OS
ESPÍRITOS
23 – O que é o Espírito.
– O princípio inteligente do universo.
88 – Os Espíritos têm uma
forma determinada, limitada e constante?
– Aos vossos olhos, não; aos nossos, sim.
Eles são, se o quiserdes, uma flama, um clarão, ou uma centelha etérea.
A pauta de hoje nos sugere
discorrer sobre um tema bastante simples. Muito estudado na doutrina, complexo pela
sua amplidão, de traços obscuros e muito comentados. Falaremos do Espírito e de
suas generalidades.
O tema Espírito refere-se
especificamente aos seres incorpóreos que vivendo na espiritualidade são
desprovidos do corpo material. Por oposição, a alma é o sopro divino dos que
estão corporificados e vivem na matéria; é o que nos liga a Deus enquanto temos
a benção do corpo físico.
O mundo espírita preexiste
e sobrevive a tudo, sendo o principal na ordem das coisas. Poderíamos dizer que
o mundo extra físico, o espaço, é infinito pela simples razão de ser impossível
supor-lhe algum limite. Para podermos imaginar, dentro de nossas limitadas
faculdades, o infinito do espaço, suponhamos que, partindo da Terra, perdida no
meio do infinito, rumo a um ponto qualquer do Universo – e isto com a
velocidade prodigiosa da faísca elétrica que percorre milhares de léguas por
segundo (1) – apenas deixássemos este
Planeta, depois de percorrer milhões de léguas, nos encontraremos num lugar de
onde a Terra nos aparece apenas como pálida estrela. Um instante depois,
seguindo sempre a mesma direção, chegamos às estrelas longínquas que mal são
distinguidas da nossa posição terrestre; de lá, não somente a Terra está
inteiramente perdida a nossos olhares nas profundezas do céu, como ainda o
nosso próprio Sol, em seu esplendor, é eclipsado pela distância que dele nos
separa. Sempre animados por aquela velocidade de relâmpago, transpomos esses
sistemas de mundos, a cada passo que avançamos naquela extensão, ilhas de luz
etérea, vias estelíferas ou estreladas, paragens suntuosas onde Deus
semeou os mundos com a mesma profusão com que semeou as plantas nas campinas
terrestres. Ora, há apenas alguns minutos que caminhamos e já centenas de
milhões de milhões de léguas nos separam da Terra, milhares de mundos passaram
por nossos olhos, e, no entanto, atentemos bem! Na realidade não avançamos um
só passo no Universo. (2)
Foi nessa imensidão
Universal que Jesus considerou haver as muitas moradas divina. Na teologia, o termo pode ser usado para
significar o universo criado, não incluindo o Criador. Quando Jesus se referiu a Casa
de meu Pai, foi, a nosso ver, a melhor das expressões referenciais ao Cosmo;
quando no mesmo versículo (3) falou das muitas moradas, não se
circunscreveu somente ao nosso sistema planetário. Assim, tanto a Terra como
Mercúrio, Venus, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, localizados em nosso
sistema Solar, são apenas dados aritméticos de um montante desconhecido do
Universo Planetário. Vale, aqui, a
lembrança dos exilados de Capela, registrados por Emmanuel, pela psicografia de
Francisco Candido Xavier, no livro A Caminho da Luz. Como ainda, em caráter
especulativo, as imigrações de Júpiter e Outros Mundos, mencionados na Revista
Espírita.
Durante o período em que o Espírito
permanece desencarnado, estará agindo, reagindo ou interagindo no meio espiritual
em que estiver localizado; estará na erraticidade (4) sofrendo ou gozando as conseqüências diretas
e naturais das ações que tenha praticado em vida. Pelo estudo da situação dos
Espíritos sabemos que a felicidade ou a desgraça na vida espiritual são
inerentes ao grau de perfeição e de imperfeição; que cada um sofre as
conseqüências diretas e naturais de suas obras.
A Lei alcança a todos, ninguém quebra a
harmonia universal sem que lhe seja exigida a reparação, ninguém fica fora da
devida retratação; mais dia menos dia nós mesmos nos enviamos ao tribunal da
própria consciência, colocando-nos frente a frente às soberanas Leis de Deus. É
isso mesmo, o livro que muitos dizem existir no dia do juízo é a nossa própria
consciência, inscrito página por pagina, ou letra por letra, se o quiserem.
