como o câncer.
Nosso propósito não é voltado ao físico inglês, tão pouco a abrangência de causa ou efeito, mas voltado aos estudos que a doutrina espírita nos oferece sobre a Lei da Ação e Reação, ou do Karma segundo outros, razão pela qual, de início, buscamos no Dicionário Aurélio o entendimento etimológico de ação e reação.    

Ação - Processo que decorre da natureza ou do procedimento de um ser, o agente, e de que resulta criação ou modificação da realidade.
Reação - Ato ou efeito de reagir. Resposta a uma ação qualquer por meio de outra ação que tende a anular a precedente. Força que se opõe a outra: luta, resistência.

Ao empreender este estudo temos em vista autenticar um dos mais fascinantes aspectos da Lei da Reencarnação, nos seus entrosamentos com o karma.
Aquele que entende a lei do karma, assim denominada no oriente, que constitui também a lei da ação e reação, conforme é habitualmente chamada nos países cristãos, é na verdade um homem  sábio.
·      O “Karma”, o “destino” ou o termo espírita “ação e reação”, quando entendidos sob este rigoroso ponto de vista, limitam o processo participativo do indivíduo em seu progresso pessoal.
Equivocadamente nóos acostumamos a projetar a responsabilidade que nos cabe aos outros. Aceitando o destino rigidamente determinado responsabilizamos Deus pelas conseqüências de nossos atos.
O espiritualismo que permeia os conceitos espíritas traz em seu bojo diversas questões políticas e sociais  que precisam ser bem interpretadas para que estas idéias não venham a ferir o raciocínio critico preciso dos conceitos ditados a Allan Kardec pelos espíritos.
O que aqui se faz aqui se paga?
·      Sim. Desrespeitando-se as leis, estas, em desarmonia, giram em torno dos infratores, até que eles venham reorganizá-las. Todo mal que fazemos é mal que produzimos a nós mesmos. Os erros que aqui engendramos nos perturbam e devemos resgatá-los aqui mesmo, na Terra, reeducando-nos.
·      Ninguém agride impunemente a harmonia universal sem que lhe seja exigida a devida reparação a iniciar-se pelos processos das culpas instaladas nos escaninhos mais íntimos da própria consciência que, de forma impostergável, exigira a reparação ceitil por ceitil.
·      Todos os Espíritos estão submetidos às leis da natureza, cuja regência é exercida conforme o grau de conhecimento e responsabilidade de cada um ao praticar uma ação qualquer. Como a cada ação corresponde uma reação, atuando no bem ou no mal o Espírito não consegue evadir-se da lei, que abrange qualquer fenômeno material ou moral.
Se cada Espírito está a cada dia em modificação do seu carma, temos que o homem constrói a cada hora o seu futuro, assim como a família, o país, o continente e a humanidade. Tudo é transformação. O mundo de  há um minuto não é o mesmo de agora.

Família

·      Normalmente, antes do mergulho do corpo carnal, o Espírito reencarnante estabelece intercâmbio com os futuros genitores, de cujo concurso necessitam para o cometimento a empreender.
Os filhos não chegados pela via normal, não obstante, alcançarão a casa dos sentimentos negados, utilizando-se de sutis recursos da Vida, que reaproximam os afins pelo amor ou pela rebeldia quando separados, para as justas reparações.
Chegarão a outros tetos, mas dali sairão atraídos pelas necessidades propelentes ao encontro da família que lhe é própria, nem sempre forrados em objetivos relevantes...
- Alguém que te chega, perturbando a paz...
- Outrem que te rouba pertences e sossego...
- etc. – todos eles estão vinculados a ti.

