terça-feira, 2 de setembro de 2014

TEORIA - OS ESPÍRITOS <> LE 23 - LE 88

OS ESPÍRITOS

23 – O que é o Espírito.
     – O princípio inteligente do universo.

88 – Os Espíritos têm uma forma determinada, limitada e constante?
     – Aos vossos olhos, não; aos nossos, sim. Eles são, se o quiserdes, uma flama, um clarão, ou uma centelha etérea.


A pauta de hoje nos sugere discorrer sobre um tema bastante simples. Muito estudado na doutrina, complexo pela sua amplidão, de traços obscuros e muito comentados. Falaremos do Espírito e de suas generalidades.
O tema Espírito refere-se especificamente aos seres incorpóreos que vivendo na espiritualidade são desprovidos do corpo material. Por oposição, a alma é o sopro divino dos que estão corporificados e vivem na matéria; é o que nos liga a Deus enquanto temos a benção do corpo físico.
O mundo espírita preexiste e sobrevive a tudo, sendo o principal na ordem das coisas. Poderíamos dizer que o mundo extra físico, o espaço, é infinito pela simples razão de ser impossível supor-lhe algum limite. Para podermos imaginar, dentro de nossas limitadas faculdades, o infinito do espaço, suponhamos que, partindo da Terra, perdida no meio do infinito, rumo a um ponto qualquer do Universo – e isto com a velocidade prodigiosa da faísca elétrica que percorre milhares de léguas por segundo (1) – apenas deixássemos este Planeta, depois de percorrer milhões de léguas, nos encontraremos num lugar de onde a Terra nos aparece apenas como pálida estrela. Um instante depois, seguindo sempre a mesma direção, chegamos às estrelas longínquas que mal são distinguidas da nossa posição terrestre; de lá, não somente a Terra está inteiramente perdida a nossos olhares nas profundezas do céu, como ainda o nosso próprio Sol, em seu esplendor, é eclipsado pela distância que dele nos separa. Sempre animados por aquela velocidade de relâmpago, transpomos esses sistemas de mundos, a cada passo que avançamos naquela extensão, ilhas de luz etérea, vias estelíferas ou estreladas, paragens suntuosas onde Deus semeou os mundos com a mesma profusão com que semeou as plantas nas campinas terrestres. Ora, há apenas alguns minutos que caminhamos e já centenas de milhões de milhões de léguas nos separam da Terra, milhares de mundos passaram por nossos olhos, e, no entanto, atentemos bem! Na realidade não avançamos um só passo no Universo. (2)
Foi nessa imensidão Universal que Jesus considerou haver as muitas moradas divina. Na teologia, o termo pode ser usado para significar o universo criado, não incluindo o Criador. Quando Jesus se referiu a Casa de meu Pai, foi,  a nosso ver,  a melhor das expressões referenciais ao Cosmo; quando no mesmo versículo (3) falou das muitas moradas, não se circunscreveu somente ao nosso sistema planetário. Assim, tanto a Terra como Mercúrio, Venus, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, localizados em nosso sistema Solar, são apenas dados aritméticos de um montante desconhecido do Universo Planetário.  Vale, aqui, a lembrança dos exilados de Capela, registrados por Emmanuel, pela psicografia de Francisco Candido Xavier, no livro A Caminho da Luz. Como ainda, em caráter especulativo, as imigrações de Júpiter e Outros Mundos, mencionados na Revista Espírita.
Durante o período em que o Espírito permanece desencarnado, estará agindo, reagindo ou interagindo no meio espiritual em que estiver localizado; estará na erraticidade (4) sofrendo ou gozando as conseqüências diretas e naturais das ações que tenha praticado em vida. Pelo estudo da situação dos Espíritos sabemos que a felicidade ou a desgraça na vida espiritual são inerentes ao grau de perfeição e de imperfeição; que cada um sofre as conseqüências diretas e naturais de suas obras.
