terça-feira, 24 de abril de 2012

TRIPLICE ASPECTO DA DOUTRINA ESPIRITA

                                    ESTUDO SISTEMATIZADO DA DOUTRINA ESPÍRITA
                                            Módulo I – Introdução ao Estudo do Espiritismo
                                                    Tríplice Aspecto da Doutrina Espírita

1 – O Tríplice aspecto da Doutrina Espírita

 O tríplice aspecto da Doutrina Espírita ressalta da própria conceituação que lhe dá Allan Kardec, conforme citação feita : “O Espiritismo é ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência pratica, ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os Espíritos; como filosofia, ele compreende todas as consequências morais que dimanam dessas mesmas relações.

 O espiritismo se apresenta sob três aspectos diferentes: o das manifestações, o dos princípios e da filosofia que delas decorrem e o da aplicação desses princípios. Daí, três classes, ou antes, três graus de adeptos: 1º. Os que creem nas manifestações e se limitam a comprová-las; para esses, o Espiritismo é uma ciência experimental; 2º. Os que lhe percebem as consequências morais; 3º. Os que praticam ou se esforçam por praticar essa moral. Qualquer que seja o ponto de vista, cientifico ou moral, sob que considerem esses estranhos fenômenos, todos compreendem constituírem eles uma ordem, inteiramente nova, de ideias que surge e da qual não pode deixar de resultar uma profunda modificação no estado da humanidade e compreendem igualmente essa modificação não pode deixar de operar-se no sentido do bem.

 Assim, consoante as palavras de Kardec, podemos identificar o tríplice aspecto do Espiritismo:
a. Científico – concernente às manifestações dos Espíritos
b. Filosófico – respeitante aos princípios, inclusive morais em que se assentam a sua doutrina.
c. Religioso – Relativo à aplicação desses princípios.

2 – O Aspecto Científico

 Nenhuma ciência existe que haja saído prontinha do cérebro de um homem. Todas, sem exceção de nenhuma, são fruto de observações sucessivas, apoiadas em observações precedentes, como em um ponto conhecido, para chegar ao desconhecido. Foi assim que os Espíritos procederam, com relação ao Espiritismo. Daí o ser gradativo o ensino que ministram.

 Os fatos ou fenômenos espíritas, isto é, produzidos por Espíritos desencarnados, são a substância mesma da ciência espírita, cujo objeto é o estudo e conhecimento desses fenômenos, para a fixação das leis que os regem. Eles constituem o meio de comunicação entre o nosso mundo físico e o mundo espiritual, de características diferentes, mas que não impedem o intercambio que sempre houve, entre os vivos e os mortos, segundo a terminologia usual.

 O caráter cientifico deflui ainda das seguintes conclusões de Allan Kardec :
“O Espiritismo, pois, não estabelece como princípio absoluto senão o que se acha evidentemente demonstrado, ou o que ressalta logicamente da observação. Entendendo com todos os ramos da economia social, aos quais dá o apoio das suas próprias descobertas, assimilará sempre todas as doutrinas progressivas, de qualquer ordem que sejam, desde que hajam assumido o estado de verdades práticas e abandonado o domínio da utopia, sem o que ele se suicidaria. Deixando de ser o que é, mentiria à sua origem e ao seu fim providencial. Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará.”

        Gabriel Delanne, em sua obra O Fenômeno Espírita também salienta o papel cientifico do Espiritismo, quando diz:
 “O Espiritismo é uma ciência cujo fim é a demonstração experimental da existência da alma e sua imortalidade, por meio de comunicações com aqueles aos quais impropriamente têm sido chamados mortos. Sendo assim, a Ciência Espírita se classifica entre as ciências positivas ou experimentais e se utiliza do método analítico ou indutivo, porque observa e examina os fenômenos mediúnicos, faz experiências, comprova-os.”

3 – O aspecto Filosófico

 O aspecto filosófico do espiritismo vem destacado na folha de rosto de O Livro dos Espíritos, primeira obra do Espiritismo, quando Allan Kardec classifica a nova doutrina de Filosofia Espiritualista.

 Na conclusão da mesma obra, Kardec enfatiza:
 “Falsíssima ideia formaria do Espiritismo quem julgasse que a sua força lhe vem da pratica das manifestações materiais e que, portanto, obstando-se a tais manifestações, se lhe terá minado a base. Sua força está na sua filosofia, no apelo que dirige à razão, ao bom senso.
 De fato, o Espiritismo é uma doutrina essencialmente filosófica, embora seus princípios sejam comprovados experimentalmente, o que lhe confere também o caráter cientifico. Quando o Homem pergunta, interroga, cogita, quer saber o “como” e o “porque” das coisas, dos fatos, dos acontecimentos, nasce a FILOSOFIA, que mostra o que são as coisas e porque são as coisas o que são.”

