· De tarde, os dois anjos chegaram a Sodoma. Ló estava sentado à porta da cidade. Ao
vê-los, Ló se levantou, saiu-lhes ao encontro, prostrou-se com o rosto em terra
e disse: "Meus Senhores, rogo-vos que venhais à casa de vosso servo para lavardes os pés e pernoitardes. Amanhã cedo, ao despertar, seguireis vosso caminho". Mas eles responderam: "Não, nós vamos passar a noite na
praça. " Ló insistiu muito com eles, de modo que foram com ele para
casa, onde lhes preparou um jantar e alguns pães, e eles comeram.
Gn 19:1 / 19:29 – Destruição de Sodoma e
Gomorra.
·
Naquele
mesmo dia, o primeiro da semana, dois dos discípulos iam para um povoado
chamado Emaus, a uns dez quilômetros de Jerusalém. Conversavam sobre todas as
coisas que tinha acontecido. Enquanto
conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com
eles. Os seus olhos, porém, estavam como vendados, incapazes de reconhecê-lo.
Então Jesus perguntou: "o que andais
conversando pelo caminho?" - Lc.
24:13 / 24:35 – Os discípulos de Emaus.
·
Agêneres
é o estado de certos Espíritos que podem revestir momentaneamente as formas de
uma pessoa viva, a ponto de causar completa ilusão. – Do grego a privativo,
e géine,
geinomal geral; que não foi gerado.
Um Espírito superior,
perguntado sobre esse ponto, respondeu
que, com efeito, podem-se encontrar seres dessa natureza sem disso duvidar;
acrescentou que é raro, mas que isso se vê. Como para se entender é preciso um
nome para cada coisa, a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas chama-os de agêneres
para indicar que sua origem não é o produto de uma geração. O fato
seguinte, que se passou em Paris, parece pertencer a essa categoria.
Uma pobre mulher estava na Igreja de
Saint-Roch, e pedia a Deus vir em ajuda de sua aflição. Em sua saída da igreja,
na Rua Saint-Honoré, ela encontrou um senhor que a abordou dizendo-lhe: "Minha brava mulher, estaríeis contente por
encontrar trabalho? – Ah! Meu bom senhor, disse ela, pedia a Deus que me fosse
achá-lo, porque sou bem infeliz. – Pois bem! Ide a tal rua, em tal número;
chamareis a senhora T...; ela vo-lo dará". Ali continuou seu caminho.
A pobre mulher se encontrou, sem tardar, no endereço indicado – Tenho, com
efeito, trabalho a fazer, disse a dama em questão, mas como ainda não chamei
ninguém, como ocorre que vem me procurar? A pobre mulher, percebendo um retrato
pendurado na parede, disse: - Senhora foi esse senhor ali, que me enviou. –
Esse senhor! Repetiu a dama espantada, mas isso não é possível; é o retrato de
meu filho, que morreu há três anos. – Não sei como isso ocorre, mas vos
asseguro que foi esse senhor, que acabo de encontrar saindo da igreja onde fui
pedir a Deus para me assistir; ele me abordou, e foi muito bem ele quem me
enviou aqui.
·
O
perispírito é invisível para nós em seu estado normal; porém, como é formado de
matéria etérea, o Espírito pode, em certos casos, lhe fazer receber, por um ato
de sua vontade, uma modificação molecular que o torna momentaneamente visível.
É assim que se produzem as aparições, as quais, como também outros fenômenos,
não estão fora das leis da natureza. Este fenômeno não é mais extraordinário
que o do vapor, o qual é invisível quando é muito rarefeito, e torna-se visível
quando é condensado.
Segundo o grau de condensação do
fluido perispiritual, a aparição é algumas vezes vaga e vaporosa; outras vezes
é mais nitidamente definida; de outras, enfim, tem todas as aparências da
matéria tangível; pode mesmo chegar a tangibilidade real, ao ponto em que se
pode duvidar da natureza do ser que temos diante de nós.
As aparições vaporosas são
freqüentes, e sucede muitas vezes que indivíduos assim se apresentam às pessoas
a quem tem afeição. As aparições tangíveis são mais raras, embora haja delas
numerosos exemplos, perfeitamente autênticos. Se o Espírito deseja fazer-se
conhecido, dará a seu envoltório todos os sinais exteriores que tinha quando
viva.
Deve-se notar que as aparições
tangíveis não têm senão as aparências da matéria carnal, porém, não as suas
qualidades; em razão de sua natureza fluídica, não podem ter a mesma coesão,
porque, na realidade, não se trata de carne.
Elas se formam instantaneamente, e do mesmo modo desaparecem, ou se
evaporam pela desagregação das moléculas fluídicas. Os seres que se apresentam
nestas condições não nascem nem morrem como os outros homens; são vistos, e
depois não são vistos mais, sem saber de onde vieram, como vieram, nem aonde
vão; não se poderia matá-los, nem os acorrentar, nem os prender, pois que não
possuem o corpo carnal. Os golpes que lhes fossem infligidos o seriam no vácuo.
Tal é o caráter dos agêneres,
com os quais podemos tratar, sem duvidar do que sejam, mas que jamais demoram
por muito tempo, e não podem tornar-se comensais habituais de uma casa, nem
figurar entre os membros de uma família.
Aliás, há em toda sua pessoa, em
seus ademanes, (1) algo de estranho e de insólito que se relaciona com
a materialidade e com a espiritualidade: seu olhar, vaporoso e penetrante ao
mesmo tempo, não tem a nitidez do olhar dos olhos da carne; sua linguagem breve
e quase sempre sentenciosa, nada tem do brilho e da volubilidade da linguagem
humana; sua aproximação faz experimentar uma sensação particular indefinível de
surpresa, que inspira uma espécie de medo, e embora os tomemos por indivíduos
iguais aos demais do mundo, involuntariamente se diz: Eis um ser singular.
·
O
desaparecimento do corpo de Jesus de, pois de sua morte foi objeto de inúmeros
comentários. É atestado pelos quatro Evangelistas, baseados nos relatos das
mulheres que se dirigiram ao sepulcro no terceiro dia e ali não o encontraram.
Uns viram neste desaparecimento um fato milagroso, outros supuseram um rapto
clandestino.
Segundo uma outra opinião, Jesus não
teria tido jamais um corpo carnal, mas somente um corpo fluídico; não teria
sido em toda a sua vida senão uma aparição tangível, numa palavra, uma espécie
de agêneres.
Seu nascimento, sua morte e todos os atos materiais de sua vida não teriam sido
senão aparentes. Foi por isso – dizem – que seu corpo, voltando ao estado
fluídico, desapareceu do sepulcro, e foi com aquele mesmo corpo que ele teria
aparecido após sua morte.
Sem dúvida, semelhante fato não é
radicalmente impossível, de acordo com o que se sabe hoje sobre as propriedades
dos fluidos; porém, seria pelo menos totalmente excepcional e em oposição
formal com o caráter dos agêneres. A questão é, pois, saber se uma tal hipótese
é admissível, se é confirmada ou contestada pelos fatos.
A permanência de Jesus na Terra
apresenta dois períodos: o que precedeu e o que se seguiu à sua morte. No
primeiro, desde o momento da concepção até o do nascimento, tudo se passa, com
sua mãe, como nas condições comuns da vida. Desde seu nascimento até sua morte,
tudo em seus atos, em sua linguagem e nas diversas circunstâncias de sua vida, apresenta
características inequívocas da corporeidade. Os fenômenos de ordem psíquica que
se produzem nele são acidentais e nada têm de anormal, pois podem ser
explicados pelas propriedades do perispírito e são encontrados em diferentes
graus em outros indivíduos.
O simples fato de se cavoucar uma
parte do solo e não se encontrarem nele fios telegráficos, não prova a
existência do telegrafo sem fio. O Mestre não teceu melodramas em torno da sua
desencarnação, porquanto era sumamente inteligente e honesto para lançar
qualquer conceituação duvidosa pra o futuro. Sabia que a sua obra era de
caráter definitivo e que seria profundamente discutida no tempo de sua maior
propagação, como acontece atualmente. Por esse motivo, sempre evitou tratar de
assuntos dúbios ou infantilizados. Não é sua a culpa de os homens o haverem
cercado de tantas lendas e milagres que lhe obscurecem a realidade tão simples:
um anjo num corpo de homem! Encerrada a sua tarefa sacrificial e comprovada a
sua atitude Cristico, que seria o cunho indiscutível de sua personalidade, para
a posteridade, Jesus imitou o artista que, após terminar a execução primorosa
da sua obra, guarda tranquilamente o seu instrumento na caixa. Assim, terminada
a sua missão terrena, Jesus guardou o seu corpo no túmulo. Mozart, Bach,
Mayden, não mais existem como figuras físicas recortando o cenário terráqueo;
no entanto, suas melodias admiráveis ainda animam os tristes e emocionam os seus
devotos! Que importam os corpos desses gênios da música, quando duas
composições estão vivas na alma dos seres? Que importa, também, o acontecido
com o corpo de Jesus, quando a sua Divina Melodia Evangélica perpassa
continuamente pelo vosso mundo e arranca almas atribuladas dos abismos das
trevas; transforma muitos Herodes em Vicentes de Paula, homens em anjos e
Saulos em Paulos! Assim como diante da melodia encantadora é prosaico perturbar
o ambiente, discutindo-se sobre a qualidade da madeira do violino que está em
mãos do concertista, também ante a Mensagem de Amor, do Evangelho, e do
sacrifício de Jesus, é importuno preocuparmo-nos com a natureza do seu corpo.
Já que quereis saber a verdade, dir-vos-emos que o corpo de
Jesus foi transferido, altas horas da noite, por Pedro e José de Arimatéia,
para um jazigo de propriedade deste último, que era devotadíssimo ao Mestre, e
que, assim, evitavam que os sacerdotes incentivassem os fanáticos a depredarem
o túmulo do Messias, a quem não queriam reconhecer como Líder Espiritual.
(1) Movimentos (principalmente das mãos)
para exprimir idéias; gestos, trejeitos.
Fonte: A
Gênese – O Livro dos Médiuns – Bíblia Sagrada – Mensagens do Astral – Revista
Espírita