Dor  e Karma

·      A dor nem sempre deve ser encarada assim, de modo tão radical, pois nem sempre é resgate de faltas, mas sim um processo de aperfeiçoamento ou de técnica retificadora, sendo que em muitos casos é apenas o efeito da causa, do ato sobre o meio em que o espírito atua. Se considerarmos a dor exclusivamente como resgate de delitos passados, teremos de procurar a origem  do sofrimento de todos os animais e mesmo de muitos missionários e instrutores religiosos que suportam o sofrimento para nos indicar a senda da Verdade.
Embora não esteja expiando culpas do passado, é certo que o cão morre triturado sob as rodas dos veículos; o boi tanto sucumbe nos matadouros como em conseqüência de moléstias, enquanto os ratos morrem acossados pela peste ou caçados impiedosamente nos cantos sombrios dos velhos casarões. Desde que se admita o carma como a lei mosaica do “olho por olho e dente por dente” é evidente que termos de supor que Jesus, pelo fato de ter sido crucificado deveria estar resgatando delitos do passado.
O pianista que pretende alcançar êxito na sua carreira artística, ou o cantor que deseja a gloria do sucesso lírico, sem dúvida terá que se entregar completamente ao seu treinamento e cultura musical; há de se fatigar inúmeras vezes, vivendo entre as angústias do êxito e do fracasso, sem que tudo isso queira dizer que se submeteu a um sofrimento para resgate  de faltas! Há um determinismo, nesse caso, mas é apenas efeito da arte a que o indivíduo se dedicou, a qual, por ser elevada, exige sacrifícios, aflições, desconforto e aproveitamento criterioso do tempo.
Qual o sentido da vida material, senão o de um disciplinado experimento, para que o animal seja domesticado em suas paixões grosseiras, dando lugar ao anjo glorioso dos planos edênicos? Através da dor, que tanto atemoriza os seres humanos, opera-se um aperfeiçoamento, pois as formas inferiores terminam adquirindo qualidades superiores. Na dor mineral, o carbono bruto se transforma em cobiçado brilhante; na dor vegetal, a videira podada se cobre depois de flores e frutos sazonados. Na dor animal, as espécies inferiores alcançam a figura ereta do homem e, na dor humana, o homem se transfigura em anjo eterno! Em verdade, tudo isso não passa de um  processo benéfico e sublime disciplinado pela técnica que transforma o inferior em superior.
·      O que se origina do karma não tem cura; tudo o que é curável não é carma. E como não sabemos distinguir o que é mal cármico daquele que não o é, temos o dever de lutar para obter a cura do mal que nos aflige; mas enquanto ela não vem, sofrer resignadamente.
·      Quando o perispírito traz em sua matriz a doença ou deficiência naquele órgão, devido aos desatinos do passado, no qual o Espírito se comprometeu perante a lei. Pode ser o coração do colérico, o fígado do alcoólatra, os pulmões do fumante... Devido ao problema cármico, o próprio organismo rejeita o órgão transplantado, porque já se adaptara se programara para abrigar um órgão deficiente. A matriz perispiritual do órgão é comprometida, e mesmo que seja removido o órgão doente e substituído por um outro sadio, não havendo a interferência da equipe espiritual atuando em conjunto com a equipe médica encarnada, em nenhum resultado prático redunda o transplante, visto que os técnicos não interferem na lei cármica.
·      O perispírito do homem animalizado, cujo teor dos pensamentos se caracteriza pelo egoísmo, ódio, sensualidade e similares, tornam-se impregnado de fluidos densos, cuja fuligem tóxica, aderente e nociva, superpõe-se em camadas, a exigir drenagem para clarificar-se. Quando esse fluído “petrificado” através dos séculos é atraído pelo magnetismo natural do corpo físico, que funciona qual esponja absorvente ou redutora de densidade, afeta o tônus vital da célula, trazendo como conseqüência imediata a redução nas funções de captação do fluido vital, do teor de oxigênio, forçando-a a sobrecarga de carbono, com efeito lesivo para o seu núcleo. Sobressai-se o processo cancerígeno, no ponto mais frágil ou vulnerável do organismo. Movidas pelo instinto de conservação, essas células deficitárias multiplicam-se desarmoniosamente, na ânsia de reter o oxigênio escasso. Obedecem à mesma lei da multiplicação de hemácias, quando o indivíduo passa a habitar grandes altitudes, onde o oxigênio é deficiente.
·      Para melhor entender o “karma” ou “conta do destino criada por nós mesmos” convém lembrar que o Governo da Vida possui igualmente o seu sistema de contabilidade, a se lhe expressar no mecanismo de justiça inalienável. Se no círculo das atividades terrenas qualquer organização precisa estabelecer um regime de contas para basear as tarefas que lhe falem à responsabilidade, a Casa de Deus, que é todo o Universo, não viveria igualmente sem ordem. 
A história de Lenita, em Violetas na Janela