 Em verdade o homem quer justificar-se a si mesmo e ao mundo em que vive, ao qual reage e do qual recebe contínuos impactos, procura  compreender como as coisas e os fatos se ordenam, em suma, deseja conhecer sempre mais e mais.

 O Caráter filosófico do Espiritismo está, portanto, no estudo que faz do homem, sobretudo Espírito, de seus problemas, de sua origem e de sua destinação. Esse estudo leva ao conhecimento do mecanismo das relações dos Homens que vivem na Terra com aqueles que já se despediram dela, temporariamente, pela morte, estabelecendo as bases desse permanente relacionamento, e demonstra a existência, inquestionável, de algo que tudo cria, tudo comanda, inteligentemente – DEUS.

 Definindo as responsabilidades do Espírito – quando encarnado (alma) e também do desencarnado, o Espiritismo é Filosofia, uma regra moral de vida e comportamento para os seres da Criação, dotados de sentimento, razão e consciência.

4 – O aspecto religioso

 O Espiritismo é uma Doutrina Filosófica de efeitos religiosos, como qualquer filosofia espiritualista, pelo que forçosamente vai ter às bases fundamentais de todas as religiões: Deus, a alma e a vida futura. Mas, não é uma religião constituída, visto que não tem culto, nem rito, nem templos e que, entre seus adeptos, nenhum tomou, nem recebeu titulo de sacerdote ou de sumo sacerdote.

 No discurso de abertura da Sessão Anual Comemorativa dos Mortos, na Sociedade de Paris, publicado na Revista Espirita de dezembro de 1968, Allan Kardec, respondendo à pergunta  “O Espiritismo é uma religião?”, afirma, a certa altura:
 “O laço estabelecido por uma religião, qualquer que lhe seja o objeto, é, pois, um laço essencialmente moral, que religa os corações, que identifica os pensamentos, as aspirações, e não é somente o fato de compromissos materiais, que se quebram à vontade, ou do cumprimento de fórmulas que falam aos olhos mais do que ao espírito. O efeito desse laço moral é de estabelecer entre aqueles que une, como consequência da comunhão de objetivos e de sentimentos, a fraternidade e a solidariedade, a indulgência e a benevolência mútuas. É nesse sentido que se diz também: a religião da amizade, a religião da família.
Se assim é, dir-se-á, o Espiritismo é, pois, uma religião? Pois bem, sim! sem dúvida, Senhores; no sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e disto nos glorificamos, porque é a doutrina que fundamenta os laços da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre as bases mais sólidas: as próprias leis da Natureza.
Por que, pois, declaramos que o Espiritismo não é uma religião? Pela razão de que não há senão uma palavra para expressar duas ideias diferentes, e que, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da de culto; que ela desperta exclusivamente uma ideia de forma, e que o Espiritismo não a tem. Se o Espiritismo se dissesse religião, o público não veria nele senão uma nova edição, uma variante, querendo-se, dos princípios absolutos em matéria de fé; uma casta sacerdotal com um cortejo de hierarquias, de cerimônias e de privilégios; não o separaria das ideias de misticismo, e dos abusos contra os quais a opinião frequentemente é levantada. O Espiritismo, não tendo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual da palavra, não se poderia, nem deveria se ornar de um título sobre o valor do qual, inevitavelmente, seria desprezado; eis porque ele se diz simplesmente: doutrina filosófica e moral.”
 Em suma, concluímos com Emmanuel:
 “Podemos tomar o Espiritismo, simbolizado como um triangulo de forças espirituais. A Ciência e a Filosofia vinculam à Terra essa figura simbólica, porem, a Religião é o ângulo divino que a liga ao céu. No seu aspecto cientifico e filosófico, a doutrina será sempre um campo nobre de investigações humanas, como outros movimentos coletivos, de natureza intelectual que visam ao aperfeiçoamento da humanidade. No aspecto religioso todavia, repousa a sua grandeza divina, por constituir a restauração do Evangelho de Jesus Cristo, estabelecendo a renovação definitiva do homem, para a grandeza do seu imenso futuro espiritual.”

Obs. Compartilhado do http://www.blogespirita.com/

Nenhum comentário: