domingo, 10 de novembro de 2013

AGENERES - APARIÇÕES - TRANSFIGURAÇÕES

·                              De  tarde,  os  dois  anjos chegaram  a  Sodoma.    Ló  estava sentado  à  porta  da cidade.  Ao vê-los,  Ló  se  levantou,  saiu-lhes   ao encontro, prostrou-se  com  o  rosto em terra e disse:  "Meus  Senhores, rogo-vos  que  venhais  à   casa  de vosso servo para lavardes os pés e pernoitardes.     Amanhã  cedo,   ao despertar,          seguireis       vosso caminho".    Mas eles responderam: "Não, nós vamos passar a noite na praça. " Ló  insistiu muito com eles, de  modo  que  foram  com ele para casa, onde lhes preparou um jantar e  alguns  pães,  e  eles  comeram.  
Gn 19:1 / 19:29 –       Destruição de Sodoma e Gomorra.

·               Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, dois dos discípulos iam para um povoado chamado Emaus, a uns dez quilômetros de Jerusalém. Conversavam sobre todas as coisas que tinha acontecido.  Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles. Os seus olhos, porém, estavam como vendados, incapazes de reconhecê-lo. Então Jesus perguntou: "o que andais conversando pelo caminho?"  - Lc. 24:13 / 24:35 – Os discípulos de Emaus.

·               Agêneres é o estado de certos Espíritos que podem revestir momentaneamente as formas de uma pessoa viva, a ponto de causar completa ilusão. – Do grego a privativo, e géine, geinomal geral; que não foi gerado.
Um Espírito superior, perguntado  sobre esse ponto, respondeu que, com efeito, podem-se encontrar seres dessa natureza sem disso duvidar; acrescentou que é raro, mas que isso se vê. Como para se entender é preciso um nome para cada coisa, a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas chama-os de agêneres para indicar que sua origem não é o produto de uma geração. O fato seguinte, que se passou em Paris, parece pertencer a essa categoria.
Uma pobre mulher estava na Igreja de Saint-Roch, e pedia a Deus vir em ajuda de sua aflição. Em sua saída da igreja, na Rua Saint-Honoré, ela encontrou um senhor que a abordou dizendo-lhe: "Minha brava mulher, estaríeis contente por encontrar trabalho? – Ah! Meu bom senhor, disse ela, pedia a Deus que me fosse achá-lo, porque sou bem infeliz. – Pois bem! Ide a tal rua, em tal número; chamareis a senhora T...; ela vo-lo dará". Ali continuou seu caminho. A pobre mulher se encontrou, sem tardar, no endereço indicado – Tenho, com efeito, trabalho a fazer, disse a dama em questão, mas como ainda não chamei ninguém, como ocorre que vem me procurar? A pobre mulher, percebendo um retrato pendurado na parede, disse: - Senhora foi esse senhor ali, que me enviou. – Esse senhor! Repetiu a dama espantada, mas isso não é possível; é o retrato de meu filho, que morreu há três anos. – Não sei como isso ocorre, mas vos asseguro que foi esse senhor, que acabo de encontrar saindo da igreja onde fui pedir a Deus para me assistir; ele me abordou, e foi muito bem ele quem me enviou aqui.

·               O perispírito é invisível para nós em seu estado normal; porém, como é formado de matéria etérea, o Espírito pode, em certos casos, lhe fazer receber, por um ato de sua vontade, uma modificação molecular que o torna momentaneamente visível. É assim que se produzem as aparições, as quais, como também outros fenômenos, não estão fora das leis da natureza. Este fenômeno não é mais extraordinário que o do vapor, o qual é invisível quando é muito rarefeito, e torna-se visível quando é condensado.
Segundo o grau de condensação do fluido perispiritual, a aparição é algumas vezes vaga e vaporosa; outras vezes é mais nitidamente definida; de outras, enfim, tem todas as aparências da matéria tangível; pode mesmo chegar a tangibilidade real, ao ponto em que se pode duvidar da natureza do ser que temos diante de nós.
As aparições vaporosas são freqüentes, e sucede muitas vezes que indivíduos assim se apresentam às pessoas a quem tem afeição. As aparições tangíveis são mais raras, embora haja delas numerosos exemplos, perfeitamente autênticos. Se o Espírito deseja fazer-se conhecido, dará a seu envoltório todos os sinais exteriores que tinha quando viva.
Deve-se notar que as aparições tangíveis não têm senão as aparências da matéria carnal, porém, não as suas qualidades; em razão de sua natureza fluídica, não podem ter a mesma coesão, porque, na realidade, não se trata de carne.  Elas se formam instantaneamente, e do mesmo modo desaparecem, ou se evaporam pela desagregação das moléculas fluídicas. Os seres que se apresentam nestas condições não nascem nem morrem como os outros homens; são vistos, e depois não são vistos mais, sem saber de onde vieram, como vieram, nem aonde vão; não se poderia matá-los, nem os acorrentar, nem os prender, pois que não possuem o corpo carnal. Os golpes que lhes fossem infligidos o seriam no vácuo.
Tal é o caráter dos agêneres, com os quais podemos tratar, sem duvidar do que sejam, mas que jamais demoram por muito tempo, e não podem tornar-se comensais habituais de uma casa, nem figurar entre os membros de uma família.
Aliás, há em toda sua pessoa, em seus ademanes, (1) algo de estranho e de insólito que se relaciona com a materialidade e com a espiritualidade: seu olhar, vaporoso e penetrante ao mesmo tempo, não tem a nitidez do olhar dos olhos da carne; sua linguagem breve e quase sempre sentenciosa, nada tem do brilho e da volubilidade da linguagem humana; sua aproximação faz experimentar uma sensação particular indefinível de surpresa, que inspira uma espécie de medo, e embora os tomemos por indivíduos iguais aos demais do mundo, involuntariamente se diz: Eis um ser singular.