Nesse tribunal, nos tornamos réu, advogado e juiz em causa própria. Partimos,
então, decisivamente em nossa defesa, mas também somos a promotoria avançada a
fazer a citação dos fatos vividos, sempre fundamentada nos processos movidos
pela culpa, e destaca-se, também, em nós o juiz a reclamar o cumprimento da Lei
inscrita pelos soberanos recursos divinos nos refolhos mais íntimos da
consciência individualizada.
O ato de morrer não nos concede imunidade
da consciência; pelo contrário, coloca-nos frente a frente com o ser despido de
todo e qualquer privilégio. Por lá não existem máscaras ou o “jeitinho
brasileiro”. Prisioneiros da nossa consciência somos atraídos para uma
região com a qual se afine as nossas vibrações: – Primeira: Trevas – Inferno <> Segunda: Purgatório –
Umbral <> Terceira: Acima do Umbral – Postos Socorro <> Quarta:
Colônias Socorrista <> Quinta: Céu <> Sexta: Morada
Bons Espíritos <> Sétima: Morada Espíritos Elevados.
Uma ilustração bíblica que
nos ocorre para melhor compreensão das faixas vibratórias é o sonho de Jacó.
“Em sonho, viu uma escada apoiada no chão e com a outra ponta tocando o céu.
Por ela subiam e desciam os anjos de Deus.” (5)
Já do livro A
Vida Além da Sepultura, de Ramatis, extraímos: “O nosso mundo – erraticidade
ou mundo astral – é a reflexão do nosso próprio estado interior espiritual, não
há dúvida; porém é ele que nos reflete e não nós que o refletimos
exclusivamente. Não se trata, apenas, de uma criação mental introspectiva, mas
de uma criação que se reproduz fenomênicamente no ambiente, como resultante
positiva daquilo que criamos na intimidade do espírito. Podereis supô-la como
um vivíssimo projetor cinematográfico a fixar na tela exterior do Astral a
súmula dos nossos sonhos e desejos, os quais, por sua vez, se entrosam aos
sonhos e desejos de outros companheiros”.
Jesus ao dizer a Pilatos “O
meu reino não é deste mundo” (6) nos mostrou a necessidade de renunciarmos ao
mundo das formas não com o mundo que habitamos, mas conosco mesmo! De que forma poderemos alcançar a região dos
Espíritos Elevados, onde “pensar é viver” se ainda, ao desencarnarmos, permanecemos fortemente escravizados às nossas próprias criações materiais?
Normalmente, quando o cortejo fúnebre conduz o defunto para o sepultamento, seu
espírito ainda se encontra terrivelmente embaraçado nos fios da teia que teceu
e em que se prendeu, qual a mosca invigilante! Através do seu exagerado
sentimentalismo, ainda esta preso vigorosamente à parentela consangüínea,
saudoso dos amigos leais e desencantado com os seus desafetos; em sua mente
angustiada desenha-se a figura do lar que havia composto e que tem de abandonar
obrigatoriamente, onde se destacam as poltronas macias, os seus livros
encadernados ao “gosto pessoal”, os seus trajes de padrões simpáticos, o jardim
com as suas flores prediletas, o automóvel da marca e da linha preferidas, o futebol,
o barco e o caniço tradicional da pesca moderna ou a churrasqueira de alvenaria
em que fazia o churrasco!
Tudo lembra um panorama
amigo, dócil e servil, que era um entretenimento tão agradável ao falecido: ele
ainda estremece a lembrança da custosa mansão que edificara para “descansar na
velhice”, do panorama da cidade natal com os rostos conhecidos e agradáveis, os
ambientes de prosa e reuniões noturna, o riso farto e a sexy fascinação das
conquistas!... Não havia se preparado para o mundo espiritual que lhe parecia
inexistente, fantasmagórico e ingênuo; a forma ainda era o seu reino, a sua
glória e o seu motivo de ser!
Paulo de Tarso, também chamado de apóstolo dos Gentios, mudou
radicalmente o curso de sua vida. De sua reforma intima, disse aos Coríntios:
“A mim tudo é permitido, mas nem tudo me convém”. (7) Os Romanos
já costumavam dizer que “a toga de linho não faz o sacerdote de Isis” (8). Esse provérbio foi muito empregado na Idade Média. São
Jerônimo precisa o sentido do provérbio dizendo: “Não é pelo hábito que se
reconhece o monge, mas pela observação da regra e pela perfeição da sua vida”.