A Lei alcança a todos, ninguém quebra a harmonia universal sem que lhe seja exigida a reparação, ninguém fica fora da devida retratação; mais dia menos dia nós mesmos nos enviamos ao tribunal da própria consciência, colocando-nos frente a frente às soberanas Leis de Deus. É isso mesmo, o livro que muitos dizem existir no dia do juízo é a nossa própria consciência, inscrito página por pagina, ou letra por letra, se o quiserem. Nesse tribunal, nos tornamos réu, advogado e juiz em causa própria. Partimos, então, decisivamente em nossa defesa, mas também somos a promotoria avançada a fazer a citação dos fatos vividos, sempre fundamentada nos processos movidos pela culpa, e destaca-se, também, em nós o juiz a reclamar o cumprimento da Lei inscrita pelos soberanos recursos divinos nos refolhos mais íntimos da consciência individualizada.
O ato de morrer não nos concede imunidade da consciência; pelo contrário, coloca-nos frente a frente com o ser despido de todo e qualquer privilégio. Por lá não existem máscaras ou o “jeitinho brasileiro”. Prisioneiros da nossa consciência somos atraídos para uma região com a qual se afine as nossas vibrações: Primeira: Trevas – Inferno <> Segunda: Purgatório – Umbral <> Terceira: Acima do Umbral – Postos Socorro <> Quarta: Colônias Socorrista <> Quinta: Céu <> Sexta: Morada Bons Espíritos <> Sétima: Morada Espíritos Elevados.
Uma ilustração bíblica que nos ocorre para melhor compreensão das faixas vibratórias é o sonho de Jacó. “Em sonho, viu uma escada apoiada no chão e com a outra ponta tocando o céu. Por ela subiam e desciam os anjos de Deus.” (5) 
Já do livro A Vida Além da Sepultura, de Ramatis, extraímos: “O nosso mundo – erraticidade ou mundo astral – é a reflexão do nosso próprio estado interior espiritual, não há dúvida; porém é ele que nos reflete e não nós que o refletimos exclusivamente. Não se trata, apenas, de uma criação mental introspectiva, mas de uma criação que se reproduz fenomênicamente no ambiente, como resultante positiva daquilo que criamos na intimidade do espírito. Podereis supô-la como um vivíssimo projetor cinematográfico a fixar na tela exterior do Astral a súmula dos nossos sonhos e desejos, os quais, por sua vez, se entrosam aos sonhos e desejos de outros companheiros”.
Jesus ao dizer a Pilatos “O meu reino não é deste mundo” (6) nos mostrou a necessidade de renunciarmos ao mundo das formas não com o mundo que habitamos, mas conosco mesmo!  De que forma poderemos alcançar a região dos Espíritos Elevados, onde “pensar é viver” se ainda, ao desencarnarmos,  permanecemos fortemente escravizados  às nossas próprias criações materiais? Normalmente, quando o cortejo fúnebre conduz o defunto para o sepultamento, seu espírito ainda se encontra terrivelmente embaraçado nos fios da teia que teceu e em que se prendeu, qual a mosca invigilante! Através do seu exagerado sentimentalismo, ainda esta preso vigorosamente à parentela consangüínea, saudoso dos amigos leais e desencantado com os seus desafetos; em sua mente angustiada desenha-se a figura do lar que havia composto e que tem de abandonar obrigatoriamente, onde se destacam as poltronas macias, os seus livros encadernados ao “gosto pessoal”, os seus trajes de padrões simpáticos, o jardim com as suas flores prediletas, o automóvel da marca e da linha preferidas, o futebol, o barco e o caniço tradicional da pesca moderna ou a churrasqueira de alvenaria em que fazia o churrasco!
Tudo lembra um panorama amigo, dócil e servil, que era um entretenimento tão agradável ao falecido: ele ainda estremece a lembrança da custosa mansão que edificara para “descansar na velhice”, do panorama da cidade natal com os rostos conhecidos e agradáveis, os ambientes de prosa e reuniões noturna, o riso farto e a sexy fascinação das conquistas!... Não havia se preparado para o mundo espiritual que lhe parecia inexistente, fantasmagórico e ingênuo; a forma ainda era o seu reino, a sua glória e o seu motivo de ser!
Paulo de Tarso, também chamado de apóstolo dos Gentios, mudou radicalmente o curso de sua vida. De sua reforma intima, disse aos Coríntios: “A mim tudo é permitido, mas nem tudo me convém”. (7) Os Romanos já costumavam dizer que “a toga de linho não faz o sacerdote de Isis” (8). Esse provérbio foi muito empregado na Idade Média. São Jerônimo precisa o sentido do provérbio dizendo: “Não é pelo hábito que se reconhece o monge, mas pela observação da regra e pela perfeição da sua vida”.