·               O desaparecimento do corpo de Jesus de, pois de sua morte foi objeto de inúmeros comentários. É atestado pelos quatro Evangelistas, baseados nos relatos das mulheres que se dirigiram ao sepulcro no terceiro dia e ali não o encontraram. Uns viram neste desaparecimento um fato milagroso, outros supuseram um rapto clandestino.
Segundo uma outra opinião, Jesus não teria tido jamais um corpo carnal, mas somente um corpo fluídico; não teria sido em toda a sua vida senão uma aparição tangível, numa palavra, uma espécie de agêneres. Seu nascimento, sua morte e todos os atos materiais de sua vida não teriam sido senão aparentes. Foi por isso – dizem – que seu corpo, voltando ao estado fluídico, desapareceu do sepulcro, e foi com aquele mesmo corpo que ele teria aparecido após sua morte.
Sem dúvida, semelhante fato não é radicalmente impossível, de acordo com o que se sabe hoje sobre as propriedades dos fluidos; porém, seria pelo menos totalmente excepcional e em oposição formal com o caráter dos agêneres. A questão é, pois, saber se uma tal hipótese é admissível, se é confirmada ou contestada pelos fatos.

A permanência de Jesus na Terra apresenta dois períodos: o que precedeu e o que se seguiu à sua morte. No primeiro, desde o momento da concepção até o do nascimento, tudo se passa, com sua mãe, como nas condições comuns da vida. Desde seu nascimento até sua morte, tudo em seus atos, em sua linguagem e nas diversas circunstâncias de sua vida, apresenta características inequívocas da corporeidade. Os fenômenos de ordem psíquica que se produzem nele são acidentais e nada têm de anormal, pois podem ser explicados pelas propriedades do perispírito e são encontrados em diferentes graus em outros indivíduos.

O simples fato de se cavoucar uma parte do solo e não se encontrarem nele fios telegráficos, não prova a existência do telegrafo sem fio. O Mestre não teceu melodramas em torno da sua desencarnação, porquanto era sumamente inteligente e honesto para lançar qualquer conceituação duvidosa pra o futuro. Sabia que a sua obra era de caráter definitivo e que seria profundamente discutida no tempo de sua maior propagação, como acontece atualmente. Por esse motivo, sempre evitou tratar de assuntos dúbios ou infantilizados. Não é sua a culpa de os homens o haverem cercado de tantas lendas e milagres que lhe obscurecem a realidade tão simples: um anjo num corpo de homem! Encerrada a sua tarefa sacrificial e comprovada a sua atitude Cristico, que seria o cunho indiscutível de sua personalidade, para a posteridade, Jesus imitou o artista que, após terminar a execução primorosa da sua obra, guarda tranquilamente o seu instrumento na caixa. Assim, terminada a sua missão terrena, Jesus guardou o seu corpo no túmulo. Mozart, Bach, Mayden, não mais existem como figuras físicas recortando o cenário terráqueo; no entanto, suas melodias admiráveis ainda animam os tristes e emocionam os seus devotos! Que importam os corpos desses gênios da música, quando duas composições estão vivas na alma dos seres? Que importa, também, o acontecido com o corpo de Jesus, quando a sua Divina Melodia Evangélica perpassa continuamente pelo vosso mundo e arranca almas atribuladas dos abismos das trevas; transforma muitos Herodes em Vicentes de Paula, homens em anjos e Saulos em Paulos! Assim como diante da melodia encantadora é prosaico perturbar o ambiente, discutindo-se sobre a qualidade da madeira do violino que está em mãos do concertista, também ante a Mensagem de Amor, do Evangelho, e do sacrifício de Jesus, é importuno preocuparmo-nos com a natureza do seu corpo.
Já que quereis saber a verdade, dir-vos-emos que o corpo de Jesus foi transferido, altas horas da noite, por Pedro e José de Arimatéia, para um jazigo de propriedade deste último, que era devotadíssimo ao Mestre, e que, assim, evitavam que os sacerdotes incentivassem os fanáticos a depredarem o túmulo do Messias, a quem não queriam reconhecer como Líder Espiritual.

(1) Movimentos (principalmente das mãos) para exprimir idéias; gestos, trejeitos.


Fonte: A Gênese – O Livro dos Médiuns – Bíblia Sagrada – Mensagens do Astral – Revista Espírita


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