Da bíblia, em
João, epistola I, capitulo IV: 1 vem o alerta: “Caríssimos, não acrediteis em
todos os Espíritos, mas provai se os Espíritos são de Deus, porque são muitos
os falsos profetas, que se levantaram no mundo.”
São João nos
põe em guarda com esta advertência e o espiritismo nos oferece os meios de
experimentação, ao indicar as características pelas quais se reconhecem os
espíritos, características sempre morais e jamais materiais.
Do Livro dos
Médiuns, no cap. XXIV e segts. podemos colher profundos ensinamentos sobre a
distinção dos bons e dos maus espíritos, transitando pelas provas de
identificação e do diálogo que podemos estabelecer com os seres incorpóreos. De
inicio, neste parágrafo, uma rápida passagem pela identificação: a identidade
absoluta é uma questão secundária e sem importância real; desde que o Espírito
diz apenas boas coisas, pouco importa o nome sob o qual as deu. Segue-se,
também que, qualquer que seja o nome sob o qual invocamos nosso anjo da guarda,
ele virá ao chamado que lhe é feito, porque é atraído pelo pensamento e não
pelo nome o qual lhe é indiferente.
Nas sessões
de desobsessão, temos nos deparado com espíritos inteligentes e astutos que
fundamenta e nos torna seguro estes dizeres do item 265: A inteligência está
longe de ser um sinal certo de superioridade, porque a inteligência e a moral
nem sempre caminham juntas. Um Espírito pode ser bom, benevolente e ter
conhecimentos limitados, enquanto que um Espírito inteligente e instruído pode
ser muito inferior em moralidade.
Para
continuidade do tema versado, é do item 266 que extraímos o conselho dado pelo
Espírito de São Luiz: “Qualquer que seja a confiança legítima que lhe inspiram
os Espíritos que presidem a seus trabalhos, há uma recomendação que não nos cansaremos
de repetir e que vocês deverão trazer sempre presente ao pensamento quando se
entregam aos estudos, que é de pesar e meditar, que é de submeter ao controle
do mais severo raciocínio todas as comunicações que receberem; de não se
esquecer, desde que um ponto lhes pareça suspeito, duvidoso ou obscuro, de
pedirem as explicações necessárias para se certificarem”.
O grau de
superioridade ou de inferioridade dos Espíritos indica naturalmente o tom que
convém manter com eles. Podemos extrair
os meios de reconhecer a qualidade dos Espíritos nos princípios seguintes,
conforme nos revela o item 267, a saber:
1)
Não há outro critério para reconhecer o valor dos
Espíritos se não o bom senso
2)
Julgam-se os Espíritos pela sua linguagem e por suas ações.
3)
Admitindo-se que os bons Espíritos dizem e praticam
somente o bem, tudo o que for mau não pode provir de um bom espírito;
4)
Os Espíritos superiores têm uma linguagem sempre digna,
nobre, elevada, sem mescla de nenhuma trivialidade; falam tudo com simplicidade
e modéstia.
5)
Não devemos julgar os Espíritos pela forma material e a
correção do estilo, mas sondar-lhes os sentimentos íntimos, analisar suas palavras,
pesá-las friamente, maduramente e sem prevenção;
6)
A linguagem dos Espíritos elevados é sempre idêntica,
senão pela forma, ao menos pelo fundo. Não serão jamais contraditórias.
7)
Os bons Espíritos dizem apenas o que sabem; calam-se ou
confessam sua ignorância sobre o que ao sabem.
8)
Reconhecemos ainda os Espíritos levianos pela facilidade
com a qual predizem o futuro e precisam fatos materiais que não nos é dado
conhecer. Os bons Espíritos podem fazer pressentir as coisas futuras, quando o
conhecimento delas pode ser útil, porém jamais predizem as datas.
9)
Os Espíritos superiores se exprimem simplesmente, sem
prolixidade; seu estilo é conciso, sem excluir a poesia das idéias e das
expressões, cloro, inteligente para todos e não requer esforço para ser compreendido.
