João, no Apocalipse, legou-nos esta revelação: – “No
início o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. O mundo foi feito por Ele e
o mundo não o conheceu. Ele veio ao que era seu e os seus não o reconheceram e
antes lhe tiraram a vida: Jesus!”.
Pretender que Deus construa Sistemas e
Galáxias, em número infinito e passe a reger todo o Universo, e ainda por cima
ocupar-se de julgar cada uma de suas criaturas, como Salomão sentado em seu
trono, é fazer uma ideia bastante ridícula e acanhada de um Deus que, na
verdade, não sabemos como seja. Não é um Espírito ou uma Entidade, como
supomos. Antes, um fluido, que tudo interpenetra, e do qual se origina a Vida.
É desse fluido ou princípio vital que se formam os corpos celestes, sob
rigoroso controle de seres que, um dia, foram como nós.
Deus, não se ocupando diretamente de Sua
Criação, a delega a seus filhos, que administram todos os departamentos onde a
vida se manifeste. E a Vida está por toda a parte. Se formos ainda mais longe,
diremos que poderemos tornar-nos cocriadores na obra do Pai, e não teria outra
acepção Jesus haver concordado com a informação do salmista de que também somos
deuses e poderemos, assim, fazer o que ao próprio Cristo já era então
possível.
Mas, para isto, uma vida só não basta. O
que temos na mochila é insuficiente para percorrermos todos os degraus da
evolução. Reconhecemos ser mais cômodo vivermos uma única existência e,
mediante alguns sortilégios, sentarmo-nos comodamente aos pés do Onipotente,
garantindo os primeiros lugares.
Porém, achamo-nos na idade da razão,
aquela que não mais permite acreditarmos no que nos convém e, sim, na lógica
que se impõe.
Quando a Igreja aboliu a doutrina da
reencarnação (com a mesma ingenuidade com que se pretendesse pôr por terra a
lei da gravidade) e instituiu a unicidade das existências, isto é, só se nasce
uma vez e a alma é criada a partir da concepção, deu um nó na questão. Dizendo
de outro modo: o homem faz o homem e Deus faz a alma. Deus, criando a alma no
momento da concepção, coloca-se na dependência de sua criatura. Se o indivíduo
não quiser filhos, Deus não poderá criar almas. “O Céu pode esperar”, é a
divisa apropriada à questão.
Deus, possibilitando um progresso
infinito às almas, capacitou-as para administrarem a sua obra. Impossível
tentar compreender a atuação dessas entidades arquiangelicais e seu poder no
que toca à supervisão laboriosa e paciente de etapas previstas para trilhões ou
quatrilhões de anos. Emmanuel, exprimindo-se a respeito em A Caminho da Luz (1), diz:
“Rezam as tradições do mundo espiritual que na direção de todos os fenômenos,
do nosso sistema, existe uma Comunidade de Espíritos Puros e Eleitos pelo
Senhor Supremo do Universo, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da
vida de todas as coletividades planetárias.
“Essa Comunidade de seres angélicos e
perfeitos, da qual é Jesus um dos membros divinos, ao que nos foi dado saber,
apenas já se reuniu, nas proximidades da Terra, para a solução de problemas
decisivos da organização e da direção do nosso planeta, por duas vezes no curso
dos milênios conhecidos.
“A primeira, verificou-se quando o orbe
terrestre se desprendia da nebulosa solar, a fim de que se lançassem, no Tempo
e no Espaço, as balizas do nosso sistema cosmogônico e os pródromos da vida na
matéria em ignição, do planeta, e a segunda, quando se decidia a vinda do
Senhor à face da Terra, trazendo à família humana a lição imortal do seu
Evangelho de amor e redenção.”
Abaixo desses Seres Angelicais estamos
nós, Espíritos encarnados e desencarnados, laborando em tarefas compatíveis com
nossa evolução e possibilidades, em todos os setores da vida, na condição de
cocriadores. Pretender que Deus nos haja criado para uma contemplação perpétua
e improdutiva, enquanto Ele está tudo fazendo, é muito ao sabor de quem não
seja chegado ao batente.
Fonte:
Obra publicada pela Editora da FEB, 20a edição.
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