Da bíblia, em João, epistola I, capitulo IV: 1 vem o alerta: “Caríssimos, não acrediteis em todos os Espíritos, mas provai se os Espíritos são de Deus, porque são muitos os falsos profetas, que se levantaram no mundo.”
São João nos põe em guarda com esta advertência e o espiritismo nos oferece os meios de experimentação, ao indicar as características pelas quais se reconhecem os espíritos, características sempre morais e jamais materiais.
Do Livro dos Médiuns, no cap. XXIV e segts. podemos colher profundos ensinamentos sobre a distinção dos bons e dos maus espíritos, transitando pelas provas de identificação e do diálogo que podemos estabelecer com os seres incorpóreos. De inicio, neste parágrafo, uma rápida passagem pela identificação: a identidade absoluta é uma questão secundária e sem importância real; desde que o Espírito diz apenas boas coisas, pouco importa o nome sob o qual as deu. Segue-se, também que, qualquer que seja o nome sob o qual invocamos nosso anjo da guarda, ele virá ao chamado que lhe é feito, porque é atraído pelo pensamento e não pelo nome o qual lhe é indiferente.
Nas sessões de desobsessão, temos nos deparado com espíritos inteligentes e astutos que fundamenta e nos torna seguro estes dizeres do item 265: A inteligência está longe de ser um sinal certo de superioridade, porque a inteligência e a moral nem sempre caminham juntas. Um Espírito pode ser bom, benevolente e ter conhecimentos limitados, enquanto que um Espírito inteligente e instruído pode ser muito inferior em moralidade.
Para continuidade do tema versado, é do item 266 que extraímos o conselho dado pelo Espírito de São Luiz: “Qualquer que seja a confiança legítima que lhe inspiram os Espíritos que presidem a seus trabalhos, há uma recomendação que não nos cansaremos de repetir e que vocês deverão trazer sempre presente ao pensamento quando se entregam aos estudos, que é de pesar e meditar, que é de submeter ao controle do mais severo raciocínio todas as comunicações que receberem; de não se esquecer, desde que um ponto lhes pareça suspeito, duvidoso ou obscuro, de pedirem as explicações necessárias para se certificarem”.
O grau de superioridade ou de inferioridade dos Espíritos indica naturalmente o tom que convém manter com eles.  Podemos extrair os meios de reconhecer a qualidade dos Espíritos nos princípios seguintes, conforme  nos revela o item 267, a saber:
1)    Não há outro critério para reconhecer o valor dos Espíritos se não o bom senso
2)    Julgam-se os Espíritos pela sua linguagem e por suas ações.
3)    Admitindo-se que os bons Espíritos dizem e praticam somente o bem, tudo o que for mau não pode provir de um bom espírito;
4)    Os Espíritos superiores têm uma linguagem sempre digna, nobre, elevada, sem mescla de nenhuma trivialidade; falam tudo com simplicidade e modéstia.
5)    Não devemos julgar os Espíritos pela forma material e a correção do estilo, mas sondar-lhes os sentimentos íntimos, analisar suas palavras, pesá-las friamente, maduramente e sem prevenção;
6)    A linguagem dos Espíritos elevados é sempre idêntica, senão pela forma, ao menos pelo fundo. Não serão jamais contraditórias.
7)    Os bons Espíritos dizem apenas o que sabem; calam-se ou confessam sua ignorância sobre o que ao sabem.
8)    Reconhecemos ainda os Espíritos levianos pela facilidade com a qual predizem o futuro e precisam fatos materiais que não nos é dado conhecer. Os bons Espíritos podem fazer pressentir as coisas futuras, quando o conhecimento delas pode ser útil, porém jamais predizem as datas.
9)    Os Espíritos superiores se exprimem simplesmente, sem prolixidade; seu estilo é conciso, sem excluir a poesia das idéias e das expressões, cloro, inteligente para todos e não requer esforço para ser compreendido. Possuem a arte de dizer muito em poucas palavras;
10) Os bons espíritos jamais ordenam; não se impõem, aconselham e, se não são ouvidos, retiram-se. Os maus são imperiosos; dão ordens; querem ser obedecidos e fiam, apesar de tudo;
