domingo, 8 de dezembro de 2013

AS ORIGENS DO ESPIRITISMO



Queria questionar a equipa do blog se concorda com a afirmação que o espiritismo tem três fontes: a moral cristã, as filosofias orientais (budismo) e as filosofias da antiguidade (Platão, Aristóteles e a filosofia dos antigos gauleses).
Por exemplo, também se considera que o marxismo tem três fontes: a economia política inglesa, a filosofia clássica alemã e o socialismo francês.


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 Olá amigo,

Se o Espiritismo tivesse sido uma criação humana, talvez fosse pertinente apontar essas fontes. Mas o Espiritismo veio dos Espíritos - Espiritismo ou Doutrina dos Espíritos, são sinónimos. Então, talvez seja mais correcto dizer-se que no Espiritismo encontramos elementos das tradições que refere, e outras mais. Mais uma questão de palavras, portanto.

Allan Kardec, nas suas obras, compilou os ensinamentos dos Espíritos, sistematizou-os, comentou-os e divulgou-os. Relativamente a Sócrates e a Platão, ele aponta-os como percursores da ideia espírita e da moral cristã. 

Jesus de Nazaré foi apontado pelos Espíritos como modelo de perfeição a que podemos aspirar, e Kardec comentou o Evangelho de Jesus à luz dos ensinamentos dos Espíritos, na obra O Evangelho Segundo o Espiritismo, que muitas pessoas mal informadas pensam tratar-se do "Evangelho Espírita".

Quanto ao Budismo, é uma das religiões e filosofias que propõem uma explicação da realidade baseado na imortalidade da alma, nas boas obras, na reencarnação, e em outros princípios que encontramos em quase todas as religiões, épocas e lugares.

O Judaísmo, a primeira religião monoteísta, que está na base do Cristianismo-filosofia e do Cristianismo enquanto instituição religiosa, era e é reencarnacionista. Jesus de Nazaré professou a religião judaica, nasceu e viveu como judeu. E temos todos os motivos para crer que ele era reencarnacionista, não só porque era um judeu cumpridor da sua religião, como pelos seus ensinamentos. Os Primeiros Cristãos eram reencarnacionistas, até que o Cristianismo se tornou religião formal, hierarquizada, e aboliu institucionalmente a reencarnação.

Nos nossos dias, nas religiões cristãs, a reencarnação continua banida dos dogmas, pelo que, pessoas menos esclarecidas costumam apontar ao Espiritismo uma hipotética inspiração budista. Na verdade, o Espiritismo, mantendo as suas características próprias, sendo uma ideia, uma crença e uma opinião como qualquer outra, considera que todas as religiões e filosofias espiritualistas contêm fragmentos importantes da Verdade, que tomaram certa feição consoante o tempo, o lugar, a cultura e as figuras intervenientes na respectiva origem. É natural, por isso, que haja pontos em comum entre o Espiritismo e as mais diversas tradições religiosas e filosofias espiritualistas.

Assim sendo, as fontes que cita têm todas o seu valor, e fazem parte do património histórico e espiritual dos respectivos povos. O erro de algumas pessoas, a nosso ver, é traçarem linhas divisórias entre religiões «certas» e religiões «erradas». Há muito quem, nomeadamente no sector cristão, condene todas as religiões não cristãs como «erros», «enganos», sacrilégios», e mesmo «obra de Demo»... Tal visão, quanto a nós, é falha de caridade e humildade.

O Espiritismo é universalista, não é salvacionista. A nossa divisa é "Fora da caridade não há salvação", e não "Fora do Espiritismo não há salvação". Na nossa óptica, agrada a Deus quem trata os outros como gosta de ser tratado, e não quem frequenta esta ou aquela religião. O passaporte para um futuro melhor é amar a Deus e ao próximo, como a nós mesmos. Foi Jesus quem o disse, quando o consultaram acerca de qual seria o mais importante dos Dez Mandamentos da lei de Moisés.

Não temos, então, motivo para nos regozijarmos por sermos espíritas, como ninguém deve ter motivo de regozijo apenas por pertencer a esta ou àquela religião ou filosofia, considerando-se a si «salvo» e aos outros «perdidos». Mais importante do que ser-se espírita, católico, protestante, judeu, budista, confucionista, taoísta, umbandista, etc., é ser-se sincero na fé que nossa consciência nos dita, ser-se caridoso, amar-se o próximo, produzir-se boas obras, ter-se sincero desejo de errar cada vez menos. 

Ou, como Jesus resumiu admiravelmente:

Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.

Mateus 7:21


Esperamos ter sido de alguma utilidade. Se a resposta não for clara ou escorreita, a culpa é nossa e não da Doutrina Espírita.

Receba o nosso abraço amigo,

André Afonso

Fonte: Blog de Espiritismo 

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