Desencarnei há muitos anos, fui assassinada. Foi bem triste e cruel. Sofri muito. Estava noiva, amava e era amada. Ao voltar do trabalho, à tardinha, sozinha, um homem me rendeu, me amarrou, tampou minha boca e me levou para um local isolado. Estuprou-me e feriu-me com uma faca, largando-me num buraco. Desencarnei com muita dor e agonia. Socorristas me desligaram e levaram para um Posto de Socorro. Julguei que ainda estava viva, encarnada, não acreditei, não queria nem pensar que desencarnara, iludi-me de tal modo que até esqueci o que acontecera, só queria sarar e voltar para perto dos meus. Como não me levaram, fugi, fui para a casa terrena. Decepcionei-me muito e fiquei magoada. Nada era como antes, meu noivo nem sentiu minha falta como eu pensei. Já namora outra. Comecei a enlouquecer. Meus ferimentos voltaram, triste, fiquei a vagar. Só então entendi que desencarnara, pedi a Deus ajuda com sinceridade. Novamente fui socorrida. Desta vez, sem ilusão, magoada e triste, tive que fazer um mongo tratamento para me recuperar. Estava revoltada com a maldade, a lembrança do acontecimento bárbaro fazia-me entrar em crise de desespero. Foi necessário recordar parte do meu passado, de uma outra existência, onde vi a ação que fiz para ter esta reação. Fui, no passado, distante um mercador de escravas jovens e bonitas, negociava-as para homens de maus instintos.

Livre Arbítrio

·      Pelo estudo da situação dos Espíritos sabe o homem que a felicidade e a desgraça na vida espiritual são inerentes ao grau de perfeição e de imperfeição; que cada um sofre as conseqüências diretas e naturais de suas faltas. Por outras palavras, que é punido naquilo em que pecou; que essas conseqüências duram tanto quanto a ação que as produziu; que, assim, o culpado sofreria eternamente, se eternamente persistisse no mal; mas que o sofrimento cessa com o arrependimento e a reparação. Ora, como de cada um depende a própria melhora, em virtude do livre arbítrio, cada um pode prolongar ou abreviar os seus sofrimentos, assim como o doente sofre as conseqüências de seus excessos, enquanto nestes não puser um termo.
·          Se o homem se submetesse rigorosamente às leis divinas, evitaria, sem dúvida, os mais acerbos males, e viveria feliz sobre a Terra. Se não o faz, é em virtude de seu livre arbítrio, e disso sofre as conseqüências.
O Bem e o Mal
640. Aquele que não pratica o mal, mas que se aproveita do mal praticado por outrem, é tão culpado quanto este?
“É como se o houvera praticado. Aproveitar do mal é participar dele. Talvez não fosse capaz de praticá-lo; mas, desde que, achando-o feito, dele tira partido, é que o aprova; é que o teria praticado, se pudera, ou se ousara.”
·      Quem se aproveita do ambiente propício ao mal e o pratica, recebe da lei as corrigendas; se vive pensando na desarmonia dos outros, certamente ela passa a ser gerada dentro de si mesmo.
As oportunidades que surgem para cometer faltas, quando aproveitadas pelo violento, é problema de sintonia. O mal está dentro dele, pela presença da ignorância. Estejas certo de que não deves interessar-te pelo mal, seja ele qual for. Nós fomos feitos por amor. Deus é a perfeição e não iria nos fazer propensos ao mal.
·      O bem é o progresso e a felicidade, a segurança e justiça para todos os nossos semelhantes e para todas as criaturas de nossa estrada, aos quais devemos empenhar as conveniências de nosso exclusivismo, mas sem qualquer constrangimento por parte de ordenações puramente humanas, que nos colocariam em falsa posição no serviço, por atuarem de fora para dentro, gerando, muitas vezes, em nosso cosmo interior, para nosso prejuízo a indisciplina e a revolta. O bem será, desse modo, nossa decidida cooperação com a Lei, a favor de todos, ainda mesmo que isso nos custe a renunciação mais completa, visto não ignorarmos que, auxiliando a Lei do Senhor e agindo de conformidade com ela, seremos por ela ajudados e sustentados no campo dos valores imperecíveis.
· O mal será sempre representado por aquela triste vocação do bem unicamente para nós mesmos, a expressar-se no egoísmo e na vaidade, na insensatez e no orgulho que nos assinala a permanência nas linhas inferiores do espírito.