11) Os bons espíritos não elogiam; aprovam-nos quando fazemos o bem, mas sempre com reservas;
12) Oe Espíritos superiores estão acima das puerilidades da forma em tudo;
13) É preciso que desconfiemos dos nomes bizarros e ridículos que usam certos Espíritos que se querem impor a credulidade; seria totalmente absurdo tomar a sério estes nomes;
14) É preciso igualmente desconfiarmos dos Espíritos que se apresentam muito facilmente sob nomes venerados e não aceitarmos suas palavras senão com a maior reserva; é ai sobretudo que um controle severo é indispensável;
15) Os bons Espíritos são muito escrupulosos nos atos que aconselham; em todos os casos visam apenas um fim sério e eminentemente útil;
16) Reconhecemos também os bons Espíritos pela prudente reserva sobre todas as coisas que podem comprometer; repugna-lhes revelar o mal;
17) Os bons espíritos prescrevem apenas o bem. Toda máxima, todo conselho que não esteja estritamente conforme a pura caridade evangélica não pode ser obra de bons Espíritos;
18) Os bons espíritos jamais aconselham senão coisas perfeitamente racionais;
19) Os Espíritos maus ou simplesmente imperfeitos se traem ainda por sinais materiais com os quais não nos podemos  enganar; Sua ação sobre o médium é algumas vezes violenta e provoca nele movimentos bruscos e desordenados, uma agitação febril e convulsiva que se ações à calma e à doçura dos bons Espíritos;
20) Os Espíritos imperfeitos se aproveitam freqüentemente dos meios de comunicação dos quais dispõem para darem pérfidos conselhos; excitam a desconfiança e a animosidade contra quem lhes é antipático:
21) O Espírito dos homens que tiveram na terra uma preocupação única, material ou moral, se não se libertaram da influência da matéria, estão ainda sob o império das idéias terrenas e conservam uma parte de preconceitos, das predileções e mesmo as manias que tinham aqui;
22) Os conhecimentos com os quais alguns Espíritos se enfeitam freqüentemente com uma espécie de ostentação, não são um sinal de superioridade.
23) Não basta interrogar um Espírito para conhecermos a verdade, porque os Espíritos inferiores, eles próprios ignorantes, tratam com leviandade das questões mais sérias;
24) Da parte dos Espíritos superiores o gracejo é freqüentemente fino e espirituoso, jamais vulgar.
25) Estudando com cuidado o caráter dos Espíritos que se apresentam, sobretudo do ponto de vista moral, reconhecem-se sua natureza e o grau de confiança que se lhes pode atribuir. O bom senso não se enganará;
26) Para julgar os Espíritos, como para julgar os homens, é preciso primeiro sber julgar-se a si mesmo. Infelizmente há grande número de pessoas que tomam sua opinião pessoal por medida exclusiva do bom e do mau, do verdadeiro e do falso; tudo o que contradiz sua maneira de ver, suas idéias, o sistema que conceberam ou adotaram é errado a seus olhos.
Todas estas instruções decorrem da experiência e dos ensinamentos dados pelos Espíritos, mas de uma forma inconfundível vamos resumi-las aos dizeres de Jesus: (9) “Reconhece-se à árvore pelos seus frutos; uma boa árvore não pode dar maus frutos, e uma árvore má, não pode dar bons frutos”. Julgam-se os Espíritos pela qualidade de suas obras, como a árvore pela qualidade de seus frutos.

Fontes: ESE – LE – LM – A Bíblia – A Faxina – A Gênese –Revista Espírita – Web

(1)   – Légua: > equivalem a 4,828032 quilômetros.
(2)  Algumas revelações científicas espirituais foram atribuídas no livro espírita “A Gênese” a Galileu Galilei. Foi um físico, matemático, astrônomo e filósofo italiano que teve um papel preponderante na chamada revolução científica.0
(3)   – João 14:2
(4)  – Erraticidade: >é o estado de espíritos não encarnados, durante os intervalos das suas diversas vidas.
(5)  – Gen. 28:12
(6)  – João 18:36
(7)  – I Cor 6:12
(8)  – Isis: > foi uma deusa da mitologia egípcia, cuja adoração se estendeu por todas as partes do mundo greco-romano.
(9)  – Mateus 12:33




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