Possuem a arte de dizer muito em poucas palavras;
10)
Os bons espíritos jamais ordenam; não se impõem,
aconselham e, se não são ouvidos, retiram-se. Os maus são imperiosos; dão
ordens; querem ser obedecidos e fiam, apesar de tudo;
11)
Os bons espíritos não elogiam; aprovam-nos quando fazemos
o bem, mas sempre com reservas;
12)
Oe Espíritos superiores estão acima das puerilidades da
forma em tudo;
13)
É preciso que desconfiemos dos nomes bizarros e ridículos
que usam certos Espíritos que se querem impor a credulidade; seria totalmente
absurdo tomar a sério estes nomes;
14)
É preciso igualmente desconfiarmos dos Espíritos que se
apresentam muito facilmente sob nomes venerados e não aceitarmos suas palavras
senão com a maior reserva; é ai sobretudo que um controle severo é
indispensável;
15)
Os bons Espíritos são muito escrupulosos nos atos que
aconselham; em todos os casos visam apenas um fim sério e eminentemente útil;
16)
Reconhecemos também os bons Espíritos pela prudente
reserva sobre todas as coisas que podem comprometer; repugna-lhes revelar o
mal;
17)
Os bons espíritos prescrevem apenas o bem. Toda máxima,
todo conselho que não esteja estritamente conforme a pura caridade evangélica
não pode ser obra de bons Espíritos;
18)
Os bons espíritos jamais aconselham senão coisas perfeitamente
racionais;
19)
Os Espíritos maus ou simplesmente imperfeitos se traem
ainda por sinais materiais com os quais não nos podemos enganar; Sua ação sobre o médium é algumas
vezes violenta e provoca nele movimentos bruscos e desordenados, uma agitação
febril e convulsiva que se ações à calma e à doçura dos bons Espíritos;
20)
Os Espíritos imperfeitos se aproveitam freqüentemente dos
meios de comunicação dos quais dispõem para darem pérfidos conselhos; excitam a
desconfiança e a animosidade contra quem lhes é antipático:
21)
O Espírito dos homens que tiveram na terra uma preocupação
única, material ou moral, se não se libertaram da influência da matéria, estão
ainda sob o império das idéias terrenas e conservam uma parte de preconceitos,
das predileções e mesmo as manias que tinham aqui;
22)
Os conhecimentos com os quais alguns Espíritos se enfeitam
freqüentemente com uma espécie de ostentação, não são um sinal de
superioridade.
23)
Não basta interrogar um Espírito para conhecermos a
verdade, porque os Espíritos inferiores, eles próprios ignorantes, tratam com
leviandade das questões mais sérias;
24)
Da parte dos Espíritos superiores o gracejo é
freqüentemente fino e espirituoso, jamais vulgar.
25)
Estudando com cuidado o caráter dos Espíritos que se
apresentam, sobretudo do ponto de vista moral, reconhecem-se sua natureza e o
grau de confiança que se lhes pode atribuir. O bom senso não se enganará;
26)
Para julgar os Espíritos, como para julgar os homens, é
preciso primeiro sber julgar-se a si mesmo. Infelizmente há grande número de
pessoas que tomam sua opinião pessoal por medida exclusiva do bom e do mau, do
verdadeiro e do falso; tudo o que contradiz sua maneira de ver, suas idéias, o
sistema que conceberam ou adotaram é errado a seus olhos.
Todas estas instruções decorrem da experiência e dos
ensinamentos dados pelos Espíritos, mas de uma forma inconfundível vamos
resumi-las aos dizeres de Jesus: (9) “Reconhece-se
à árvore pelos seus frutos; uma boa árvore não pode dar maus frutos, e uma árvore
má, não pode dar bons frutos”. Julgam-se os Espíritos pela qualidade de suas
obras, como a árvore pela qualidade de seus frutos.
Fontes:
ESE – LE – LM – A Bíblia – A Faxina – A Gênese –Revista Espírita – Web
(1)
– Légua: > equivalem a 4,828032 quilômetros.
(2)
– Algumas revelações científicas espirituais foram atribuídas no livro espírita “A
Gênese” a Galileu Galilei. Foi um físico, matemático, astrônomo e filósofo italiano que teve um papel preponderante na chamada revolução
científica.0
(3)
– João 14:2
(4)
– Erraticidade: >é o estado de espíritos não encarnados, durante os
intervalos das suas diversas vidas.
(5)
– Gen. 28:12
(6)
– João 18:36
(7)
– I Cor 6:12
(8)
– Isis: > foi uma deusa da mitologia egípcia, cuja adoração se estendeu por todas
as partes do mundo greco-romano.
(9)
– Mateus 12:33
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