segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

REFLEXÃO: DEUS PRECISA DE NÓS


   João, no Apocalipse, legou-nos esta revelação:  “No início o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. O mundo foi feito por Ele e o mundo não o conheceu. Ele veio ao que era seu e os seus não o reconheceram e antes lhe tiraram a vida: Jesus!”.
   Pretender que Deus construa Sistemas e Galáxias, em número infinito e passe a reger todo o Universo, e ainda por cima ocupar-se de julgar cada uma de suas criaturas, como Salomão sentado em seu trono, é fazer uma ideia bastante ridícula e acanhada de um Deus que, na verdade, não sabemos como seja. Não é um Espírito ou uma Entidade, como supomos. Antes, um fluido, que tudo interpenetra, e do qual se origina a Vida. É desse fluido ou princípio vital que se formam os corpos celestes, sob rigoroso controle de seres que, um dia, foram como nós.  
  Deus, não se ocupando diretamente de Sua Criação, a delega a seus filhos, que administram todos os departamentos onde a vida se manifeste. E a Vida está por toda a parte. Se formos ainda mais longe, diremos que poderemos tornar-nos cocriadores na obra do Pai, e não teria outra acepção Jesus haver concordado com a informação do salmista de que também somos deuses e poderemos, assim, fazer o que ao próprio Cristo já era então possível. 
  Mas, para isto, uma vida só não basta. O que temos na mochila é insuficiente para percorrermos todos os degraus da evolução. Reconhecemos ser mais cômodo vivermos uma única existência e, mediante alguns sortilégios, sentarmo-nos comodamente aos pés do Onipotente, garantindo os primeiros lugares.
   Porém, achamo-nos na idade da razão, aquela que não mais permite acreditarmos no que nos convém e, sim, na lógica que se impõe.
  Quando a Igreja aboliu a doutrina da reencarnação (com a mesma ingenuidade com que se pretendesse pôr por terra a lei da gravidade) e instituiu a unicidade das existências, isto é, só se nasce uma vez e a alma é criada a partir da concepção, deu um nó na questão.          Dizendo de outro modo: o homem faz o homem e Deus faz a alma. Deus, criando a alma no momento da concepção, coloca-se na dependência de sua criatura. Se o indivíduo não quiser filhos, Deus não poderá criar almas. “O Céu pode esperar”, é a divisa apropriada à questão.
   Deus, possibilitando um progresso infinito às almas, capacitou-as para administrarem a sua obra. Impossível tentar compreender a atuação dessas entidades arquiangelicais e seu poder no que toca à supervisão laboriosa e paciente de etapas previstas para trilhões ou quatrilhões de anos. Emmanuel, exprimindo-se a respeito em A Caminho da Luz (1), diz: “Rezam as tradições do mundo espiritual que na direção de todos os fenômenos, do nosso sistema, existe uma Comunidade de Espíritos Puros e Eleitos pelo Senhor Supremo do Universo, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades planetárias.
   “Essa Comunidade de seres angélicos e perfeitos, da qual é Jesus um dos membros divinos, ao que nos foi dado saber, apenas já se reuniu, nas proximidades da Terra, para a solução de problemas decisivos da organização e da direção do nosso planeta, por duas vezes no curso dos milênios conhecidos.
   “A primeira, verificou-se quando o orbe terrestre se desprendia da nebulosa solar, a fim de que se lançassem, no Tempo e no Espaço, as balizas do nosso sistema cosmogônico e os pródromos da vida na matéria em ignição, do planeta, e a segunda, quando se decidia a vinda do Senhor à face da Terra, trazendo à família humana a lição imortal do seu Evangelho de amor e redenção.”
   Abaixo desses Seres Angelicais estamos nós, Espíritos encarnados e desencarnados, laborando em tarefas compatíveis com nossa evolução e possibilidades, em todos os setores da vida, na condição de cocriadores. Pretender que Deus nos haja criado para uma contemplação perpétua e improdutiva, enquanto Ele está tudo fazendo, é muito ao sabor de quem não seja chegado ao batente.


Fonte:
Obra publicada pela Editora da FEB, 20a edição.

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