Oração Dominical

·      Cada infração das vossas leis, Senhor, é grave ofensa contra vós e é uma dívida contraída, que havemos de resgatar. Pedimos o indulto da vossa misericórdia, sob promessa de nos esforçarmos por não contrair novas dívidas.
Fizestes da caridade uma lei primordial, mas a caridade não consiste somente em socorrer o nosso semelhante nas necessidades, mas também no esquecimento e perdão das ofensas. Com que direito reclamaríamos a vossa misericórdia, quando a não tivéssemos com aquele de quem temos queixas?
Dái-nos, ó meu Deus, as forças para abafar em nossa alma os ressentimentos, o ódio e o rancor. Permiti que a morte não nos surpreenda com desejos de vingança no coração. Se vos aprouver retirar-nos hoje mesmo daqui, fazei com que nos possamos apresentar diante de vós puros de qualquer animosidade, a exemplo do Cristo, suas últimas palavras foram de perdão para os seus algozes.
As perseguições que os maus nos fazem experimentar constitui parte das nossas provações terrestres. Devemos aceitá-las sem queixume, como a todas as demais provas, nunca maldizendo os que, por maldade, nos barram o caminho da felicidade eterna, pois dissestes pela boca de Jesus que eram bem aventurados os que sofressem por amor da justiça. Bendigamos a mão que nos fere e nos humilha, pois os matadores do corpo nos fortalecem a alma, e nós seremos exaltados pela nossa humildade.
Bendito seja o vosso nome, Senhor, por nos haverdes ensinado que a nossa sorte não está irrevogavelmente fixada depois da morte, pois que acharemos em outras existências os meios de resgatar as faltas do passado, e de efetuar em nova vida o que não pudermos aqui fazer pelo nosso adiantamento.
Por esse meio se explicam todas as anomalias aparentes da vida. Essa luz projetada sobre o nosso passado, sobre o futuro, é o sinal luminoso da vossa soberana justiça e infinita bondade.

(1) Determinismo – Hipótese ou teoria segundo a qual as condições ambientais são os fatores determinantes das variações nas formas de organização social e nas configurações culturais.
(2)  Estocástico: Determinado pelas leis da probabilidade; aleatório.


· Fontes: – A Faxina – A Gênese – A vida Além da Sepultura – Ação e Reação – Cartas de um Morto Vivo – Nas Brumas da Mente – Nos Domínios da Mediunidade – O Evangelho das Recordações – O Livro dos Espíritos – O Perispírito e suas Modelações –  Preces  do Evangelho – S.O.S  Família – Violetas na Janela – Web








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